segunda-feira, 22 de agosto de 2011

NOSSA SENHORA RAINHA

Segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Lc 1,26-38

Celebramos hoje a festa de Nossa Senhora Rainha. O título “Rainha”, dado a Maria, já começou na Idade Média que podemos encontrar em vários hinos que ainda são usados até hoje como: Salve Rainha (Salve Regina), Rainha do Céu (Regina Coeli Laetare), Ave Rainha dos céus (Ave Regina Coelorum).

O título de Maria como Mãe Rainha não concorre com o título do Cristo Rei, porque não se situa no mesmo plano do ponto de vista bíblico, isto é, o titulo “Rainha” não pode ser entendido no plano de domínio, pois somente Cristo é o Rei do universo (cf. Mt 28,18). Maria recebe o titulo de “Rainha” por causa do atributo de sua maternidade divina. Maria é Rainha porque ela é mãe do Rei dos reis (cf. Is 9,1-6) e não por causa do domínio como Cristo, Rei do Universo. É uma transposição da dignidade materna para o plano de serviço, pois Maria é a discípula de Jesus, aquela que aceita plenamente a vontade de Deus para ser mãe do Salvador (cf. Lc 1,38).

O titulo “Rainha” dado a Maria se tornou oficial a partir do pedido de um movimento internacional chamado “Pela Realeza de Maria” que surgiu em Roma em 1933. Na verdade esse pedido já tinha feito antes em vários congressos marianos: Lião (1900), Friburgo (1902) e Einsiedeln (1906). Esse pedido ficou mais forte ainda quando para Cristo foi dado oficialmente o titulo de Rei em 1925. O movimento internacional “Pela realeza de Maria” recolheu petições do mundo inteiro para que fosse dado o titulo de “Rainha” para a mãe do Senhor, Maria. O Papa Pio XII, em 1954, no centenário da definição do dogma da Imaculada Conceição proclamou o titulo “Rainha” para Maria, Mãe do Senhor na encíclica Ad Coeli Reginam (Para a Rainha do Céu).  Em 1955 o Papa Pio XII introduziu, então, oficialmente a festa da Rainha na liturgia da Igreja.        
        
Os títulos da realeza de Maria são a sua união com Cristo como Mãe e a associação com o seu Filho Rei na redenção do mundo. Pelo primeiro título, Maria é Rainha-Mãe de um Rei que é Deus, o que enaltece Maria sobre todas as criaturas humanas; e pelo segundo título, Maria Rainha é dispensadora dos tesouros e bens do Reino de Deus, em virtude da sua participação na redenção.
        
Na instituição desta festa, o Papa Pio XII convidava os fiéis a aproximarem-se deste “trono de graça e de misericórdia da Nossa Rainha e Mãe para pedir-lhe socorro na adversidade, luz nas trevas e alívio nas dores e penas” (cf. Hb 4,16).
        
Maria vive simplesmente a sua fé e da sua fé e ora naturalmente, sem saber que Deus pôs nela os olhos complacentes para fazê-la Mãe do Rei dos reis, Jesus Cristo. Ela está tão cheia de graça até o anjo não a chama pelo nome, mas chama-a simplesmente “cheia de graça”: “Alegra-te, ó cheia de graça” (Lc 1,28). A graça de Maria está certamente em função daquilo que vem depois no anúncio do anjo: a sua missão de ser Mãe do Messias. Na graça reside a completa explicação de Maria, a sua grandeza e a sua beleza. Maria pode fazer suas, em toda a verdade, as palavras do Apóstolo Paulo: “Pela graça de Deus, sou o que sou” (1Cr 15,10). Maria, por isso, é cheia do favor divino.

Maria é a primeira cristã por causa do seu sim a Deus para que através dela possa nascer para a humanidade Jesus Cristo, nosso Salvador. Não era nenhuma princesa nem nenhuma patroa na sociedade do seu tempo. Era uma mulher simples do povo, uma moça pobre. Mas Deus se compadece dos humildes e dos simples. Para Deus tudo é simples, e para o simples tudo é divino. A simplicidade atrai a bênção de Deus e a simpatia humana. O simples, o humilde é o terreno fértil onde a graça de Deus encontra seu lugar e através do qual Deus fala para o mundo.

De certa forma, podemos dizer que com o sim de Maria à vontade de Deus a Igreja começou. A Virgem Maria, no momento de sua eleição radical e no momento de seu sim a Deus foi início e imagem da Igreja. Quando ela aceitou o anúncio do anjo, da parte de Deus, pode-se dizer que começou a Igreja: a humanidade, nela representada, começou a dizer sim à salvação que Deus lhe ofereceu. Nela e através dela a humanidade foi abençoada. Podemos olhar, por isso, para Maria como modelo de fé e motivo de esperança e de alegria.

Maria é modelo de nossa vocação cristã. Como ela aceitou a Palavra de Deus e acolheu em si o Espírito de Deus e gerou Cristo de sua carne, assim também cada um de nós, seguidores de Cristo há de realizar sua vocação aceitando docilmente a Palavra de Deus, acolhendo em sua vida o Espírito de Deus e continuando no tempo a encarnação de Cristo. Cada um tem a missão de levar Jesus e dá-lo ao mundo, pois o mundo espera pela salvação apesar de sua resistência.

Além disso, aprendemos de Maria a viver ao ritmo de Deus, deixando que Deus disponha livremente de nossa vida, segundo seu projeto de amor: “Faça-se!”. Aprendemos também de Maria a manter uma atitude que nem sempre é fácil: colocar Deus e os outros como centro. Na terra e no céu Maria vive na comunidade e para a comunidade. Ela desempenha seu papel para o bem de todos, porque Cristo reina em cada um dos homens (cf. Mt 25,40.45). Aprendemos também a seguir o exemplo de Maria Imaculada, pois ela está cheia de graça para descobrirmos o mal que corrói o nosso coração e a convivência fraterna. 


P. Vitus Gustama, svd

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