terça-feira, 13 de novembro de 2012

O REINO DE DEUS ESTÁ EM NÓS E ENTRE NÓS
NOSSA RESPONSABILIDADE EM CADA INSTANTE

 
Quinta-feira, 15 de Novembro de 2012
 
Texto de Leitura: Lc 17,20-25

Naquele tempo, 20os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.  22E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. 24Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. 25Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”.

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Os fariseus voltaram a fazer sua pergunta para Jesus, e desta vez sobre o quando da vinda do Reino de Deus (o momento exato da vinda do Reino de Deus). Trata-se de uma pergunta apocalíptica. Este tipo de pergunta normalmente surge no momento de crise como no da perseguição ou no momento da ocupação estrangeira em que o povo local sofre bastante ou em outras situações semelhantes.

Na verdade, cada um de nós já passou por um momento de crise (mas de outro nível) na vida familiar, matrimonial, profissional, religiosa e assim por diante, em que começamos a questionar sobre a existência de Deus e Sua justiça. Dentro deste tipo de questionamento o que queremos é que Deus intervenha na questão para que sejamos livres de uma situação sufocante. No meio de pessoas com tais crises cada um de nós como cristão é, na verdade, a resposta de Deus na terra, como escreveu São Paulo: “Vós sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus” (Ef 2,19-20), e “Vós sois uma carta de Cristo... escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, em vossos corações” (2Cor 3,3). Os que perguntam sobre Deus devem conseguir ler algo de Deus em cada um de nós, em nosso modo de viver e conviver, em nossa maneira de agir e reagir, na maneira de fazermos as coisas como seguidores de Cristo. Que as pessoas possam dizer sobre nós: “Eles são de Deus, pois são muito humanos e fraternos”.

Era assim a experiência do povo eleito. No tempo de perseguição e de domínio estrangeiro na Palestina o povo começou a se interessar sobre a chegada do Reino de Deus para acabar com a perseguição e o domínio do poder estrangeiro que era considerado como um poder pagão (impuro). Na mente dos fariseus estava viva a memória da libertação da escravidão do Egito que despertava a esperança de acontecer a mesma libertação, que desta vez, do poder estrangeiro (romano) instalado na Palestina.

A memória nos ajuda a encurtarmos a distância e o tempo. A memória nos leva, mentalmente, para os acontecimentos passados. A memória, se for usada corretamente, nos ajuda a renovarmos as forças para continuar nossa luta ou para melhorar a qualidade de nossa vida. Dizia o filósofo Sören Kiekergaard: A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente”. Muitas vezes começamos a entender o sentido de uma experiência depois que nos distanciamos do seu acontecimento e depois que criamos um momento de silêncio e de reflexão. Para quem acredita em Deus não há a coincidência e sim a providência. Por incrível que pareça, Deus nos fala sobre muitas coisas de nossa vida em todos os momentos. A vida e o universo são o livro divino em que Deus escreveu algo sobre nós e obviamente sobre Ele próprio. Basta termos tempo para lê-lo na tranqüilidade de nossa meditação. Talvez sejamos ainda “analfabetos” na fé e por isso, não somos capazes de ler algo escrito por Deus na vida e no universo.

E na época de Jesus havia bastante movimentos apocalípticos ou uma verdadeira febre sobre o fim do mundo que tentavam calcular o tempo através da leitura ou interpretação dos acontecimentos extraordinários como guerras, doenças epidêmicas e assim por diante, e fixar uma data no calendário sobre a vinda do Reino de Deus. Creio que não estamos longe deste tipo de pensamento. Quantos movimentos, na nossa época, que marcam até a data do fim do mundo, no entanto, o mundo continua a girar. Por isso, Jesus nos alerta hoje: “Não deveis ir, nem correr atrás”.

Jesus respondeu aos fariseus com as seguintes palavras: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”. As palavras de Jesus são muito profundas. O Reino de Deus é o Reino de amor, de corações, de sentimentos fraternos, de fé, de fidelidade, de entrega pelo bem de todos a exemplo do próprio Jesus e por isso, está ao alcance de todos. Em Jesus se realiza o Reino de Deus: “O Reino de Deus está entre vós”. Jesus é o Rei de amor, de fraternidade, de dignidade, de igualdade, de compaixão, de reconciliação, de esperança e assim por diante. Vivendo como Jesus viveu será cumprido em nós o que o Senhor nos disse hoje: “O Reino de Deus está entre vós”. Se não vivermos como Jesus viveu, o Senhor e os outros vão nos dizer: “O Reino de Deus não está entre vós”, pois “Não existem sinais premonitórios extraordinários, externos à historia humana, que possam dispensar o homem da liberdade e da responsabilidade pessoal.  O Reino de Deus diz respeito à história humana confrontada com a ação e a presença de Deus, como revelado naquilo que Jesus faz e diz [cf. Lc 11,20]” (Rinaldo Fabris).

Através de Sua Palavra de hoje Jesus nos faz um apelo à responsabilidade humana de nos prepararmos, com toda a liberdade e seriedade para o encontro com o Senhor diariamente, pois “O Reino de Deus está entre vós”. A consciência da presença do Reino de Deus entre nós muda nossa maneira de viver e conviver, nos coloca na ordem das coisas e da escala de valores e de prioridades, nos serena apesar de tudo, nos tira de qualquer desespero, no nos faz correndo, de cá para lá, em busca de fatos extraordinários. Observando as palavras de Jesus e sua maneira de viver faz com que percebamos o senhorio absoluto de Deus na história humana. Quem deixar Deus como Senhor de sua vida, será transformado em manifestação de Deus neste mundo e todos vão perceber e dizer: “O reino de Deus está nele”.


P. Vitus Gustama,svd

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