quinta-feira, 7 de julho de 2011

SER CRISTÃO DESPOJADO, SIMPLES E DESARMADO

07 de julho de 2011
Texto de leitura: Mt 10,7-15

Continuamos ainda no discurso de Jesus sobre a missão (Mt 9,36-11,1).  Na passagem do evangelho de hoje Jesus dá algumas instruções para seus discípulos na tarefa de proclamar a Boa Nova.

Primeiramente, Jesus disse aos discípulos: “Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos céus está próximo’”. Jesus coloca em primeiro lugar o anúncio da Boa Nova. Onde quer que ande um seguidor de Jesus deve falar somente coisas boas. O evangelizador é aquele que sempre leva adiante o que é bom e o que é certo e o que edifica. Um seguidor não pode perder tempo em falar ou em discutir coisas que não edificam a humanidade. A vida vivida apenas para satisfazer você mesmo nunca satisfaz ninguém. Nãomelhor exercício para fortalecer o coração do que estender o braço para baixo e erguer pessoas. O propósito verdadeiro de nossa existência é fazer uma vida válida, bem feita e útil. Pregar e praticar o bem! Esta é a tarefa principal de qualquer cristão. Tudo o mais virá depois: “Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas outras coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6,33).

Proclamai que o reino de Deus está próximo”. Muitas vezes se busca Deus demasiadamente longe. De fato ele está próximo de nós. O Deus que Jesus revela é um Deus próximo, um Deus amoroso. Por isso, jamais eu estou sozinho, inclusive quando me sinto abandonado ou solitário. Para poder proclamar aos demais sobre a bondade, a proximidade da presença de Deus, o cristão-missionário há que ter feito a experiência do Deus próximo em si mesmo pessoalmente.

 Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios”.  Jesus tinha feito tudo isso: Ele curou os enfermos (Mt 8,5-15); purificou os leprosos (Mt 8,2-4); ressuscitou os mortos (Mt 9,23-25); expulsou os demônios (Mt 8,28-34). O cristão-missionário é aquele que distribui benefícios, aquele que faz o irmão crescer e viver a vida dignamente, aquele que leva a paz. A partir disso, é bom cada um se perguntar: “Qual será minha maneira de ajudar, de servir, de distribuis benefícios para os outros irmãos?”.

Jesus pede aos discípulos para que vivam despojados: não levar nem ouro, nem prata, nem sandálias, nem bastão. Estas exigências parecem estar tomadas das normas estabelecidas para participar do culto a Deus no templo: “que ninguém entre no templo com bastão, sapatos nem com a bolsa de dinheiro”. Partindo desta norma judaica se diria simplesmente que os discípulos, na realização de sua tarefa evangelizadora devem fazer a mesma coisa diante de Deus e devem viver como estando na presença de Deus, sabendo que o êxito da missão depende de Deus. Diríamos que os discípulos devem partir desarmados e despojados para enfatizar que a obra é de Deus e não de um ser humano. Este estilo é chamado de “pobreza evangélicaque não se apóia nos meios materiais e sim na ajuda de Deus e na força de Sua palavra. Nós devemos confiar mais na força de Deus do que em nossas qualidades ou meios técnicos. O homem que se deixa conquistar pelo despojamento, deixa de estar alienado ou agarrado a qualquer coisa. O despojamento se torna um encontro libertador consigo próprio. ”Não andes averiguando quanto tens, mas o que tu és”, dizia Santo Agostinho (Serm. 23,3).

Recebestes de graça, de graça dai!”. Além de ter uma vida despojada, o cristão deve ser generoso e viver na gratuidade. O cristão-missionário deve atuar com desinteresse econômico, não buscando seu próprio proveito. Todos sabem que quanto mais se tem, mais se quer. A felicidade ficará cada vez mais distante quando o ser humano começar a criar mais necessidades. Aquele que sabe reduzir ao mínimo suas necessidades encontra uma alegria e uma liberdade maior. Possuído ou dominado pelas coisas o homem perde sua liberdade. Onde o amor serve e não a necessidade, a escravidão se torna liberdade (Santo Agostinho. In ps. 99,8).

“Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa. Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for, vosso voto de paz retornará a vós”.  O cristão deve propor a Boa Nova e não se pode impor: os homens ficam livres. A tarefa do cristão-missionário é oferecer a paz e a alegria. Dar alento. O cristão deve saber que o trabalho não é forçar de qualquer maneira, nem Jesus fez isso. A tarefa do cristão-missionário é formular a proposta clara e convincente e logo deixa para a liberdade do homem.

A missão está marcada pela constante ameaça dos anti-valores da sociedade e pela oposição dos filhos das trevas. Estes são verdadeiros lobos que sacrificam seus irmãos para obter benefícios pessoais. Os evangelizadores não podem ser ingênuos diante deles. Os cristãos devem manter sua simplicidade, mas acompanhada pela prudência para agir sabiamente e eficazmente: “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas”.

Em resumo: o cristão deve ser despojado, simples, pacífico, prudente e desarmado. com estas qualidades ele convence qualquer um para ser parceiro do bem e para ser novo evangelizador.                          

Rio de Janeiro, 07 de julho de 2011
Vitus Gustama, SVD

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