segunda-feira, 11 de junho de 2012

ASSUNÇÃO DA NOSSA SENHORA


Domingo, 19 de Agosto de 2012

Texto: Lc 1,39-56

A proclamação do dogma da Assunção de Maria à glória dos céus, em alma e corpo, pertence ao século XX: foi declarado solenemente por Pio XII em 01 de Novembro de 1950 na bula Munificentissimus Deus. No entanto, a liturgia da Igreja universal, tanto no Oriente quanto no Ocidente, celebrou por muitos séculos esta convicção de .  No século V celebrava-se em Jerusalém no dia 15 de agosto uma festa importante que tinha por objeto a excelência da pessoa da Mãe de Deus, eleita por supremo conselho para desempenhar uma missão muito especial na história da salvação. Entre o V e VI século, a narração apócrifa sobre o Trânsito de Maria da vida terrena à glória eterna alcançou uma difusão extraordinária: a conseqüência foi o desejo natural dos peregrinos que ocorriam a Jerusalém de honrar o túmulo da Virgem. Durante o século VII, com o nome de Assunção foi acolhida na Igreja de Roma, juntamente com as festa da Apresentação, Anunciação e Natividade, para as quais o Papa Sérgio I (+ 701), instituiu uma procissão preparatória para a missa, celebrada na Santa Maria Maior. No fim do século VII encontra-se  uma antiga oração romana composta para a procissão que introduz a celebração mariana do dia 15 de agosto: “Venerável é para nós, Senhor, a festa deste dia em que a Santa Mãe de Deus sofreu a morte terrena, mas não permaneceu nas amarras da morte, ela que, do próprio ser, gerou, encarnado, o teu Filho, Senhor nosso” (Sacramentário Gregoriano Adrineu, no.661)

A bula da definição dogmática não fala de argumentos bíblicos, pois a Escritura não afirma a Assunção de Maria. Discute-se se Maria morreu ou não. Por isso, o texto dogmático, cautelosamente, diz “terminado o curso de sua vida terrestre”. Nós, por isso, afirmamos que Maria morreu, pois assim se pode falar, verdadeiramente, de ressurreição, porquanto somente um morto pode ressuscitar. Maria morreu pelo fato natural da morte que pertence à estrutura da vida humana, independentemente do pecado. Maria, livre e isenta de todo o pecado, pôde integrar a morte como pertencente à vida criada por Deus. A morte não é vista como fatalidade e perda da vida, mas como chance e passagem para uma vida mais plena em Deus.

Além disso, Maria participa na  economia da redenção pelo fato de ser a Mãe do Senhor (Lc 1,43). Ela se associou totalmente ao destino de seu Filho. A redenção implica sempre a colaboração de quem a recebe. Maria colaborou admiravelmente na própria salvação. por este título ela é o modelo original de quantos recebem a salvação, o modelo de todos os redimidos. Como tal, ela tem um significado universal de salvação. É o protótipo da vida redimida, a plena e perfeita realização, a imagem ideal de toda a vida cristã. Por sua vida e morte Jesus nos libertou. Por sua vida e morte Maria participou desta obra messiânica e universal. A co-redenção significa a associação de Maria tanto à cruz de Jesus como à sua ressurreição e exaltação gloriosa ou ascensão. Esta razão teológica tem o seu fundamento no triunfo de Cristo sobre a morte, de que faz participantes todos os cristãos por meio da e do batismo.

Maria foi assunta ao céu em corpo e alma. Aqui não se trata de dogmatizar um esquema antropológico (corpo e alma). Utiliza-se esta expressão, compreensível à cultura ocidental, para enfatizar o caráter totalizante e completo da glorificação de Maria. Maria vê-se envolvida na absoluta realização.  Assunta ao céu”, ela se nos apresenta como as primícias da redenção, tendo consumado em si o que ainda se realizará em nós e na Igreja. O corpo de Maria, enquanto ela perambulava por este mundo, foi somente veículo de graça, de amor, de compreensão e de bondade. Não foi instrumento de pecado, da vontade de auto-afirmação humana e de desunião com os irmãos.  O corpo é forte e frágil, cheio de vida e contaminado pela doença e morte. Por isso, é exaltado por uns até a idolatria e odiado por outros até a trituração. Maria vive e goza, no corpo e na alma, quer dizer na totalidade de sua existência, desta inefável realização humana e divina.

