sexta-feira, 9 de setembro de 2011

OLHAR BENÉVOLO É O OLHAR DE JESUS

Sexta-feira, 09 de Setembro de 2011

Texto de Leitura: Lc 6, 39-42

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“Se queres conservar tua inocência, não consintas nas más ações dos outros, nem julgues precipitadamente suas intenções” (Santo Agostinho. Epist. Ad cath. 2,4)
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O texto do evangelho de hoje faz parte do Sermão da Planície de São Lucas. Neste Sermão encontramos varias sentenças de Jesus sobre como devemos conviver com os demais, como devemos tratar os outros? E de que maneira podemos olhar para os defeitos dos outros e os nossos próprios defeitos. O que precisa para sermos bons guias para os demais?

Como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”.

Jesus quer nos dizer de outra maneira: Abram os olhos sobre vocês mesmos! Critiquem-se! Sejam vocês mesmos objeto de sua própria crítica! Vocês que percebem facilmente os defeitos dos outros que não pensam como vocês, procurem também ter em conta seus próprios defeitos. Que não condenem uns aos outros, que tratem os outros com mais indulgência. Que vocês sejam compassivos e misericordiosos como Deus Pai que é compassivo e misericordioso.

As palavras de Jesus são um chamado para que descubramos nosso próprio pecado, a “trave” que há em nossos olhos. As palavras de Jesus nos chamam para a coerência e a autoridade moral que devemos ter na correção fraterna. Se assim fizermos, nossa correção fraterna será respeitada.

A revisão de vida é um exercício espiritual eminentemente evangélico: trata-se de reconsiderar-se a si mesmo, de revisar a própria vida e o próprio caminho e os próprios compromissos. Não temos que nos fixar tanto nos defeitos dos demais e sim nos nossos próprios defeitos. Se não seriamos hipócritas.

O evangelho de hoje nos convida a olharmos para o mundo e para os outros com o mesmo olhar de Jesus: um olhar de benevolência. Os olhos são como um espelho no qual se reflete o mundo e os outros. Há pessoas para as quais toda a realidade é triste e está sujeita para lamentações. Como se tudo fosse mal. O mundo toma cor de nosso olhar.

Jesus nos convida a olharmos tudo com seu olhar: um olhar benévolo. Jesus quer nos dizer: “Sejam pessoas consagradas à misericórdia! Sejam benévolos com vocês mesmos e com os outros. Aprendam a olhar com menos severidade. Se tiver algum sentimento de antipatia, que sua antipatia se transforme em humor. Sejam benévolos com o mundo, pois foi Deus que criou o mundo. E Deus foi o primeiro que se admirou da obra saída de Suas mãos nos primeiros dias do universo: ‘Deus viu que tudo era bom!’ (Gn 1,10b.12b.18b.21b.25b.31). Vivam bem a vida, pois Eu sou a vida (Jo 14,6)”.

Ser benévolo não significa ser indiferente nem ser ingênuo. A palavra “benévolo” deriva de duas palavras: bem e querer. Ser benévolo significa querer sempre o bem para tudo e para todos. Ser benévolo também significa ser responsável, ser bom, ser vigilante, denunciar as ilusões, os valores falsos, e as palavras enganosas. A benevolência é uma responsabilidade e a assunção de um dever. E a razão de nossa benevolência é o próprio Deus da misericórdia que tem paciência para conosco que mesmo que cometamos erros na vida Ele perdoa tudo e sua graça jamais falha.

Enquanto não adquirirmos um olhar misericordioso e benévolo, nós não estaremos em condições de guiar os outros e nada mudará na nossa vida. O que se tem por guia deve “ver” bem, assim também aquele que quer passar de discípulo para mestre.

Somente um ser humano livre e consciente é capaz de guiar os demais. Enquanto a pessoa for dominada pelas ambições, pelo egoísmo ou pela violência será incapaz de ver melhor. Jesus, precisamente, formou seus discípulos em uma atitude crítica, serena e responsável que lhes permitem ver e amar os outros e a realidade com benevolência. Quem quer conduzir seu próximo pelo caminho do amor, da fidelidade, da retidão, antes deve deixar-se conduzir por Cristo pelo mesmo caminho.

Na verdade, o que Jesus nos oferece é um processo educativo ético. Segundo Jesus, o mais urgente é tomar consciência da própria hipocrisia e trabalhar sobre ela. Jesus nos apresenta cinco etapas desta pedagogia ética, que para Lucas é uma pedagogia eclesial: 1. Renunciar a ser juiz dos demais. 2. Abertura para as palavras de Jesus que me interpelam com amor e esperança. 3. Reconhecimento dos meus próprios defeitos ou pecados. 4. Compromisso de ser um ser humano novo e renovado no espírito de Jesus. 5. Somente assim terei condições de ser guia ou mestre para os outros.
P. Vitus Gustama,svd

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