segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

09 de Janeiro

FÉ NO MEIO DA TEMPESTADE

Texto: Mc 6,45-52

Depois de saciar os cinco mil homens, 45Jesus obrigou os discípulos a entrarem na barca e irem na frente para Betsaida, na outra margem, enquanto ele despedia a multidão. 46Logo depois de se despedir deles, subiu ao monte para rezar. 47Ao anoitecer, a barca estava no meio do mar e Jesus sozinho em terra. 48Ele viu os discípulos cansados de remar, porque o vento era contrário. Então, pelas três da madrugada, Jesus foi até eles andando sobre as águas, e queria passar na frente deles. 49Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e começaram a gritar. 50Com efeito, todos o tinham visto e ficaram assustados. Mas Jesus logo falou: “Coragem, sou eu! Não tenhais medo!” 51Então subiu com eles na barca, e o vento cessou. Mas os discípulos ficaram ainda mais espantados, 52porque não tinham compreendido nada a respeito dos pães. O coração deles estava endurecido.
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A cena relatada no evangelho de hoje nos apresenta de maneira simbólica a situação em que se encontra a comunidade cristã primitiva depois da ressurreição de Jesus. A comunidade se encontra no meio de dificuldades (tempestade) e sente a ausência de Jesus Cristo. As ondas e o mar representam no AT as forças do mal que Deus vence com seu poder (Sl 77; Jó 9,8;38,16). Mas agora é Jesus quem vence a esta força maligna. Sua manifestação aos discípulos neste episódio tem todas as marcas dos relatos de aparições: a cena tem lugar de noite, o mesmo que a ressurreição do Senhor; Jesus vem ao encontro dos seus (cf. Jo 20,19); os discípulos crêem ver um fantasma (cf. Lc 24,37s); finalmente, Jesus se apresenta afirmando sua identidade: “Coragem, sou Eu! Não tenhais medo!”.

 

Marcos também nos relata que Jesus “subiu ao monte para rezar”. Em geral, oração solitária de Jesus precede ou segue a algum acontecimento muito importante. Aqui, sua oração precede a sua manifestação como Filho de Deus.

          
Ao olhar para o modo de viver de Jesus, percebemos a dupla dimensão de seu ministério: a oração e a ação, a solidão e a solidariedade, a intimidade mais profunda com o Pai e o engajamento mais radical no serviço dos necessitados. Em Jesus as duas dimensões são vividas não só como complementares, mas como necessariamente referidas uma à outra. A vida se põe na oração e a oração se traduz na vida. A vida antes de ser vivida, é rezada.

          

Enquanto Jesus está se retirando para orar, os discípulos se encontram no meio da noite lutando contra a tempestade. Evidentemente eles estão atormentados. O barco agitado pelas ondas representa a Igreja sacudida pelas forças opostas e que por isso se sente impotente, frágil e abandonada e que luta para encontrar um rumo certo.

          
Muitas vezes, no meio das dificuldades, pensamos que somos nós os que temos que fazer triunfar a Igreja com a nossa luta. Esquecemos que o único que pode salvar a Igreja é Jesus Cristo. Nesses momentos Jesus aparece para nos salvar.

          
Quando Jesus vem ao encontro dos discípulos, o medo se torna maior, pois acham que é um fantasma, pois eles não reconhecem Jesus. E quando eles não reconhecem Jesus, acabam tendo medo dos fantasmas que eles mesmos criam. Nessa altura Jesus se dá conhecer: “Coragem! Sou Eu”. Esta frase é suficiente para acalmar os discípulos.

          
Deixemos que esta frase “Coragem! Sou Eu! Não tenhais medo!” penetre em nós, nos momentos mais difíceis de nossa vida. Quando ouvirmos a voz do Senhor, a paz estará presente no nosso coração, ainda que estejamos rodeados pelas provações ou dificuldades.

          
A mensagem do texto é nitidamente eclesiológica. A cena simboliza a relação de Cristo com todos nós como a Igreja. A barca no meio da tempestade e no meio da noite representa a Igreja. E Jesus se revela como “Eu sou”, o Deus-Conosco (Mt 1,23;28,20). Jesus está sempre unido à sua Igreja. Quando estamos longe dele ou nos afastamos dele, como os discípulos, nós sentimos o medo e o pavor. Mas estes desaparecem no fim da noite, quando Jesus vai ao nosso encontro. Aparentemente, Jesus está ausente quando nos encontramos no meio da tempestade desta vida ou em perigo de morte. Mas, na realidade, Jesus está sempre unido a cada um de nós, como sua Igreja, orando por nós, pois ele é o nosso Emanuel (Mt 1,23;18,20;28,20). E na hora certa ele vai manifestar o seu poder, libertando-nos do medo e infundindo-nos ânimo: “Coragem! Sou Eu! Não tenhais medo!”, assim ele nos diz, como disse aos discípulos.

          
Por isso, temos que perseverar na fé, mesmo quando agitada e açoitada pelas ondas e pelos ventos de provações e de perseguições, quaisquer que sejam as dificuldades e os obstáculos no caminho que temos que percorrer para ir ao encontro com Jesus e para obedecer à missão recebida dele.

 
P. Vitus Gustama,svd

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