Para Maria a assunção significa o definitivo encontro com seu Filho que a precedeu na glória. Mãe e Filho vivem um amor e uma união inimaginável. Maria agora vive, em corpo e alma, aquilo que nós também iremos viver quando atingirmos o céu. Enquanto peregrinamos, Maria atua como imagem que recorda e concretiza o nosso futuro. Em cada um que morre no Senhor se realiza aquilo que ocorreu com Maria: a ressurreição e a elevação ao céu. Andando por entre as tribulações do tempo presente, erguemos os olhos ao e rezamos: Salve Maria, vida, doçura e esperança, salve! Rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Doce mãe da esperança, em quem apareceu o futuro do mundo e nos foi antecipada e prometida a glória do tempo futuro, ajuda-nos a ser peregrinos na esperança a caminho da unidade futura do Reino, sem pararmos diante das resistências e das canseiras, antes nos empenhando, com fidelidade e paixão, em levar no presente os homens ao futuro da promessa de Deus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém!

Algumas mensagens da leitura evangélica desta festa

No quarto domingo do Advento (Ano “C”) foi comentada a primeira parte do evangelho (vv.39-45). No momento tiramos algumas mensagens da segunda parte, o Magnificat (vv.46-55). Mas antes de tirar algumas mensagens, precisamos saber que diz-se que o  texto de Magnificat reflete redação pós-pascal: indício disso é o uso dos verbos no passado. As expressões cantadas pela comunidade primitiva como “Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso, depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou”(vv.51-52), revelam a situação vital de quem conheceu a vitória da ressurreição- exaltação sobre a morte- humilhação do Filho de Maria, Jesus Cristo. Porém, não se pode pôr em dúvida que Lucas tenha usado fonte pre-evangélica (1Sm 2,1-11;Sl 88,9.11;110,2.3.5).

1. A que desperta

As palavras de saudação e agradecimento dirigidas por Isabel a Maria despertaram nela uma maravilhosa profissão de . Coisa semelhante acontece com cada um de nós. Lemos ou escutamos a Palavra de Deus ou lemos um bom livro espiritualmente. E quantas vezes tudo isso nos toca o coração e faz brotar dos lábios uma oração de louvor. Maria reconhece que o amor misericordioso do Senhor a tocou; e tocando-a, tocou a humanidade inteira. Por isso é que Isabel a proclamabem-aventurada”. Por Maria e nela, todos os homens reconhecem o amor infinito e misterioso de Deus (Jo 3,16). Todos nós temos necessidade de que um outro nos revele a nós mesmos. É grande graça na vida de uma pessoa encontrar um mestre de espírito que lhe indique o seu nome, a sua vocação, a sua missão.

2.Viver a partilha

Na anunciação Maria tornou-se a primeira discípula, entre os primeiros cristãos, ouvindo a Palavra de Deus e aceitando-a . Na Visitação, ela se apressa em partilhar esta palavra do evangelho com os outros e, no Magnificat, temos sua interpretação dessa palavra que se assemelha à interpretação que seu Filho tinha dado em seu ministério. A primeira discípula cristã exemplifica a tarefa essencial de um discípulo. Depois de ouvir a Palavra de Deus e aceitá-la, devemos reparti-la com os outros, não simplesmente repetindo-a, mas interpretando-a, de modo que todos possam vê-la como uma Boa Nova.

3. Ser santo

Neste Magnificat Deus é proclamado comoSanto”. Santo significa aquele que está para além de tudo quanto pudermos pensar e imaginar; é totalmente outro que habita numa luz inacessível (v.49). Mas não vive numa soberana distância dos gritos dolorosos de seus filhos, pois este Deus santo é também misericordioso. Possui um coração sensível aos míseros (miseri-cor-dioso) e protesta contra a injustiça e a exploração e opressão. O texto chama-nos a atenção que os orgulhosos, os detetores do poder e os ricos fechados para si não possuem a última palavra como sempre pretendem, pois cada um tem que prestar contas diante de Deus. Escapa da justiça humana, sobra a justiça divina. é que ninguém escapa.  Pela sua no poder ilimitado de Deus (v.37), Maria reconhece que a situação provocada pela prepotência, opressão e exploração não é desejada por Deus e, por isso, espera que não seja definitiva. Esta intervenção de Deus é vista como um ato de fidelidade para com o povo da aliança.

