terça-feira, 6 de setembro de 2011

SER CRISTÃO É SER APÓSTOLO

Terça-feira, 06 de Setembro de 2011

Texto de Leitura: Lc 6,12-19

O texto do evangelho deste dia fala da eleição dos Doze Apóstolos. A eleição dos Doze é precedida de uma prolongada oração de Jesus, dialogando com Deus. Lucas faz referência à oração de Jesus nos momentos mais decisivos de sua vida. Onze vezes em seu evangelho, Lucas fala da “oração” de Jesus (Lc 3,21; 5,16; 6,12; 9,18; 9,28; 10,21; 11,1; 22,32; 22,41; 23,34; 23,46). Para tomar uma decisão importante Jesus entra em oração prolongada.

“Jesus subiu ao monte para orar”. Literalmente no texto do evangelho de hoje fala-se de uma saída/êxodo de Jesus em direção ao monte e se sublinha a oração ininterrupta que eleva a Deus naquele lugar. Monte é o lugar das grandes decisões, um lugar solitário propício para a oração, um lugar de amplos horizontes de onde se longe. Quanto mais subirmos, mais ampla será a visão que teremos. Jesus nos ensina a aprendermos a ampliar nosso horizonte, dialogando com Deus e meditando Sua Palavra. Temos que ter coragem de subir até onde os valores maiores se encontram capazes de vermos tudo com claridade e com uma visão mais ampla sobre a vida e os seus acontecimentos de cada dia. É aprender a ver a vida de maneira multiangular através de um diálogo permanente com Deus na oração e através da meditação diária da Palavra de Deus. 

Jesus “passou a noite toda em oração a Deus”, assim Lucas nos relatou. Alguns interpretam que a palavranoiteaqui quer indicar a perplexidade que invade Jesus. E a oração é meio de clarificação a fim de que Deus luz verde naquilo que Jesus quer realizar com a ajuda dos apóstolos para a salvação do mundo. Jesus não escolheu seus apóstolos à noite.

Por isso, em seguida Lucas nos relatou: “Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos”.  A expressão “ao amanhecer” indica, segundo alguns especialista, que a oração obteve resultados positivos, pois não se pode tomar decisões enquanto alguém estiver nas trevas ou na perplexidade de uma escuridão de vida (“noite”). Estar na oração significa estar com Deus. E estar com Deus é estar com a luz que ilumina tudo na nossa vida (“amanhecer”).

Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu Doze dentre eles....”. Há aqui o objetivo da oração de Jesus durante toda a noite: Sua Igreja. É o projeto que apesar de tudo continua durando até hoje (cf. Mt 16,18). Por isso, a instituição dos Doze é um momento solene para a história da Igreja, particularmente e para a história da humanidade de modo geral.

São doze. É evidentemente um número simbólico. Com esse número Jesus constitui o Novo Israel, a Sua Igreja, para substituir as doze tribos de Israel no Antigo Testamento. Os Doze não são grandes personalidades. É o estilo de Deus que vai escolhendo para sua obra pessoas débeis, mas que se esforçam para dar o melhor de si para salvação do mundo, pois agente principal desta obra continua sendo o próprio Deus.

Lucas é o único a mencionar que o próprio Jesus lhe deu esse nome: apostolo, em grego. O termo apóstolo aponta paraenviados por alguém”. Aqui se enfatiza a relação do “enviadocom Aquele que “envia”. O essencial é a “missão”. Isto quer dizer que ser apóstolo é depender de Jesus; é ser enviado por ele; é ser sua porta-voz; é ser à obra que Jesus que seja levada até o fim.

Estes são nomes dos apóstolos: Simão Pedro, André, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, Simão, Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, o traidor. A partir de agora eles vão acompanhar Jesus de perto, como testemunhas oculares de sua vida e atividade.

Apesar da oração de uma noite inteira, apesar do bom discernimento de Jesus, apesar de toda formação, um dos apóstolos era um traidor. É o mistério da liberdade humana.

Os Apóstolos receberam tudo de Jesus para que se tornassem instrumentos de salvação para o próximo. E nós recebemos tudo dos Apóstolos através de várias gerações anteriormente. Nós não podemos quebrar esse elo ou essa cadeia. Se tudo de bom para a salvação do mundo recebemos das gerações anteriores, precisamos continuar essa “corrente” de evangelização. Cada cristão é apóstolo de Jesus. Ele é o apóstolo em qualquer lugar e Jesus espera algo de cada um de nós para a Igreja do Senhor. Ser apóstolo não é trazer os outros para si e sim orientá-los para o encontro pessoal com Jesus, o Salvador.

A comunidade de Jesus é apostólica. Ela é cimentada na pedra angular que é o próprio Jesus Cristo. Mas também tem como fundamento os apóstolos que o próprio Senhor escolheu como núcleo inicial da Igreja. E fazemos parte da comunidade apostólica pelo Batismo. Por isso, somos, por natureza, missionários ou apostólicos (Ad Gentes no.2). Esta comunidade “apostólica” é que colabora com o Ressuscitado enquanto estiver nesta terra: anunciar a o que é bom e digno para a edificação de um ser humano. O cristão não pode perder tempo para as coisas que não edificam. A única preocupação de cada cristão é fazer o bem e convidar mais pessoas para serem parceiras do bem.

P. Vitus Gustama,svd

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