quarta-feira, 4 de abril de 2012

QUINTA-FEIRA SANTA

Texto: Jo 13,1-15

I. Sobre o Texto

O texto Jo 13,1-15 faz parte do discurso da despedida de Jesus (Jo 13,1-17,26). Na realidade, o discurso de despedida se encontra apenas nos capítulos 13,31-14,31. A continuação lógica de Jo 14,31 encontramos em Jo 18,1, no relato da paixão. Jo 15-17(três capítulos) havia sido introduzido neste espaço aberto por evangelista-redator para incluir no evangelho o material precioso que até agora não tem encaixado dentro do esquema do evangelista.

O texto começa com esta frase: “Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. Este primeiro versículo do capítulo 13 é muito solene; e é  uma abertura e uma espécie de síntese de toda a segunda parte do Evangelho de João(Jo 13,1-20,29). Fala-se neste versículo a chegada da hora de Jesus que vinha sendo preparado passo a passo na parte anterior(Jo 2,4;7,6.30;8,20;9,3-5;12,23).

Fala-se também da pasço a(passagem).  A páscoa do Senhor se caracteriza pelo amor: “Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. Jesus vai passar ao Pai(páscoa, passagem). É uma passagem nova e diferente. Mas para chegar ao Pai ele tem que passar pela cruz onde ele se entrega para dar a vida ao homem por amor. O seu amor se expressa no máximo grau dando a vida por seus amigos(Jo 15,13). Por isso, Jo usa o termo ágape, aqui, quando se fala do amor. Ágape é o amor divino cujas características são estas: gratuita, total, imutável e definitiva. Estas características nos mostram que Jesus está totalmente com Deus, a ponto de ele amar como Deus ama. Jesus ama sem medida. Um ser humano que ama desta maneira significa que ele foi modelado por Deus de amor. Este é a última etapa passada por Jesus. O que vem a seguir é explicação e aprofundamento do que significa “ amar até o fim”.

Jesus quer que façamos esta páscoa(passagem). É uma passagem, na linguagem de São Paulo, do homem velho ao homem novo, do fermento da malícia aos pães não fermentados de pureza e de verdade(cf. 1Cor 5,8). Esta passagem é um modo de viver a um outro, do viver para o mundo e conforme o mundo, ao viver para o Pai. É uma passagem do “eu” para Deus e do “eu” para o outro. A páscoa é caminhar em direção de Deus. É deixar-nos iluminar pela luz de Deus e expor nossa vida ao Seu Julgamento e ao seu perdão. É preciso abrirmos “as janelas” de nosso coração para deixar a luz divina entrar nele. Por isso, é uma passagem à liberdade e à alegria. Se formos sinceros, somos ainda escravos de tantas coisas. E Deus nos convida a sairmos de tudo isto. Isto se chama a páscoa, uma passagem. Como é bom ser livre!

A expressão “os seus” é característica nesta passagem. Ela indica a intensidade do amor, a predileção e a pertença a Cristo. Esta expressão é unida a outra: “que estavam no mundo” para sublinhar a situação de solidão, de perseguição e de estranheza dos discípulos no mundo. A relação “discípulo-mundo” aparece com freqüência nos capítulos 13-17. A expressão “até o fim” (eis telos), que significa duplamente: “total, absolutamente” e “até o último momento da vida, até a plenitude ou no mais alto grau”, prepara a exclamação de Jesus na cruz: “Está consumado”(Jo 19,30; 19,28). Jesus ama sem medida. Em Jo 15,13 se apresenta a morte voluntária como a expressão suprema do amor: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”.

Depois da solene abertura segue-se a última ceia. Para a mentalidade semítica, partilhar uma ceia não é apenas comer juntos um mesmo alimento. Mais do que isto, é ter a ocasião de trocar idéias e de entrar profundamente em comunhão de sentimentos; sublinha-se uma relação íntima; assim, a convivialidade assume um valor social e espiritual. As alianças entre as pessoas eram, na maioria das vezes, firmadas durante um banquete(cf. Gn 26,30;31,54; Ex 24,9-11).

