quinta-feira, 9 de junho de 2011

OS CRISTÃOS SÃO CHAMADOS À UNIDADE

Jo 17, 20-26

Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste... Eu lhes fiz conhecer o teu nome, e o farei conhecer ainda, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles” (Jo 17,21.26).

O texto do evangelho deste dia é a última parte do discurso de Jesus Cristo depois da Última Ceia (discurso da despedida). O Senhor volta a enfatizar a importância da unidade. Enquanto o mundo incita o homem para a autonomia, Cristo vem dar testemunho de uma vida vivida na dependência e na abertura diante de Deus.

O evangelista põe como o fundamento da unidade entre os cristãos a unidade que existe entre o Pai e o Filho. A unidade entre Jesus e seu Pai é o protótipo mais profundo e misterioso da unidade. Por esta razão, a unidade dos cristãos entre si é o sinal vivo da unidade de Cristo com seu Pai. A unidade é a expressão e a prova mais evidente do amor. Quem estiver unido com Cristo que está unido ao Pai, jamais será causador da desunião e divisão entre os cristãos ou entre as pessoas; ele buscará sempre a reconciliação. A comunhão com Cristo é impossível sem a vivência do amor fraterno. Assim como o amor fraterno cria unidade, assim também a comunhão com Jesus deve criar a comunhão entre os cristãos.

Por isso, para um cristão a participação no Pão Eucarístico significa participar na única vida divina que o leva a criar a comunhão com os demais e a viver sempre na reconciliação. Por isso, podemos nos aproximar de Deus pela experiência humana do amor e da unidade. O verdadeiro amor supõe a participação e a comunhão. O egoísmo é o isolamento da comunhão e da participação. Quem ama se converte em pessoa amada, e reciprocamente. O amor é o caminho que pode levar a Deus, porque é a experiência que preserva totalmente a alteridade do outro e respeita de modo total Deus em sua transcendência.

A união e a unidade entre os seguidores de Cristo é uma tarefa inacabada, uma assinatura sempre pendente, tanto dentro da Igreja, dentro da comunidade como fora dela, em suas relações com os demais homens. Na Eucaristia invocamos duas vezes ao Espírito Santo para que tenha a unidade entre os cristãos. A primeira, sobre os dons do pão e do vinho para que ele os converta para nós no Corpo e no Sangue de Cristo. A segunda invocação é sobre a comunidade. O que se pede na segunda invocação é que todos os participantes formem um corpo e um espírito. Por isso, reza-se desta maneira, por exemplo: “Nós vos suplicamos que, participando do Corpo e do Sangue de Cristo, sejamos reunidos pelo Espírito Santo num corpo” (II Oração Eucarística). O fruto da Eucaristia é e deve ser a unidade. Sem este fruto, talvez participemos da eucaristia somente de modo automático. Devemos sair de cada celebração eucarística mais unidos como o próprio Senhor o quer: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti”.

Reflitamos o que dizia Santo Agostinho:

- Quem abandona a unidade faz-se desertor da caridade. E se deserta da caridade, mesmo que possua tudo o mais, se reduz a nada. Em vão se possuem todas as coisas quando o único que interessa não se possui (Serm. 88,18,21).

- A soberba gera divisão. A caridade, a comunhão (Serm. 46,18).

- Todo homem é próximo do homem. E não se deve pensar em diferenças onde a natureza é comum (In ps. 118,8,2).

-Quanto menos vale um homem tanto mais ele busca fazer-se valer diante dos demais e de si mesmo (Epist. 22,3,7).


Rio de Janeiro, 09 de junho de 2011
Vitus Gustama, SVD

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