sexta-feira, 9 de maio de 2014

 
JESUS É A PORTA DA SALVAÇÃO

IV DOMINGO DA PÁSCOA ANO “A”
11 de Maio de 2014
 
 
Primeira Leitura: At 2,14a.36-41

No dia de Pentecostes, 14a Pedro, de pé, no meio dos Onze apóstolos, levantou a voz e falou à multidão: 36 “Que todo o povo de Israel reconheça com plena certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes”. 37 Quando ouviram isso, eles ficaram com o coração aflito, e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, o que devemos fazer?” 38 Pedro respondeu: “Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos vossos pecados. E vós recebereis o dom do Espírito Santo. 39 Pois a promessa é para vós e vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar para si”. 40 Com muitas outras palavras, Pedro lhes dava testemunho, e os exortava, dizendo: “Salvai-vos dessa gente corrompida!” 41 Os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o batismo. Naquele dia, mais ou menos três mil pessoas se uniram a eles.

Responsório (Sl 22)

— O Senhor é o pastor que me conduz,/ para as águas repousantes me encaminha.
— O Senhor é o pastor que me conduz,/ não me falta coisa alguma./ Pelos prados e campinas verdejantes/ ele me leva a descansar./ Para as águas repousantes me encaminha,/ e restaura as minhas forças.
 
— Ele me guia no caminho mais seguro,/ pela honra do seu nome./ Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,/ nenhum mal eu temerei;/ estais comigo com bastão e com cajado;/ eles me dão a segurança!
 
— Preparais à minha frente uma mesa,/ bem à vista do inimigo,/ e com óleo vós ungis minha cabeça;/ o meu cálice transborda.
 
— Felicidade e todo bem hão de seguir-me/ por toda a minha vida;/ e, na casa do Senhor, habitarei/ pelos tempos infinitos.


Segunda Leitura: 1Pd 2,20b-25

Caríssimos: 20b Se suportais com paciência aquilo que sofreis por terdes feito o bem, isto vos torna agradáveis diante de Deus. 21 De fato, para isto fostes chamados. Também Cristo sofreu por vós deixando-vos um exemplo, a fim de que sigais os seus passos. 22 Ele não cometeu pecado algum, mentira nenhuma foi encontrada em sua boca. 23 Quando injuriado, não retribuía as injúrias; atormentado, não ameaçava; antes, colocava a sua causa nas mãos daquele que julga com justiça. 24 Sobre a cruz, carregou nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Por suas feridas fostes curados. 25 Andáveis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes ao pastor e guarda de vossas vidas.

Evangelho: Jo 10,1-10


Naquele tempo, disse Jesus: 1 “Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. 2 Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3 A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4 E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. 5 Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”. 6  Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. 7 Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. 8 Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. 9 Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. 10 O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.
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1. Discurso Sobre o Bom Pastor
    

O quarto domingo da Páscoa é chamado de o Domingo do Bom Pastor porque em cada um dos três anos do ciclo litúrgico, é lida uma passagem de Jo 10 onde se fala de Jesus como o Bom Pastor, cujo tema principal são as afirmações de Jesus: “Eu sou”, “Eu sou a porta” e “Eu sou o bom pastor”. No texto deste domingo não se menciona Jesus como o Bom Pastor diretamente, somente a partir do v.11 (Ano Litúrgico B).


No evangelho de João, a palavra “pastor” faz parte do vocabulário da auto-revelação do Messias; ela é precedida da afirmação “Eu sou” (“egó eimí”).


Em Jo, sete vezes, Jesus toma a palavra para se autoproclamar:

·        6,35: Eu sou o pão da vida;

·        8,12: Eu sou a luz do mundo;

·        10,7: Eu sou a porta;

·        10,11: Eu sou o bom pastor;

·        11,25: Eu sou a ressurreição e a vida;

·        14,6: Eu sou o caminho, a verdade e a vida;

·        15,1: Eu sou a videira verdadeira.


E o discurso de Jesus sobre a porta das ovelhas e o Bom Pastor se apresenta como continuação lógica da perícope imediatamente anterior, sobre o cego de nascença (Jo 9). Os fariseus e os judeus (os guias do povo) processaram o cego curado e o condenaram (foi expulso da comunidade) por causa de sua fé no Messias (Jesus). Eles pretendiam ver sem a luz de Cristo e se consideravam os verdadeiros mestres de Israel (Jo 9,24.34.40s). Jesus declara que os fariseus e todos os que querem exercer funções pastorais no povo de Deus, sem passar pela porta do redil das ovelhas, porta que Jesus é, não podem ser pastores autênticos, mas ladrões e assaltantes. Os que querem apascentar, governar ou ensinar seus irmãos não podem ignorar o Filho de Deus, que é a porta de entrada no recinto das ovelhas, isto é, o mediador entre o Senhor e o seu povo (cf. 1Tm 2,5;Hb 8,6;9,15;12,24). Se ignorarem Cristo, eles não poderão ser verdadeiros pastores da humanidade; eles não terão condições para conduzir os homens às pastagens da vida e da liberdade; apenas provocarão danos, farão grande mal e se comportarão como ladrões e assaltantes.
   

Como o pano de fundo de Jo 10 é necessário ler dois textos do AT: Ez 34,1ss e Jr 23,1ss. Nestes textos fala-se da denúncia profética contra os maus pastores. Os maus pastores são denunciados por estarem mais preocupados em se alimentar do que em fornecer alimento para as ovelhas confiadas ao seu cuidado; em cuidar mais da própria vida do que a vida do rebanho. Em vez de tomar conta das ovelhas, eles se omitiram, e sacrificavam as mais gordas para se deliciar da sua carne e se vestir com sua lã. Os maus pastores estão preocupados com o seu conforto, com o seu bem estar, em salvar a situação pessoal e familiar, e deixam o restante se perder.


