segunda-feira, 20 de junho de 2011

NÃO JULGAR

Mt 7,1-5

Quanto menos atenção o homem presta aos seus próprios pecados, tanto mais curioso ele se torna em relação aos alheios. Não podendo desculpar-se a si mesmo, trata de salvar a pele acusando os outros
 (Santo Agostinho: Serm. 19,2)

O texto do evangelho de hoje pertence ao Sermão da Montanha (Mt 5-7). O Sermão está na sua conclusão (Mt 7). Nesta primeira parte da conclusão do Sermão da Montanha Jesus nos alerta para não julgarmos os outros.

O verbo julgar (em grego, krinein) se utiliza aqui em sentido jurídico e equivale a emitir um juízo condenatório sobre uma pessoa, baseando-se nos defeitos que tem. Quem emite este tipo de juízo rompe a relação com a pessoa ajuizada.

E Deus não quer isto. Por isso, Jesus coloca um critério que deve ser usado na comunidade cristã. Quando um cristão perceber algum defeito no outro, ele precisa fixar olhar para os próprios defeitos porque talvez sejam maiores do que os defeitos do outro. A analise crítica da própria realidade ajuda o cristão a compreender as fraquezas dos outros em vez de emitir um juízo.  Com a consciência da própria fragilidade, o cristão será movido a compreender e curar a fragilidade do outro. Se não fizer isto é porque este tipo de cristão é hipócrita, isto é, aquele que se acha santo ou perfeito, mas pela emissão do julgamento sobre os outros revela que é um grande pecador. A ignorância mais refinada é a ignorância da própria ignorância, dizia Santo Agostinho (Confissões, 5,7).  Quanto mais curioso torna-se o homem por conhecer a vida alheia, tanto mais relaxado se torna para consertar a sua própria”, acrescentou Santo Agostinho (Confissões, 10,3).

De qualquer modo, a rigidez e a hipocrisia em julgar são defeitos que podem ser evitadas se um cristão souber fazer a crítica sobre si mesmo. Olhar para a própria consciência e para o próprio modo de viver é algo indispensável para um cristão conviver fraternalmente com os demais. Olhar para a própria casa é a primeira coisa que deve ser feita. Quem fica olhando para a vida alheia é porque não está cuidando da própria vida. A consciência dos próprios limites e debilidades é a medida para uma crítica evangélica. Um verdadeiro cristão jamais adota uma atitude de orgulho, de menosprezo e de superioridade diante dos demais que o leva a uma postura farisaica de condenação e de recriminação dos defeitos dos outros. Precisamos estar conscientes de que o juízo pertence a Deus e não a nós, pobres pecadores.

Resumindo! Há três razões pelas quais não devemos julgar os outros. Primeiramente, o julgamento pertence a Deus e não a nós, pobres pecadores, porque Deus conhece profundamente o coração de cada ser humano. Constituir-se em juiz dos outros é uma ousadia irresponsável. É uma ousadia de se colocar no lugar de Deus, de se considerar como Deus, de roubar o lugar. Ao julgar, você esta querendo dizer: “Eu sou Deus e você é pecador”.

Em segundo lugar, a medida que usarmos com os outros será usada por Deus contra nós no julgamento final, pois a vida tem seu fim.

Em terceiro lugar, todos nós somos imperfeitos. Não somos seres humanos; estamos seres humanos. Julgar provém da nossa própria cegueira que nos impede de ver os nossos próprios defeitos. Ao julgarmos os outros estamos querendo dizer que somos melhores do que os outros. Mas na verdade, ao fazer isto, estamos revelando aos outros que somos piores do que imaginamos. O Senhor nos ordena para nos amarmos mutuamente (Jo 13,34-35; 15,12) e não nos autoriza para julgarmos os outros (Mt 7,1-5).

Rio de Janeiro, 20 de junho de 2011
Vitus Gustama, SVD


·        É melhor manter a boca fechada e ser considerado um tolo, do que abri-la e provar sê-lo” (Jo Petty).

·        O reconhecimento da própria ignorância é a primeira prova de inteligência (Santo Agostinho: Serm. 301,4,3).

·        “Aceita tua imperfeição. É o primeiro passo para alcançares tua perfeição ( Santo Agostinho: Serm. 142,10).

·        Dignidade é a capacidade de frear a língua sobre o que nunca deveria ter passado pela cabeça” (Jo Petty).

·        Aquele que faz fofocas para você, fofocará a seu respeito(Jo Petty).

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