Em meio ao jantar, Jesus se levanta, tira o manto, pega uma toalha e a amarra na cintura e começa a lavar os pés dos discípulos. “Tirar o manto” significa abrir mão de todo privilégio ou posição social. O ato de “lavar os pés”(nos vv. 5-14 ocorre 8 vezes o verbo “niptein”, “lavar”, num total de 13 vezes no NT) era comum no Antigo Oriente para honrar um hóspede que viera por caminhos poeirentos. Este gesto fazia parte da hospitalidade. Quem prestava esse serviço podiam ser, com uma conotação de carinho, os filhos ou a esposa, ou, como manifestação de dedicação, o próprio anfitrião(cf. Lc 7,44), mas normalmente era feito por algum escravo. O gesto tinha uma conotação de humilhação tão forte até certos rabinos proibiam que os escravos judeus fossem obrigados a prestar esse serviço a seus patrões. Jesus se põe a fazer o que faziam os escravos não-judeus ou as mulheres. Jesus garante que a felicidade não está nos títulos, honra, ou posição social que as pessoa ocupam, mas está em descobrir o caminho do serviço que entrega a vida por amor.
 
 O evangelho não diz quem foi o primeiro a ter os pés lavados. Isso é sinal de que Jesus não privilegia ninguém. Todos recebem seu amor-serviço de modo igual e imparcial, inclusive o traidor, Judas.

Simão Pedro reage com energia. Ele viu no gesto de Jesus lavar os pés um mero gesto de humilhação; Jesus, porém, a dedicação da própria vida. Ele continua acreditando que é muito normal que numa comunidade alguns sejam senhores e outros sejam servos, os primeiros cheios de direitos e privilégios e os segundos cheios de deveres. Ele crê piamente numa sociedade de desiguais. Por isso, ele representa aquelas que seguem a Jesus mas ainda não se encontraram.

Diante da reação de Pedro Jesus disse: “Se não te lavo os pés, não terás parte comigo”(v.8). A resposta de Jesus a Pedro quer lhe afirmar que o sacrifício da cruz purifica muito mais eficazmente que as abluções antigas. O lava-pés simboliza toda a missão de Jesus: a entrega de sua vida; não somente o serviço prestado aos demais, e sim o serviço supremo prestado aos homens pelo Servo de Deus por excelência. Jesus diz que sem lavar os pés, Pedro não terá parte com Jesus. “Ter parte” é uma expressão semítica. A parte é a herança que Deus concede ao seu povo(Gn 31,14;2Sm 20,1;1Rs 12,16). Na meditação judaica, o tema da herança aprofundou-se em três direções: individual, espiritual e escatológica. A herança, por isso, não é mais simplesmente a Terra Prometida, mas a comunhão com Deus, a salvação ou a vida, na linguagem de João; e não mais uma realidade presente, mas futura. O gesto de Jesus, então, deve ser compreendido no sentido de participar do dom escatológico. E não é possível comungar da vida de Jesus sem aceitar sua lógica do serviço radical.

No diálogo com Pedro, Jesus afirma: “Também vós estais limpos, mas não todos”(v.10b). Jesus está falando do traidor(Judas). Por isso, é bom ler o v.21 logo depois do v.11 para ver sua seqüência lógica. Cristo não exclui o traidor do benefício do rito do lava-pés. Todavia, o rito não terá para ele nenhuma utilidade. Mas mesmo diante daquele que o trairá, o Senhor se abaixa. Ao dizer ”nem todos estão limpos” Jesus se refere à pureza que nasce do coração da acolhida à Palavra e que cresce na fé. No relato mais adiante, Jesus identificará o traidor com estas palavras: “É aquele a quem eu der pão que vou umedecer no molho”(Jo 13,26). O ato de Jesus de oferecer o pão umedecido no molho a Judas é o sinal de carinho especial. Isto quer dizer que até o traidor Jesus ama até as últimas conseqüências, de maneira extraordinária e quer sua salvação. Mas Deus continua respeitando a liberdade de escolha do homem. Deus sempre provoca as pessoas à tomada de decisão. A única coisa que Deus faz é oferecer o seu amor ao ser humano até o fim, pois “Deus é amor”(1Jo 4,8.16). E infelizmente, Judas não aceita esta oferta de amor. É duro não querer ser amado. É incompreensível não querer aceitar o carinho. Aquele que é capaz de receber amor do Outro e dos outros, é capaz também amar os outros.

Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus retoma o manto e senta de novo à mesa, ou seja, volta à condição de pessoa livre pois os dois gestos “retomar as vestes” e “sentar-se” indicam a condição da pessoa livre(os escravos permaneciam de pé, prontos para executar as ordens do seu senhor). Aqui há um detalhe importante: o evangelho não diz que Jesus tenha tirado a toalha, símbolo do serviço por amor. Esse pormenor é muito significativo, pois o serviço de Jesus continuará até a cruz.

A toalha ou o avental é o símbolo do serviço ao irmão. O serviço ao irmão é o distintivo que o cristão jamais pode depor, deve vesti-lo vinte quatro horas por dia, pois  a todo momento pode haver um irmão que precisa dele e ele deve estar sempre pronto a prestar-lhe o seu serviço. Se não aceita gastar a vida no humilde serviço aos necessitados, nada tem em comum com Jesus: “Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”(v.15). É um indicativo e um imperativo ao mesmo tempo. O que devemos fazer(imperativo) está fundado sobre algo que nos foi dado por Cristo(indicativo), algo que é anterior à nossa obrigação. Antes da obrigação moral vem o dom de Deus em Jesus. Importa “deixar lavar os pés(ser salvo) por Jesus, mas devemos também “lavar os pés uns dos outros”(serviço fraterno). Jesus amou primeiro(cf. 1Jo 4,10.19), mas a partir daí é nossa vez. Continuar as ações de Cristo não é repetir ritos mas atitudes: amor e serviço. O amor sincero e o serviço alegre, ao estilo de Jesus, há de ser o modo de presença de cada cristão neste mundo.

O serviço pode ser animado pelo amor devotado(o dos pais pelos filhos). Mas muitas vezes esse mesmo amor pode ser corrompido pela vontade de poder que se aninha no coração do homem, tornando-se o serviço prestado uma maneira de levar o outro a depender da pessoa em questão. Não podemos esquecer que a morte de Jesus é um grande dom para nós porque nos liberta. Só quando tivermos assimilado esse fato de esvaziamento de Deus para nós, seremos capazes de “lavar os pés” uns aos outros sem nos tornarmos importantes ou impormos nossa “caridade”. Imitar Jesus é imitar Deus que se esvazia por nós.

De que modo podemos traduzir em gestos concretos o lava-pés na nossa vida cotidiana  e o amar até o fim ? Não poderemos exercer o amor até o fim, se nosso coração não estiver despojado.


II. Quinta-feira Santa é o Dia da instituição da Eucaristia

Neste dia celebramos também o dia da instituição da eucaristia. Em Jo não se fala da instituição da eucaristia. No lugar disto, ele coloca um discurso longo sobre o Pão da vida(veja Jo 6).

Os relatos da Instituição da Ceia chegaram até nós segundo quatro recensões diferentes: a de Mt 26,26-28, a de Mc 14,22-24, a de Lc 22,19-20 e a de Paulo em 1Cor 11,23-25. Não analisaremos estes textos. Tiraremos apenas algumas mensagens da Instituição da Ceia ou a importância da Eucaristia na nossa vida como cristãos. Cada um pode tirar outras mensagens que não se encontraram nesta reflexão. Assim nos enriquecemos uns aos outros.

