sexta-feira, 5 de julho de 2013

JEJUM E NOVIDADE DE CRISTO

 
SER CRISTÃO É VIVER NA NOVIDADE RADICAL


Sábado da XIII Semana Comum
06 de Julho de 2013
 
Texto de Leitura: Mt 9,14-17


Naquele tempo, 14 os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15 Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão. 16 Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgão fica maior ainda. 17 Também não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam”.

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O texto do Evangelho de hoje fala sobre o jejum. Mas, no contexto do evangelho deste dia, não deveríamos entender a polemica sobre o jejum dentro do contexto da prática ascética, isto é, privar-se da comida e da bebida com uma finalidade de penitência ou de solidariedade com os necessitados, repartindo o que temos com eles.


É evidente que o jejum continua tendo sentido para os cristãos. É um melhor meio para expressar nossa humildade e nossa conversão aos valores essenciais diante de uma sociedade dominada pelo consumismo desenfreado. Até os judeus piedosos jejuavam duas vezes na semana (segunda-feira e quinta-feira), como também os seguidores de João. O próprio Jesus jejuou no deserto (cf. Mt 4,2). A Igreja, como sempre, também recomenda o jejum, particularmente na Quaresma e pelo menos, uma hora antes da comunhão eucarística, como está escrito no Código de Direito Canônico: “Quem vai receber a santíssima Eucaristia abstenha-se de qualquer comida ou bebida, excetuando-se somente água e remédio no espaço de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão” (CIC, Cân. 919). Fala-se de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão e não uma hora antes da missa. Mas podemos entender mal as motivações do jejum ou até cair no egoísmo e no orgulho. Por isso, a mesma Igreja, nos alerta para duas dimensões essenciais do jejum: a sua referência a Cristo e a sua dimensão de solidariedade. Também jejuamos para nos tornarmos sensíveis à fome e à sede de tantos irmãos e para assumirmos a nossa responsabilidade na resolução dos problemas dos pobres e carentes. O verdadeiro jejum é dividir o que temos para oferecer a quem nada tem para viver. É dar nossas roupas para cobrir quem está sem nada para se vestir (cf. Mt 25,31-46). Sabemos que jamais podemos arrancar totalmente o sofrimento alheio, mas uma parte dele pode ser aliviada com nossa solidariedade e compaixão. Ninguém pode entrar no céu feliz deixando o irmão passando fome e outras necessidades básicas para um ser humano viver dignamente.


Mas no contexto do evangelho de hoje o jejum deve ser entendido como sinal da espera messiânica. É uma controvérsia que os discípulos de João provocam, e que essa polêmica se refere à aceitação ou não de Jesus Cristo como o enviado de Deus. Essa polêmica tem como fundo a queixa de Jesus. Os discípulos de João e os fariseus não reconhecem Jesus como o enviado de Deus e, por isso, não mudam de vida. Por esta razão Jesus põe três comparações sobre si próprio: Primeiro, Jesus é o noivo ou esposo e, portanto, todos deveriam estar de festa e na festa e não de luto. Segundo, Jesus é o traje novo que não admite qualquer remendo ou algo de coisa velha posto no novo. Terceiro, Jesus é o vinho novo que não pode ser colocado nos odres velhos. Os discípulos de João deveriam aprender a lição porque João chama a si mesmo de “o amigo do noivo” (Jo 3,29).


O que Jesus quer ensinar através do texto do Evangelho de hoje é a atitude que os seus seguidores devem ter: a festa e a novidade radical. Estando com Cristo e sabendo que Cristo está com eles, os cristãos não devem viver tristes. O cristianismo é, sobretudo, festa porque se baseia no amor de Deus, na salvação que nos oferece em Cristo Jesus, na vida que não termina com a morte, pois Cristo Jesus venceu a morte através de sua ressurreição. Esse mesmo Cristo Jesus nos comunica sua vida e sua graça na Eucaristia que nos faz vivermos a vida na alegria e na graça apesar de suas dificuldades, pois nosso Deus é o Deus-Conosco.


Por isso, viver em Cristo e viver com Cristo significa viver na novidade radical. Crer em Jesus Cristo e segui-Lo não significa mudar apenas alguns pequenos detalhes, ou por uns remendos novos para um traje velho ou guardar o vinho novo da fé nas estruturas caducas do pecado. Seguir Jesus significa mudar o vestido inteiro, é mudar de mentalidade para enxergar além das aparências, para ampliar o horizonte. É ter um coração novo que prefere a misericórdia ao sacrifício (Mt 9,13) . Seguir Cristo significa que os seus ensinamentos devem afetar toda a nossa vida e não somente umas orações ou práticas piedosas. As praticas religiosas isoladas do compromisso com a vida e com os necessitados não nos levam para Deus.

P. Vitus Gustama,svd

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