domingo, 25 de agosto de 2013

 
TALENTOS RECEBIDOS PARA SEREM MULTIPLICADOS


Sábado da XXI Semana Comum
31 de Agosto de 2013


Texto de Leitura: Mt 25,14-30

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: 14 ”Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou. 16 O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco. 17 Do mesmo modo, o que havia recebido dois lu­crou outros dois. 18 Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão. 19 Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. 20 O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. 21 O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ 22 Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. 23 O patrão lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ 24 Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. 25 Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. 26 O patrão lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? 27 Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’. 28 Em seguida, o patrão ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! 29 Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30 Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes!”

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Na parábola dos talentos o amo distribui para seus empregados suas riquezas (isto é, os interesses do Reino) tendo em conta as possibilidades de cada um, ainda que seja um só talento dado, e não quer exigir mais do que os empregados podem fazer. “Faze o que podes. Deus não te pede mais”, dizia Santo Agostinho (Serm. 128, 10,12). “Deus não leva em conta teus talentos, mas tua disponibilidade. Sabe que fazes o que podes, mesmo que fracasses no resultado, e contabiliza em teu favor o que tentaste fazer e não pudeste, como se o tivesses conseguido”, acrescentou Santo Agostinho (Serm. 18,5).


O texto fala também do momento de prestar contas, ou seja, do momento de juízo e da recompensa. Neste ponto, o relato usa as mesmas palavras para os dois primeiros empregados: “servo bom e fiel”: estes empregados falam o que fizeram com os talentos e o dono não toma os talentos que multiplicaram e sim que a eles o dono dá muito mais e os associa ao gozo de sua vida.


O que acontece com aquele que recebeu só um talento? Aqui o texto se detém longamente e de forma antitética do que o texto precedente. Isto significa que o ponto alto da parábola se encontra aqui e se centra na sorte daquele que, tendo capacidade, não fez nada com o talento. Ao contrário, se preocupa em conservar intacto o talento recebido. Como qualquer que se sente culpável ou culpado, esse empregado intenta justificar-se e o faz atacando seu dono: “Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence”. Percebemos que o empregado não conhecia o seu dono, pois o que diz sobre seu amo não está certo. Ele acusa o dono de “um homem severo”, mas não foi com os outros dois empregados.


Além disso, o próprio empregado é dominado pelo medo:... fiquei com medo e escondi o teu talento no chão.  Sua atitude era realmente uma atitude de escravo, nunca chegou a conhecer o dono. Ele parece como certos cristãos que vivem com medo do Senhor (Deus), pois O veem como “juiz” e não como “Amor” (cf. 1Jo 4,8.16); não se sente como “filhos” e por isso, não se encontram sob a ação do Espírito Santo que ajuda a dizer: Abba, Papaizinho (Rm 8,15). “Deus não condena quem não pode fazer o que quer, mas quem não quer fazer o que pode”, dizia Santo Agostinho


Trata-se dos interesses do Reino, das riquezas do Senhor quando se fala dos talentos neste evangelho. Cada um tem obrigação de fazer frutificar os bens do Reino durante o tempo que a cada um foi concedido para administrá-lo (talento). Para Mateus este tempo é o tempo da Igreja, tempo de cada um de nós.


Deus confiou seus tesouros a todos os homens para serem administrados. Tudo o que temos é um bem que nos foi confiado. Deus tem confiança em nós ao nos dar “seus bens”. Eu sou “propriedade privada” de Deus. Todos os dons, todos os valores e riquezas que estão em mim, pertencem a Deus. Deus põe em jogo Sua Palavra como o faz um financista com seu capital. O empregado que recebeu um só talento, recusando mesquinhamente todo tipo de riscos, se decide por escolher uma segurança falsa, já que uma riqueza morta, sem investir, se desvaloriza. Quem não multiplica o que tem, o dilapida/ desperdiça. Quem “enterra” seu talento por medo a perdê-lo, se enterra a si mesmo e opta pela morte.


Para quem não viver uma espera ativa (as duas parábolas falam da demora da chegada do noivo [Mt 25,5] e do dono [Mt 25,19]), para quem não viver como terreno bom e fértil que dá como fruto trinta, sessenta ou cem por um (Mt 13,8.23), segundo sua situação, haverá somente condenação. Condenação é viver afastado do próprio Senhor; é viver fora de Sua casa; é viver atormentado. Por seis vezes, estes se descrevem com a imagem:Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 8,12; 13,42.50; 22,13; 24,51; 25,30). “Ninguém está tão só do que aquele que vivem sem Deus”, dizia Santo Agostinho.

P. Vitus Gustama,svd

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