sexta-feira, 21 de setembro de 2012


   QUEM MORRE POR TODOS É O SENHOR DE TODOS


XXV DOMINGO DO ANO LITÚRGICO B
23 de Setembro de 2012
 

                                                         Texto: Mc 9,30-37

 

             Este texto faz parte de uma seção chamada: “O caminho de Jesus e dos discípulos”(8,22-10,52). Este conjunto começa com a cura do cego(8,22-26) e termina com a cura de outro cego(10,46-52). Com isso Marcos quer nos mostrar que os discípulos continuam a não compreender a identidade de Jesus e sua missão. Através desta seção central do seu Evangelho Marcos trabalha com grande habilidade para apresentar o verdadeiro Cristo aos fiéis da sua comunidade para que eles possam saber como eles devem se comportar como verdadeiros seguidores de Cristo. No início e no fim desta seção, Marcos coloca o tema de como dom de Deus. A faz ver claramente quem é Jesus. Mas a visão clara que se tem de Jesus não vem de uma vez. Com a ajuda do próprio Jesus, veremos mais claro e com maior nitidez quem Ele é. A também faz ver o caminho que Jesus trilhou e que devemos trilhar. Assim a seção começa e termina com a cura de um cego(8,22-26; 10,46-52). E essas duas curas têm uma função simbólica: para mostrar a cegueira dos discípulos. Elas também lembram o leitor de que é Jesus quem faz possível a daqueles que acreditam nele e O seguem no Seu caminho.

 
1. Poder e Autoridade
           Pelo caminho os discípulos discutiam quem era o maior entre eles”(cf. v. 34). Trata-se de uma discussão sobre o poder e não sobre quem tem a autoridade e liderança.
           A partir da concepção de Max Weber, James C. Hunter(um escritor americano) define o poder como a faculdade que uma pessoa tem, por causa de sua posição ou força, de forçar ou coagir os outros a fazerem sua vontade mesmo que eles preferissem não fazê-lo(veja: O Monge e o Executivo: Uma história sobre a essência da liderança; e  Como Se Tornar Um Líder Servidor,  os dois livros da editora Sextante). Os “funcionários”/súditos fazem tudo porque o “patrão” mandou que o fizessem para não serem despedidos. Os outros fazem funcionar simplesmente a vontade de quem tem o poder. Quem tem o poder geralmente impõe aos outros suas decisões, muitas vezes através dos meios injustos como opressão, repreensão, tortura, ameaça, execução etc.. O poder não respeita a liberdade humana, por isso ele não faz que os homens se tornem bons.  O poder obriga e impõe o silêncio. Quem tem poder geralmente não se preocupa com a ética.
           O contrário do poder é a autoridade. O mesmo James C. Hunter define a autoridade como a habilidade que uma pessoa tem de levar os outros a fazerem de boa vontade o que ela quer por causa de sua influência pessoal. Por causa de sua habilidade um líder acaba convencendo os outros a fazerem determinada coisa mais por causa deles do que do líder. Em outras palavras, uma pessoa que tem a autoridade diz para os outros: “Farei isso por você”. Quem tem a autoridade tem liderança. “Liderar significa conquistar as pessoas por meio de caráter, envolvê-las de forma que coloquem seu coração, mente, espírito, criatividade e excelência a serviço de um objetivo”(J.C. Hunter). Quem tem autoridade geralmente tem responsabilidade mora e ética. Autoridade e responsabilidade são inseparáveis.
 
2. Comunidade cristã e Serviço
           Quem quer ser o primeiro que seja o último de todos e servidor de todos” é o recado de Jesus para todos os que querem segui-Lo.
           A palavra chave na exortação de Jesus é “serviço”. O caminho de serviço aos demais se concretiza através do sacrifício da própria vida para que todos possam viver. Ao contrário, o caminho do poder não deixa os outros viverem porque quem tem o poder se preocupa somente com os próprios interesse.
           O caminho de Jesus é o caminho do serviço, pois ele sacrifica a própria vida pela salvação de todos: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”(Jo 10,10), e “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos”(Jo 15,13), diz Jesus. Jesus vive uma vida de amor e de serviço. Para Jesus a maior honra é medida pelo maior serviço e sacrifício pelo bem de todos. E quem morrer por todos será chamado de Senhor e será o Senhor de todos. Por esta razão Jesus é o Senhor de todos nós.
           Por essa razão, para os cristãos está bem claro que a autoridade não pode exercer-se legitimamente como poder, mas como serviço. Por isso, um dos vícios fundamentais que incapacitam para o exercício da autoridade é o vício de querer mandar e impor a própria vontade. Quem tem a tendência de querer mandar e impor não é apto para o exercício da autoridade. Mas os que estão capacitados e têm vontade firme de servir para o bem comum são aptos para exercer a autoridade. A autoridade é o autêntico serviço para a comunidade.
           Isto quer dizer também que na comunidade cristã, quem ocupa o primeiro lugar deve prescindir de todos os sinais de grandeza. Na comunidade cristã nãograu de importância, há somente iguais que exercem as funções diferentes. A comunidade cristã é o lugar onde cada um celebra a própria grandeza através da prestação de serviço, de acordo com os dons recebidos de Deus, aos irmãos, especialmente aos necessitados para o bem do Reino de Deus. A importância do lugar que cada um ocupa está em ocupá-lo bem a fim de que os outros possam crescer por meio dos próprios dons.
           Muitas vezes temos dificuldade de compreender o caminho de Jesus porque a ambição e a vontade de querer ocupara o primeiro lugar a fim de mandar mais nos outros estão enraizados em nós.
           Por isso, em cada Eucaristia da qual participamos somos convidados a renovar os nossos compromissos como verdadeiros seguidores de Cristo. Celebrar a Eucaristia é celebrar a . E a é uma amizade, uma celebração pessoal, uma confiança e por isso, é uma vivência, uma experiência, e não é um costume social, ou uma rotina por preceito nem um ativismo tradicional ou de uma soma de ritos ou de atos semimágicos. Numa relação pessoal, o mais importante é uma pessoa, um Alguém com quem convivemos, com quem entrelaçamos nossa vida, um Alguém com quem contamos, a Quem consultamos em qualquer momento antes de tomarmos qualquer decisão, um Alguém cujas idéias devem influenciar e informam nossas idéias, e, portanto, nossa vida, um Alguém cuja vida é um modelo a seguir e imitar. Esse Alguém é Jesus Cristo. Por isso, a é algo muito mais profundo, mais sério e mais vital do que imaginamos.
           Portanto, precisamos estar conscientes sempre de que toda vez que comungamos em cada Eucaristia, comemos “o Corpo do Senhor entregue por” e bebemos “o Seu Sangue derramado por”. Isto significa que a vida de Jesus deve ser a nossa vida e a sua missão deve ser a nossa missão. Aqueles que assumem e interiorizam as propostas de Deus e se deixam conduzir por elas são aqueles que vivem de acordo com a Sabedoria de Deus, uma sabedoria que leva o homem ao encontro da verdadeira felicidade, da verdadeira realização, da vida plena. Aquele que vive segundo a sabedoria do mundo fecha-se no próprio orgulho e na própria auto-suficiência que somente o leva a uma felicidade fictícia. Hoje está alegre e amanha estará na solidão de uma vida sem sentido. Você decide!!!
 
P. Vitus Gustama,svd

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