2.1. A eucaristia é uma refeição e antecipação do banquete celeste

A refeição sempre foi e ainda é um momento importante na vida de qualquer família. Comer juntos significa repartir os dons, as alegrias e os sofrimentos. É o momento sagrado, principalmente para o mundo oriental. Convidar alguém para almoçar ou jantar é sinal de hospitalidade e de amizade, pois ninguém convida qualquer pessoa para um almoço ou jantar na família. Para o mundo oriental, convidar alguém para a própria mesa é sinal de paz, de confiança, de fraternidade, de perdão(cf. alguns exemplos: Gn 26,30s;31,54;2Rs 25,27-29;Jr 52,31-33).

Jesus certamente instituiu a eucaristia dentro de uma refeição, a ceia. Na ceia Jesus não somente oferece alimento, mas deu-se como comida e bebida sagradas: seu Corpo e Sangue. Sabemos que a vida é uma caminhada para a casa do Pai onde participaremos do banquete do Reino eternamente(cf. Lumen Gentium VII, 48-50; SC 8). Se a nossa vida é uma peregrinação rumo à casa do Pai, necessitamos de duas coisas: o caminho e o alimento. Jesus certamente é o Caminho(Jo 14,6). Ele se faz o caminho para que não fiquemos perdidos no mundo cheio de outros caminhos que nos levam à perdição. Além do caminho, para que possamos chegar à casa do Pai nesta peregrinação precisamos também de alimento. Quem quiser andar longe com força necessária, precisa ter alimento suficiente para não morrer de fome no meio do caminho. Jesus sabe disto e por isso ele se faz alimento para todos os peregrinos desta vida: “Tomam e comam, isto é o meu corpo que é dado por vocês” (Mt 26,26;Lc 22,19). Com Jesus que é o Caminho e o alimento chegaremos até a casa do Pai.

Mas o banquete eucarístico da qual participamos nesta terra não é somente o alimento na nossa peregrinação para a comunhão plena com o Pai. O banquete eucarístico também é “o céu na terra. E a liturgia que celebramos na terra é misteriosa participação na liturgia celeste”, diz o Papa João Paulo II. Como a própria Constituição Sacrosanctum Concilium do Concílio Vaticano II afirma: Na liturgia da terra nós participamos, saboreando-a já, da liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual nos encaminhamos como peregrinos, onde o Cristo está sentado à direita de Deus...” (SC 8). Por isso, vamos realmente ao céu quando vamos à missa, independentemente da qualidade da música ou do fervor da homilia. A missa é realmente o céu na terra. No céu agora mesmo! Na missa você e eu temos o céu na terra. Não podemos obter mais na terra do que o próprio céu. Que maravilhoso Jesus que instituiu a eucaristia.

2.2.                Na eucaristia Jesus é o Cordeiro sacrificado para a nossa salvação

Jesus morre na mesma hora em que os judeus matavam o cordeiro da sua páscoa. Isto quer nos dizer que o verdadeiro Cordeiro não é o animal e sim o Cristo que morre na cruz. O sacrifício de Jesus, como cordeiro, realizou o que todo o sangue de milhões de ovelhas e touros e bodes jamais conseguiu. “Pois é impossível que o sangue de touros e bodes elimine os pecados”(Hb 10,4). Para expiar as ofensas contra um Deus que é bom, infinito e eterno, a humanidade precisava de um sacrifício perfeito. E esse era Jesus, o único que podia “abolir o pecado com seu próprio sacrifício”(Hb 9,26). A eucaristia é a manifestação do amor apaixonado de Jesus pelo homem.

A verdadeira páscoa é a Ceia do Senhor, onde se come e se bebe o Corpo e o Sangue de Cristo. A verdadeira páscoa é a de Jesus que está morrendo na cruz, entregando seu corpo e derramando seu Sangue para a nossa salvação. E na missa repetimos e atualizamos com ele, sua paixão, morte e ressurreição.