O Deus a quem o Magnificat proclama está orientado para os homens, em especial para os fracos, os pobres, os infelizes, os desgraçados, os oprimidos; privilegia o humilde, o humilhado, aqueles aos quais não se concede o direito à existência. Quem reconhece a Deus como seu Senhor, deve estimar todo homem como irmão.

Como Maria, estamos convencidos de que tudo é possível para quem crê (Lc 1,37;Mc 9,23) quando se trata de arrancar a raiz do sofrimento?

4. Sobre o encontro de duas mulheres abençoadas por Deus

Duas mulheres abençoadas por Deus, unidas por laços familiares se encontram na marca divisória dos dois Testamentos. O plano divino de salvação uniu seus destinos e o de seus respectivos filhos. Isabel simboliza o povo do Antigo Testamento, onde outras mulheres também sem esperança de sucessão/geração conseguiram como ela uma maternidade impossível, como puro dom de Deus. E o filho de Isabel será Precursor do Messias e o maior dos profetas.

Maria, ao contrário, abre o Novo Testamento e representa não o Povo da Nova Aliança, mas toda a humanidade redimida. Ao aceitar o seu “faça-se/Fiat” a mensagem do Senhor, Maria se converteu na Mãe de Jesus, Nosso Senhor (LG 56). Por esta Maria é a primeira crente e discípula de Cristo, a primeira cristã da Igreja (Marialis Cultus de Paulo VI, nn.35-36). Jesus vai declarar mais tarde a bem-aventurança da , relativizando até certo ponto os vínculos de sangue com Maria, Sua Mãe, ao dizer: ” Felizes os que escutam a Palavra de Deus e a põe em prática” (Lc 11,28),porque esses são meu irmão e minha irmã e minha mãe” (Mc 3,35). Maria é feliz porque acreditou e cumpriu a Palavra e a vontade de Deus que aceita sem reservas com um sim incondicional. Nossa Igreja, por isso, reverencia a Mãe de Jesus como modelo de e de fidelidade a Deus.

Jesus declara feliz quem escuta e coloca em prática a palavra de Deus. Até neste ponto, será que somos felizes?

5. Sobre o Canto de Maria ou Magnificat.

Logo depois de receber do Anjo o anúncio da missão mais decisiva que se poderia imaginar, Maria sai apressada para servir Isabel. Ela não se julgou importante demais, não ficou deslumbrada com o papel que lhe fora dado. Ela foi ao encontro de alguém que precisava dela, foi partilhar trabalho e alegria com a prima que se via necessitada de ajuda. E mais tarde Jesus vai dizer que veio para servir. Antes mesmo de Jesus nascer, Maria se comportava como discípula.

E no Magnificat Maria anuncia que os poderosos serão derrubados de seu tronos. Não se trata de punição nem vingança, pois o Deus de Jesus não é vingativo. Descer do trono é condição de salvação. É preciso descer do trono para aprender a ser irmão, a ser solidário, a servir, a criar relações horizontais. É preciso despojar-se de auto-suficiência e reconhecer-se necessitado de salvação.
 
Estamos acostumados a reverenciar o poder, de várias maneiras. É alguémsubir na vidaque logo começa a receber um tratamento mais respeitoso. É como se o posto que cada um ocupa mudasse a qualidade humana das pessoas. Não será por isso que alguns são chamados de “excelênciamesmo quando não têm atitudes tão excelentes assim para com os outros? Por esses e outros motivos o poder fascina e muita gente vive correndo atrás dele.

O peso do prestígio do poder invade até o campo religioso. Usamos para Deus freqüentemente as mesmas imagens com que idealizamos o poder humano: Deus sentado no trono, Maria com coroa de rainha. Aliás, a Bíblia também faz isso, refletindo a cultura da época. O problema não está exatamente . O perigo está no jeito de utilizar essas imagens. Com essa noção de poder é possível até tentar dominar os outros, autoritariamente, em vez de dialogar e servir. Deus essa questão de outro jeito que nem sempre nós estamos preparados para entender.

