segunda-feira, 12 de setembro de 2011

HOMEM DO BEM É O HOMEM DE DEUS E DO POVO

Segunda-feira, 12 de Setembro de 2011

Texto de Leitura: Lc 7, 1-10

O texto do evangelho deste dia nos contou um centurião/oficial “pagão” que pediu a Jesus, através de alguns anciãos do povo de Deus, que curasse seu empregado enfermo. O centurião era um daqueles “pagãos” que não encontraram mais a satisfação nos ritos politeístas, cuja fome religiosa não se saciava com a sabedoria dos filósofos e que, por conseguinte, simpatizava com o monoteísmo judaico e com a moral que dele derivava. Era temeroso de Deus, professava a fé no Deus único através do seu modo de viver e de tratar os demais respeitosamente, mas não havia passado definitivamente ao judaísmo. Ele buscava a salvação de Deus. Sua fé no Deus único, seu amor e seu temor de Deus ele manifestava no amor ao povo de Deus e na solicitude pela sinagoga que ele mesmo ajudou a construir. Seus sentimentos se expressavam em obras. E as obras proclamam e revelam quem as pratica. “Cada árvore é conhecida por seus frutos”, disse Jesus.

Um Centurião Com Idéias Amplas e Abertas

Apesar de ser considerado “pagão” pelo fato de não pertencer oficialmente ao povo de Deus, o centurião tinha idéias amplas e abertas: do próprio bolso ele tirou seu dinheiro para ajudar o Povo de Deus na construção de uma de suas sinagogas.

A verdadeira bondade não tem religião. O bem é universal e por isso, pode ser encontrado em qualquer lugar e em qualquer povo ou crença. Os homens do bem podem ser amados ou odiados, mas sempre despertam nossa admiração. O amor não faz diferença onde é aplicado e sempre traz ótimos rendimentos. A insegurança geralmente não tolera a diferença e o diferente. Se um único homem atinge o tipo mais elevado de amor, como o centurião/oficial, ele será suficiente para neutralizar o ódio de milhões. A única grandeza é amor altruísta, o amor que sempre quer o bem do outro e dos outros. Os próprios anciãos do povo de Deus chegaram a afirmar diante de Jesus sobre a bondade do centurião: “O centurião merece que lhe faças esse favor (curar seu empregado), porque ele ama nosso povo. Ele até nos construiu uma sinagoga” (Lc 7,4-5).

A Maior Fé Que Se Encontra Fora Do Povo De Deus

Além de suas amplas e abertas idéias, apesar de ser considerado “pagão” por não pertencer à religião oficial do povo, esse centurião se mostra como uma pessoa com muita fé a ponto de Jesus considerá-lo como pessoa que tem muito mais fé do que qualquer membro do próprio povo de Deus: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. Depois de tantas recusas entre os seus, é confortante Jesus encontrar uma fé assim.

Quando Lucas escreveu o evangelho, na comunidade eclesial já houve a admissão dos pagãos convertidos à fé cristã, por exemplo, na pessoa de outro centurião romano, Cornélio, que se converteu com toda sua família (cf. At 10,24-48), pois “Deus não faz distinção de pessoas, mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo” (At 10,34-35).

Será que Jesus já pode encontrar tamanha fé, igual à fé do centurião, na nossa comunidade, em geral, e em cada um de nós, em particular? Para receber o elogio do Senhor é preciso que cada um de nós tenha a fé do tamanho da fé do centurião. Ou será que “todos nós somos mais ateus do que acreditamos e mais crentes do que pensamos?” (René Juan Trossero).

Um Homem Que Respeita o Costume Do Povo e Acredita No Poder da eficácia da Palavra de Jesus

O centurião não deixa Jesus entrar em sua casa, pois um judeu era proibido de entrar na casa de um pagão.

Para respeitar a proibição feita aos judeus de entrar na casa de um pagão, Jesus é levado a fazer um milagre a distancia, realizado somente pela Palavra. No curso de sua vida de taumaturgo somente realizará dois milagres deste tipo (Lc 7,1-10 e Mt 15,22-28). Normalmente Jesus cura através de um contato físico e silencioso, como se seu corpo possuísse certa força vital especial que Ele nem sempre podia controlar (cf. Mc 5,30; 6,65).

Na cura do empregado do centurião Jesus se contenta com a palavra e elogia a fé do centurião.

É preciso recordar que ao receber o Pão eucarístico (na comunhão) pronunciamos as mesmas palavras do centurião: “Senhor, eu não sou digno (a) de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra serei salvo (a)”.

A liturgia cristã é baseada unicamente em “uma só Palavra”: a palavra que ressoou no coração de Jesus em sua Páscoa, a Palavra que nos acompanha durante nossa vida cristã, a palavra que nos transforma.

No entanto, o mundo de hoje nos pergunta se existe uma palavra do Senhor para ele a partir de nós. Se o mundo pode recorrer a Palavra de Deus depois do fracasso das palavras humanas? Será que realmente como cristãos nós somos aquilo que São Paulo diz:Vós sois uma carta de Cristo... escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, em vossos corações” (2Cor 3,3)?


P.Vitus Gustama,svd
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