2.3. A eucaristia, o Corpo e o Sangue do Senhor, é a expressão do amor de Jesus por todos e é o alimento para todos

Na primeira carta aos coríntians, São Paulo diz: “...na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão...”(1Cor 11,23). É a frase conhecida por todos, pois em cada Eucaristia que celebramos pronunciamos ou ouvimos esta mesma frase na hora da consagração. O que se refere aqui é Judas que traiu Jesus e todos nós, pecadores. Jesus dá o seu Corpo e o seu Sangue para todos tanto para os que o traem, os que fogem e os que o  renegam tanto para os que o seguem fielmente. As nossas traições, as nossas fugas e as nossas infidelidades não podem senão exaltar a grandeza e a profundidade do  o amor de Jesus por mim, por você, por todos nós. Ele ama o pobre, o infeliz, o pecador, como uma mãe que ama seu filho simplesmente porque é seu filho e se este filho se tornar um desgraçado, a mãe o amará ainda mais, pois somente amando-o ele se sente amado que o levará a ser um bom filho novamente. Através da eucaristia que Jesus instituiu, Deus faz da misericórdia a realidade que nos envolve do alto a baixo. Na nossa miséria, Deus derrama sua misericórdia.


2.4.                A eucaristia faz a comunidade

Deus deseja comunhão: uma unidade que é vital, um laço que é verdadeiramente mútuo, pois o próprio Deus é uma comunidade da Santíssima Trindade. A comunhão cria a comunidade. Deus faz tudo para tornar esta comunhão possível: “...que eles sejam um, como nós somos um...”(Jo 17,11.21-23). Deus deseja estar plenamente unido a nós para que nós possamos estar unidos num amor duradouro. Toda a história da salvação é uma história de uma comunhão entre Deus e os homens cada vez mais profunda, uma história na qual Deus busca caminhos sempre novos para comungar intimamente com os homens criados à própria imagem de Deus. E o desejo intenso de Deus em criar esta comunhão forma a essência da celebração eucarística e da vida eucarística. Jesus se transforma em pão partilhado para todos nós. Não podemos realmente viver, como cristãos, sem um pão que seja tomado, abençoado, partido e dado. Sem este Pão não há fraternidade à mesa, não há comunidade, nenhum laço de amizade, não há paz, amor e esperança. Com ele tudo se transforma.

A comunhão cria a comunidade, pois o Deus que habita em nós faz com que reconheçamos o Deus em nossos semelhantes. Somente o Deus dentro de nós é capaz de ver Deus na outra pessoa. Nossa participação na vida íntima de Deus nos conduz a um novo modo de participação na vida das outras pessoas. De forma retórica São Paula pergunta: O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão”(1Cor 10,16-17).


2.5.                   A eucaristia faz a missão

Na Eucaristia celebramos o “sim” total e fiel de Jesus ao Pai e aos homens. Ao celebrarmos a Eucaristia nós queremos dizer o nosso “sim” ao Pai e a todos os irmãos e irmãs sem excluir aqueles que nos criticam, que nos desprezam, que se opõem a nós. A Eucaristia se tornaria vazia, se ela não se transformasse numa força de amor pelo próximo. As palavras pronunciadas por Jesus dirigidas a todos nós: “Fazei isto em minha memória!”(Lc 22,19)são um pedido para que nós façamos também a doação, um pão partilhado para os outros.
   
Por isso, a comunhão não é o fim. A missão é. A eucaristia é sempre uma missão. A vida vivida eucaristicamente é sempre uma vida de missões. Na Eucaristia somos solicitados a deixar  a mesa para procurar os outros e os nossos amigos para descobrirmos com eles que Jesus está verdadeiramente vivo e ao mesmo tempo nos chama para que juntos no tornemos um novo povo, o povo da ressurreição. Somos chamados e enviados para que formemos um corpo de amor, moldar o novo povo da ressurreição. Nossa experiência da comunhão com o Senhor nos envia aos nossos irmãos e irmãs para partilharmos com eles nossas histórias e construirmos ao seu lado um corpo de amor. O movimento que brota da eucaristia é o movimento da comunhão à comunidade e da comunidade à missão e da missão à eucaristia, formando um círculo sem fim.

P. Vitus Gustama,svd


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