segunda-feira, 18 de julho de 2011

SUBIR MAIS PARA VER MELHOR

Mt 12,38-42

“Mestre, queremos um sinal realizado por Ti”.  Este foi o pedido dos fariseus e alguns escribas para Jesus abertamente. E pela primeira vez eles chamam Jesus de “Mestre”. Até agora eles O qualificaram como “blasfemo” (Mt 9,3) ou “aliado do demônio” (Mt 9,34;12,24) ou como “vosso Mestre” (não “nosso Mestre”) quando se dirigiram aos discípulos de Jesus. Eles chamam Jesus de “Mestre” sem muita boa vontade, pois eles não querem considerar Jesus como “mestre”. Já que Jesus está sem autoridade de “mestre” no pensamento deles, querem que Jesus realize algum sinal para comprovar que Jesus é realmente um “mestre”. Por outro lado, eles ignoram todas as obras boas, inclusive os milagres operados por Jesus que eles mesmos presenciam. O evangelho de João registra as seguintes palavras de Jesus: “As obras que meu Pai me deu para executar - essas mesmas obras que faço - testemunham a meu respeito que o Pai me enviou. E o Pai que me enviou, ele mesmo deu testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz nem vistes a sua face e não tendes a sua palavra permanente em vós, pois não credes naquele que ele enviou” (Jo 5,36-38). 

Na sua resposta Jesus lhes disse: “Esta geração má e adúltera pede um sinal, mas não lhe será dado outro sinal do que aquele do profeta Jonas...”. “Geração má” se refere aos inimigos de Jesus (Mt 9,4); se refere também à infidelidade a Deus (“geração adúltera”).e à sua aliança ( cf. Os 2,1ss; 5,3-4; Jr 3,6ss; Ez 23; Sl 73,27). “Malvado” é aquele que concebe no próprio coração as coisas más.

Sempre estamos tentados de fazer para Deus esta pergunta: “Senhor, queremos um sinal realizado por Ti”. Por que Deus não escreveu logo seu Nome no céu para o ser humano ler e acreditar nele sem dificuldade? Por que Ele não nos dá uma prova expressa de Sua existência de maneira que nossa dúvida se torne impossível? Assim os ateus, os pagãos e os adeptos de qualquer religião ficariam tranqüilos? Por que Deus não faz, então, este sinal? Simplesmente porque Deus não é o que pensamos. É melhor dizer o que Deus não é do que o que Ele é. Quando nosso cérebro ficar calado, nosso coração começará a sentir ou experimentar a presença de Deus. o coração sente aquilo que o cérebro não consegue entender, pois Deus é sempre maior do que nosso cérebro. Quando faltam as boas disposições no nosso interior, só veremos as escuridões, mesmo que tenha diante de nós a mais clara das Luzes. Quem cai mais na rua não é um cego e sim uma pessoa que enxerga. O cego anda conscientemente. Quem enxerga anda preocupado e cai. Por isso, vem a pergunta: Quem é o cego, o próprio cego ou aquele que enxerga?

A imagem de Deus que temos nem sempre é o próprio Deus. Até acontece muitas vezes que ficamos mais com uma suposta imagem de Deus do que com o próprio Deus. Quando uma imagem (de Jesus ou de Nossa Senhora ou de algum Santo/Santa),  for quebrada ao cair de nossas mãos, não significa que Jesus ou Nossa Senhora ou determinado Santo esteja quebrada mesmo que a imagem esteja benta. Agarramos, muitas vezes, uma suposta imagem de Deus do que o próprio Deus.  Deus é um Deus de amor (1Jo 4,8.16), e estamos sempre tentados a atribui-lhe outro papel. Onde há amor fraterno, Deus está ai. É o sinal de sua presença. Quando alguém se preocupa com o bem de todos, respeita a vida e os direitos dos outros, trata os outros como irmãos, é o sinal da presença do Deus de amor. Ele não quer ser servidor dos caprichos dos homens. Ele é diferente e é o Diferente por excelência.

O sinal de Deus é a morte de Jesus na cruz por amor aos homens, a sua ressurreição, pois Deus é a Vida (Jo 14,6). A ressurreição do Senhor me garante que a vida não termina com a morte; que o amor não morre. Morre quem não ama mesmo que esteja vivo neste mundo. O homem morre não quando deixa de viver e sim quando deixa de amar. Seremos julgados sobre o amor, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). O sinal de Deus é a conversão e a salvação dos pagãos e dos incrédulos. É o mistério pascal de Jesus Cristo.

Pedimos “sinais” a Deus.  E ele nos dá; mas não sabemos vê-los nem sabemos interpretá-los. O mundo e a história estão cheios de sinais de Deus. Um dos objetivos da “revisão de vida” é o de aprender uns dos outros a ver e a ler os sinais de Deus nos acontecimentos. Deus trabalha no mundo. Nele é que o mistério pascal continua se realizando. Deus nos dá sinais, mas são sinais discretos. É preciso ter muita serenidade para captar e entender os sinais de Deus na nossa vida e os sinais que estão ao nosso redor.

Jesus não quer que nossa fé se baseie unicamente nas coisas maravilhosas e sim na Sua Palavra: “Se vocês não vissem sinais, não acreditariam” (Jo 4,48). Temos sorte do dom da fé. para crer em Jesus Cristo não necessitamos de milagres novos. Sua ressurreição é suficiente para qualquer cristão. A ressurreição de Jesus é o maior de todos os milagres que nos leva a termos a esperança de que temos um futuro com Deus. A fé não é ciosa de provas exatas, nem se apóia em novas aparições nem em milagres espetaculares ou em revelações pessoais. Jesus já nos felicitou: “Felizes os que crêem sem terem visto” (Jo 20,29). Deus está muito mais no nosso coração do que na nossa cabeça. O coração sente aquilo que os olhos não vêem.

É preciso subirmos mais até Deus para ver melhor tudo que acontece na nossa vida. subiremos mais alto até Deus se tivermos mais amor no coração, como dizia Santo Agostinho: “Quanto mais amas, mais alto sobes”. Quando subimos para o alto de uma montanha, vemos melhor os vales e resto da planície. Estar no alto com o Senhor faz cada um se posicionar bem na vida. Cada dia precisamos subir mais no amor para ver com clareza nossa vida e seus acontecimentos e as pessoas ao nosso redor. É sempre bom ter alguma vitória no amor diariamente, por pequena que ela seja. Suba no amor, mesmo que seja apenas um passo de cada dia! No fim do dia cada um precisa se perguntar: "Qual vitória no amor que consegui hoje?". Deus abençoe cada leitor e leitora dessas reflexões!

Rio de Janeiro, 18 de julho de 2011
Vitus Gustama, SVD

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