Os “poderososnão são os outros. Cada um de nós pode fabricar seus própriostronos” e olhar o próximo de cima, de forma opressora, indiferente ou superior.

Se somos realmente Igreja servidora, como Jesus sempre quis, temos quedescer” de muitostronosque criamos e tratar o irmão, qualquer irmão, como um igual, digno de respeito e precioso como filho de Deus.

Maria também proclama que Deus está bem atento e quer saciar os famintos: “Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias”. “De mãos vazias” porque começam a aprender a compartilhar. Repartir significa prolongar a generosidade de Deus criador. Quando se libera do egoísmo humano, sobra para cobrir a necessidade de todos. Ninguém é pobre quando sabe amar. Quando não for capaz de amar, embora uma pessoa seja rica, na verdade ela é muito pobre.

Temos famintos de todo tipo: gente com fome de pão, de saúde, de respeito, de afeto, de cidadania, de perdão e d Deus. Jesus e Maria nos chamam a ser Igreja que vai ao encontro de todas as fomes e carências humanas, sendo sinal da presença desse Deus que Maria anunciou em seu canto, Magnificat.

P. Vitus Gustama,svd
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COMER A CARNE E BEBER O SANGUE DE JESUS 

XX DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO B

Texto de Leitura: Jo 6,51-58
 
A palavra que se repete no texto deste dia, dentro do discurso de Jesus sobre o Pão da vida é “carne”. A palavracarne” designa tudo o que constitui a realidade do homem com suas possibilidades e debilidades (Jo 1,14;3,16;8,15). A carne designa aqui o ser humano, considerado sob o aspecto de ser material, sensível e perceptível.

Comer a carne e beber o sangue de Jesus significa incorporar-se, fusionar. É entrar em comunhão de amor e de destino. Tomar o Corpo e o sangue, além disso, é reconhecer a vida do Espírito na carne e no sangue da humanidade (cf. 1Cor 3,16-17). A humanidade que sofre, que busca, que dá a luz ao mundo com dor; a humanidade que se alegra, que canta e dança. Humanidade de ricos e de pobres, humanidade de pecadores e de santos.

A eucaristia proporciona uma comunhão real de vida e de destino com a pessoa de Jesus. Seu corpo nos faz participarmos na ressurreição, nos faz vivermos por Cristo que é vida para sempre.

três efeitos da Eucaristia que o discurso sobre o Pão da vida nos indica:

1. A vida eterna e a ressurreição

Quem come minha carne e bebe meu sangue tem vida eterna e Eu o ressuscitarei”. Na Eucaristia comungamos o Cristo vivo ressuscitado. E este corpo ressuscitado passa a ser em nóssemente” de vida divina. No momento da Ceia Jesus falará do banquete celestial onde reunirá de novo seus amigos: “Não beberei mais do fruto da vinha até o dia em que beberei convosco o vinho novo no Reino do meu Pai”. Vamos caminhando até este encontro feliz.

2. A imanência recíproca de Cristo e do cristão

Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele”. Nós sabemos muito bem o que significa o estar com alguém a quem se ama. É ser feliz com ele. A vocação de todo homem é estar com Deus, permanecer em Deus e estar com os irmãos. É o tema fundamental da Aliança, que se expressou, ao curso da história da salvação, na Sagrada Escritura, por fórmulas cada vez mais intimas: “Vós sereis meu povo, e Eu serei vosso Deus”, “Meu amado está comigo e Eu estou com ele”, “Permanecei em Mim e Eu em vós”.

3. A consagração do cristão a Cristo

Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim”.  Jesus consagrou sua vida ao Pai, viveu totalmente para Ele. Por sua vez, ele nos pede vivermos para Ele para alcançar a comunhão plena com o Pai.

Por isso, comungar o Corpo e Sangue do Senhor não é uma coisa mágica e automática. É um compromisso sério para viver a vida como Cristo a viveu: Viveu somente para o bem. Ensinou somente para indicar o caminho para o bem e para alcançá-lo. Usou até palavras duras comohipócrita”, “vida como um túmulo: belo por fora, podre por dentropara dizer-nos que vale a pena largar outros interesses em função do bem e da verdade      

P. Vitus Gustama,svd

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