sexta-feira, 4 de outubro de 2013

 
ALEGRIA DE TER NOME ESCRITO NO CÉU


Sábado da XXVI Semana Comum
05 de Outubro de 2013
 
Texto de Leitura: Lc 10,17-24

Naquele tempo, 17 os setenta e dois voltaram muito contentes, dizendo: “Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome”. 18 Jesus respondeu: “Eu vi Satanás cair do céu, como um relâmpago. 19 Eu vos dei o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo. E nada vos poderá fazer mal. 20 Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu”. 21 Naquele momento, Jesus exultou no Espírito Santo e disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22 Tudo me foi entregue pelo meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. 23 Jesus voltou-se para os discípulos e disse-lhes em particular: “Felizes os olhos que veem o que vós vedes! 24 Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não puderam ouvir”.

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Continuamos a acompanhar Jesus no seu caminho para Jerusalém durante o qual Ele passa para seus discípulos suas ultimas e mais importantes lições sobre como deve ser a vida de cada seguidor (Lc 9,51-19,28).


O texto do evangelho lido neste dia se encontra no contexto da volta dos setenta (e dois) discípulos da missão que o Senhor lhes confiou anteriormente (Lc 10,1-12). Os discípulos voltaram da missão alegres e conscientes de ter libertado os homens do mal, moral e físico pelo uso que fizeram do poder messiânico (o nome) de Jesus: “Senhor, até os demônios nos obedeceram por causa do teu nome”, relataram os discípulos a Jesus. O poder sobre o mal que os discípulos têm é o fruto de sua comunhão plena com Jesus. Estar em plena comunhão com Jesus significa estar em pleno poder de Jesus, poder que liberta e não escraviza. Somente a fé em Jesus, isto é, estar nele e com ele, pode ser derrotado qualquer poder que escraviza.


E Jesus lhes explica que uma vitória semelhante é o sinal da derrota das forças do mal que dominavam os homens até então: “Eu vi satanás cair do céu como um relâmpago” (Lc 10,18). Trata-se de uma queda brusca e rápida (relâmpago) e de uma grande altura (do céu). Altura de onde inicia a queda de uma coisa ou de uma pessoa determina o impacto sobre o que caiu ao chegar à terra. O impacto da queda depende do peso da coisa (pessoa) e da altura de onde caiu. Não construamos nosso ninho no telhado, pois o medo de cair não nos deixará vivermos felizes.


Por que caiu do céu (satanás caiu do céu)? O tema da queda de satanás do céu pertence ao mito apocalíptico judaico, em que se alude à presença de satanás sobre o céu. Certamente, segundo esse mito, seu lugar e sua função se diferenciam do lugar e da função de Deus, porém pensa-se que satanás põe o trono nas esferas superiores e domina desde ali toda a marcha dos homens sobre o mundo. Mas a chegada de Jesus abole o estado de escravidão que permite o homem ter acesso à liberdade. A presença de Jesus é a derrota do poder do mal. Basta estar com Jesus e estar nele, o triunfo do poder do mal (satanás) termina seu reinado.


Mas para não cair na ilusão do poder e na idéia de domínio, Jesus alerta aos discípulos que o mais importante é ter os nomes escritos no céu. Ter nome escrito no céu é mais importante do que qualquer poder ou domínio na terra. Esta afirmação nos leva ao Livro do Êxodo onde encontramos uma explicação: somente são aqueles que participam do Reino de Deus e vivem conforme as suas exigências têm nome escrito no céu (cf. Ex 32,32). Não há nada que seja melhor para um ser humano do que ter seu nome escrito no céu, no livro da vida: “O vencedor será assim revestido de vestes brancas. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, e o proclamarei diante do meu Pai e dos seus anjos”, diz-nos o Livro de Apocalipse de São João (Ap 3,5). Esta é a grande mensagem do evangelho de hoje.


À luz desta experiência se situa a função dos discípulos missionários. Sua vitória sobre satanás se traduz no fato de que são capazes de vencer (superar) o mal do mundo (Lc 10,19). Por isso, são declarados felizes: “Felizes os olhos que vêem o que vós vedes. Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo e não puderam ouvir” (Lc 10,23-24). Os discípulos são felizes porque estão experimentando aquela plenitude messiânica que os antigos profetas e os reis de Israel sonhavam experimentar. No entanto, mais uma vez, sua autêntica grandeza está no fato de seu encontro pessoal com Deus: seus nomes pertencem ao Reino dos céus (Lc 10,20).


Os discípulos voltaram de sua missão com alegria. Eles tocaram com suas mãos o poder da graça e por isso, os demônios se renderam ao ouvir o nome do Senhor pronunciado por eles. O apostolado é uma das maiores fontes de alegria. Quando transmitimos as palavras cheias de autoridade, isto é, aquelas que fazem outro crescer e mudar de vida para o bem a alegria enche nossa vida. No entanto, a alegria minha se tornará maior se eu souber-me filho ou filha de Deus. É o saber que Deus me quer pessoalmente, pelo meu nome; que meu nome está escrito no céu. Se ser apóstolo (ser enviado/ missionário) em si é uma fonte de alegria, ainda maior é o saber de ser amado e escolhido por Deus. Sou cristão, filho de Deus porque Ele me quer e me deu Sua graça para que eu creia n’Ele, espere n’Ele e O ame. A alegria cristã é uma realidade que não pode ser descrita facilmente porque é espiritual e também faz parte do mistério. A verdadeira fé nos dá alegria e serenidade, pois sabemos e acreditamos que Deus é nosso Pai e que nos quer e nos ama gratuitamente e sem medidas (cf. Jo 3,16; 13,1).


Para que seu nome e meu nome estejam escritos no livro da vida, no céu é preciso que aprendamos a ser pequenos e simples diante de Deus. Humildade/ simplicidade e alegria sempre caminham juntas, pois a verdadeira alegria é uma conseqüência da simplicidade e da humildade. Os pequenos e os simples se mantém abertos ao mistério de Deus e compreendem a verdade de Jesus Cristo: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos” (Lc 10,21ª). A missão se estrutura como expansão do amor em que se unem Deus e o Cristo (Filho). Nesse amor, revelado aos pequenos e escondido para todos os grandes deste mundo, se fundamenta a derrota das forças destruidoras da história. “Com o amor não somente avanço, mas vôo. Um só ato de amor nos fará conhecer melhor Jesus. O amor nos aproximará dele durante toda a eternidade. Eu não conheço outro meio para chegar à perfeição a não ser o amor”, dizia Santa Tereza do Menino Jesus e da Sagrada Face.

P. Vitus Gustama,svd

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