domingo, 14 de abril de 2013

PÃO DA VIDA  É O PRÓPRIO JESUS

SER PÃO PARA OS DEMAIS

Terça-feira da III Semana da Páscoa
16 de Abril de 2013
Texto de Leitura: Jo 6, 30-35

Naquele tempo, a multidão perguntou a Jesus: 30 “Que sinal realizas, para que possamos ver e crer em ti? Que obras fazes? 31Nossos pais comeram o maná no deserto, como está na Escritura: ‘Pão do céu deu-lhes a comer’”. 32Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo, não foi Moisés quem vos deu o pão que veio do céu. É meu Pai que vos dá o verdadeiro pão do céu. 33Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. 34Então pediram: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. 35Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”.

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O “milagre” (= sinal) da multiplicação dos pães e dos peixes foi um acontecimento de tal profundidade que se constitui para o evangelista João num verdadeiro exemplo de uma leitura simbólica. Jesus convida a multidão a ir além do sinal da multiplicação dos pães e dos peixes.


No Evangelho de hoje, as pessoas simples pedem a Jesus “sinais”: “Que sinais tu realizas para que possamos ver e crer em ti?”. O “milagre” de partilha generosa dos pães não foi suficiente para levá-las à verdadeira fé. Exigem sempre mais. E quase como provocando-lhe, disseram que Moisés havia feito sinais: o maná que proporcionou aos seus na travessia do deserto. Elas não saem de seu horizonte habitual: trabalhar… comer… O povo permanece no nível superficial da fé: quer uma solução fácil para seus problemas materiais. Por mais espetaculares que sejam os milagres, as pessoas continuam na sua desconfiança sobre a identidade de Jesus como Filho de Deus apesar de estar diante do milagre do Pai que é seu Filho Jesus, prova de sua benevolência para a humanidade faminta. Jesus é o sinal permanente do amor do Pai que indica o caminho para chegar ao Pai. Quem o acolhe, coloca-se no caminho da salvação. Qualquer outro sinal (milagre)  seria inútil, se este sinal fundamental não fosse percebido.


Jesus busca despertar nas pessoas, a partir de suas necessidades materiais, aspirações mais altas, de ordem religiosa e espiritual, mas sempre com conseqüências na convivência humana diariamente. Assim literariamente o evangelista construiu a cena para dar lugar à continuação ao discurso de Jesus sobre o Pão verdadeiro.


Todo o discurso seguinte vai ser como uma homilia em torno do tema do pão: o pão que Jesus multiplicou no dia anterior, o maná que Deus deu ao povo no deserto, e o Pão que Jesus quer anunciar. A frase crucial é uma citação do Sl 77,24: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”.


Aqui se estabelece o paralelismo entre Moisés e Jesus, entre o pão que não sacia e o pão que dá vida eterna, entre o pão com minúscula e o Pão com maiúscula. A partir da experiência da multiplicação e da recordação histórica do maná, Jesus conduz seus ouvintes para a inteligência mais profunda do Pão que Deus lhes quer dar, que é ele mesmo, Jesus Cristo. Se no deserto o maná foi a prova da proximidade de Deus para com seu povo, agora o mesmo Deus quer dar para a humanidade o Pão verdadeiro que é Jesus em quem devemos acreditar.


“Senhor, dá-nos sempre desse pão”. O homem de hoje está sedento, está faminto e não sabe de quê? Por isso, há uma busca sem trégua tratando de encontrar algo que possa o saciar verdadeiramente. Ele o busca no prazer, no poder, na fama, no dinheiro e assim por diante. Quem vive somente em função do prazer é porque não tem prazer de viver. Afinal, o resultado é sempre o mesmo: vazio e solidão. Somente Jesus é o Pão que sacia. Somente a vida no amor de Deus pode dar sentido à vida: “Eu sou o Pão da vida. Quem vem a mim, não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). Somente seu amor enche nossos vazios e nossas solidões. A vida em Cristo se transforma em plenitude. Por isso, quem tem Cristo tem tudo, quem não O tem, não tem nada.


Enquanto não crermos plenamente em Jesus Cristo, nosso ser andará buscando saciar sua sede e sua fome em qualquer lugar. Por isso, nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Deus e se nutrir do Pão da Vida que é seu Filho Jesus Cristo através de uma plena e verdadeira comunhão com Ele. Uma vez que crermos em Jesus de todo coração, uma vez que nascermos do Espírito Santo, então nos daremos conta de que não teremos sede jamais. Simplesmente viveremos na Presença do grande Eu-Sou.


Quem se alimenta é porque quer continuar vivendo. Mas o alimento temporal somente prolonga nossa vida por um pouco tempo. O Senhor Jesus nos dá vida eterna. Quem O aceitar, terá essa vida. Mas ter a vida não significa somente usufruí-la de um modo egoísta. A vida é como um fruto que os demais devem usufruir, pois, junto com eles, estaremos trabalhando para que todos vivam com maior dignidade. Nós nos alimentamos de Cristo para poder alimentar o mundo, convertidos em pão de vida e deixando de ser, para o mundo, um pão venenoso, podre e deteriorado. Pode até ser pão duro, mas depois tem que ser colocado no forno para virar torrada.


Comungar o Pão Eucarístico, o próprio Corpo do Senhor significa ser pão para os demais. O cristão é chamado a ser pão, a ser alimento, a ser vida para os outros a exemplo de Cristo Jesus. Ser pão significa que já não posso mais viver para mim e sim para os demais. Significa que tenho que estar inteiramente disponível a tempo completo. Significa que eu devo cultivar a ternura e a bondade porque assim é o pão, terno e bom. Significa que devo estar sempre disposto ao sacrifício como o pão que se deixa triturar. Significa que devo viver sempre no amor capaz de morrer para dar vida aos demais, como o pão.


P. Vitus Gustama,svd

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