quarta-feira, 20 de março de 2013

GUARDAR A PALAVRA DE DEUS É VIVER PARA SEMPRE  

 

Quinta-feira da V Semana da Quaresma
21 de Março de 2013
 
Textos de Leitura: Gn 17,3-9; Sl 105,4-9; João 8,51-59

Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: 51Em verdade, em verdade eu vos digo: se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”. 52Disseram então os judeus: “Agora sabemos que tens um demônio. Abraão morreu e os profetas também, e tu dizes: ‘Se alguém guardar a minha palavra jamais verá a morte’. 53Acaso és maior do que nosso pai Abraão, que morreu, como também os profetas? Quem pretendes ser?”  54Jesus respondeu: “Se me glorifico a mim mesmo, minha glória não vale nada. Quem me glorifica é o meu Pai, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus. 55No entanto, não o conheceis. Mas eu o conheço e, se dissesse que não o conheço, seria um mentiroso, como vós! Mas eu o conheço e guardo a sua palavra. 56Vosso pai Abraão exultou, por ver o meu dia; ele o viu, e alegrou-se”. 57Os judeus disseram-lhe então: “Nem sequer cinquenta anos tens, e viste Abraão!” 58Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo, antes que Abraão existisse, eu sou”. 59Então eles pegaram em pedras para apedrejar Jesus, mas ele escondeu-se e saiu do Templo. (Jo 8,51-59)

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No evangelho de hoje a chave para entender o texto é a vida: os que crêem em Jesus, além de ser livres (evangelho do dia anterior), tem vida em plenitude e jamais verão a morte: ”Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte” (Jo 8,51). Quem guarda a Palavra de Jesus com e a converte em algo determinante para sua vida, jamais verá a morte. A morte física não interrompe a vida nem é uma experiência de destruição para quem guardar a Palavra de Deus. A vida que Jesus comunica não conhece fim (cf. Jo 3,16; 5,21; 11,25). Acreditar em Jesus e viver de acordo com sua Palavra significa não parar de existir. Jesus oferece a vida eterna àqueles que escutam e põem em prática sua Palavra, tal como ele a ofereceu a Nicodemos (Jo 3,6); à Samaritana (Jo 4,14); aos judeus de Jerusalém (Jo 5,24); aos galileus (Jo 6,40. 47). Para o evangelista João, manter-se fiel à Palavra de Jesus dá a vida, tal como Jesus recebe a plenitude da vida gloriosa do Pai, porque se mantém obediente e guarda sua Palavra.


O texto do evangelho de hoje termina com as mais escandalosas afirmações que o homem algum jamais pode fazer de si mesmo: “Em verdade, em verdade vos digo, antes que Abraão existisse, eu sou”. Na verdade, no prólogo do seu evangelho João já  tinha afirmado isso: ”No principio era o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1,1). Jesus como o Verbo de Deus quer nos dizer: “Eu existo desde sempre. Eu sempre existo”. Deus não tem passado nem futuro. Está sempre em eterno presente. Jesus foi apresentado pelo João Batista da mesma maneira: “Depois de mim, vem um homem que passou adiante de mim, porque existia antes de mim (Jo 1,30).


Se Cristo está sempre em eterno presente, temos que experimentar e sentir Sua presença em cada momento. A consciência de saber da presença eterna de Jesus diariamente na nossa vida (cf. Mt 28,20) nos ajuda a renovarmos nossas forças e nosso ânimo para continuar nossa caminhada e sempre com a companhia do Verbo Eterno.


Se nossa em Jesus Cristo for profunda, se não somente soubermos das coisas sobre ele, se estivermos em plena comunhão com ele, no modo de viver e de agir, teremos vida de Jesus , como os ramos que recebem a seiva do tronco principal (Jo 15,1-5). A vida que Jesus comunica não conhece fim (Jo 3,16; 4,34; 5,21). A morte física não interrompe a vida nem é uma experiência de destruição. Ter a vida eterna é saber que nosso destino se realiza plenamente na vida imortal de Deus. Em Deus se realizam nossos sonhos, anseios, afetos e utopias mais queridos. Deus supera todos os nossos males e todos os nossos limites. Mas muitas vezes para nós é difícil acreditar na ressurreição porque não aceitamos ainda a morte física. O pior é que ficamos revoltados diante da morte de nosso ente querido, embora ele tenha morrido naturalmente. A na ressurreição vem nos dizer que o homem não vive para morrer e sim morre para viver. Morrer não é o fim da caminhada e sim atravessar o túnel para a Luz plena. O homem, para ressuscitar, tem que morrer, como Jesus morreu e ressuscitou.


Nós cristãos guardamos a Palavra de Jesus e esperamos por ela a vida eterna. Guardar essa Palavra significa vivê-la cada dia, fazê-la realidade em nosso trato com os demais, realizar o mandato de Jesus de amar aos irmãos com o amor com que nos amou até o fim. Ter vida eterna é saber que nosso destino se realiza plenamente na vida imortal de Deus. Em Deus chegaremos à perfeição para os nossos sonhos, nossos afetos e assim por diante.


Na véspera da Páscoa, a festa da vida para Jesus, ainda que seja através de sua morte, também sentimos a chamada à vida. A Páscoa é a festa da vida para os cristãos. A Páscoa é o dia de nossa salvação. Na Páscoa os cristãos querem renovar e reafirmar seu sim à vida. A Páscoa deve ser, por isso, uma sintonia sacramental e profunda com Cristo que atravessa a morte para a vida.


A Eucaristia diária é a Páscoa diária. E para os que celebram e participam da Eucaristia Jesus assegura: “Quem comer meu Corpo e beber meu Sangue terá a vida eterna e eu o ressuscitarei no ultimo dia” (Jo 6,54). A Eucaristia, memória sacramental da primeira Páscoa de Jesus é também uma antecipação da Páscoa eterna para a qual somos convidados. Tudo de Jesus na terra é uma antecipação daquilo que é eterno. Vivemos na terra aquilo que é do céu por causa de Jesus Cristo. Será que temos consciência disso tudo que não é pouca coisa: a vida eterna na terra?!


P. Vitus Gustama,svd

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