2. Jesus É a Porta Das Ovelhas
                                 

No texto do evangelho de hoje, Jesus se identifica explicitamente como a porta das ovelhas: “Em verdade, em verdade eu vos digo, eu sou a porta das ovelhas” (v.7).


A porta sugere a idéia da passagem, do limiar entre o conhecido e o desconhecido, entre o aquém e o além, entre a luz e as trevas, entre a privação e o tesouro. Ela se abre para um mistério; ao mesmo tempo leva psicologicamente para a ação: uma porta sempre convida a ultrapassá-la para sair através dela ou para se proteger dentro dela. Neste sentido, a porta significa como barreira/segurança e proteção (observe bem as portas das casas do mundo moderno: fortes com um intuito de dificultar a entrada de ladrões/assaltantes). Era na porta da cidade que recebiam os que chegavam e se despediam os que partiam. Por isso, a porta era o símbolo de acolhimento ou carinho.
      

Quando Jesus declara que é a porta das ovelhas, evidentemente esta expressão tem significado funcional enquanto indica a missão salvífica de Cristo, a mediação universal para a vida e para a revelação divina. Jesus, ao proclamar-se a porta das ovelhas, apresenta-se como o lugar no qual encontra a vida, a proteção e a salvação. Em Jo 10,9 Jesus esclarece que para sermos salvos e termos a vida em abundância devemos passar pela porta, que é a sua pessoa divina. “Eu sou a porta”, Jesus está nos dizendo que somente por ele podemos entrar na “cidade de Deus” (céu), e somente nele encontramos o abrigo, a segurança, a proteção e a salvação (cf. Mt 11,28). Ele nos acolhe cada vez que recorrermos a ele: “... quem vem a mim eu não o rejeitarei” (Jo 6,37). Jesus paga com a própria vida para exercer essa função só para salvar os rebanhos, todos nós.
      

Essa doutrina cristológica contém mensagem de importância excepcional para nossa vida de fé e nossa missão de guia ou pastores. Jesus Cristo é o mediador perfeito em sentido descendente e ascendente; na direção vertical e horizontal. O Pai comunica a revelação de sua vida de amor ao homem por meio de seu Filho (cf. Jo 1,17s); a salvação é dada ao homem somente por meio do Filho unigênito (Jo 3,14ss); a vida divina foi trazida ao mundo por meio de Jesus (Jo 14,6). E o homem pode subir até Deus unicamente por meio do seu Filho, que é a vida (Jo 14,2-6); a vida de comunhão com o Pai só é possível através de Jesus Cristo. Enfim, o homem pode exercer função pastoril e salvífica somente se comungar com eles por meio de Cristo, a única porta do redil de Deus (Jo 10,7ss).


O pastor de Jo 10 assume o comportamento do guia: conduzir para fora, levar para fora, caminhar adiante (v.4) e os aspectos de providência e salvação: quem entra pela porta, que é Jesus (v.9) será salvo, pois ele veio para que as suas ovelhas “tenham a vida em abundância” (v.10).


A mensagem desta doutrina é dirigida tanto para todos os cristãos em geral como, particularmente, para os que exercem função de guia no seio da comunidade. Para ser instrumento de vida e salvação para os irmãos e irmãs, é necessário estar em contato íntimo e vital com aquele que é a salvação personificada: o Senhor Jesus. Para a função pastoral ser exercida com fruto, torna-se indispensável uma comunhão profunda com Cristo, o pastor supremo do rebanho de Deus; exige-se amor forte e concreto à sua pessoa.


3. Ser Boa Ovelha: Mútuo Conhecimento Entre Pastor E Rebanho
      

Neste texto não se fala apenas do pastor (Jesus), mas fala-se também das ovelhas (cristãos). Por isso, é indispensável falar do seguimento: o pastor está na frente e as ovelhas o seguem. Ser seguidor significa fazer parte da vida de quem está na frente (guia). Isto significa que os cristãos (seguidores) não podem optar por outro guia, pois Cristo é o único e exclusivo pastor que salva.  
      

Conseqüentemente, entre Jesus e os seguidores deve haver um mútuo (recíproco) conhecimento. A palavra conhecer no evangelho de João não enfatiza apenas o aspecto intelectual do ato, mas sublinha-se a experiência de união e de intimidade (cf. Jo 10,15.27;14,7.0.17.20;17,3). Este conhecimento mútuo se alcança através da experiência de união e de intimidade. Jesus aplica esta função a si mesmo. Jesus conhece os seus seguidores com a mesma proximidade com que conhece o Pai (cf. Jo 10,14.27). Jesus nos conhece até lá onde nem uma pessoa amada pode entrar. Ele conhece nossos pensamentos, as nossas palavras, o nosso ir e o nosso vir, nossa lealdade e nossos defeitos, nosso caráter e nossa personalidade, nossos sucessos e fracassos. 
       

Ao saber que Jesus conhece cada um de nós até lá no fundo de nossa vida, a reação normal de nossa parte é uma entrega total. Devemos estar aliviados por saber que há ao menos Alguém que nos compreende, que me compreende: Jesus, nossa Porta, nossa Vida, nosso Bom Pastor.
         

Mas não podemos ficar presos neste sentimento de segurança e de consolo. Temos que nos esforçar para que possamos conhecer o Senhor Jesus e seus caminhos, pois este conhecimento nos leva ao autoconhecimento. Ao conhecer o Senhor e seus caminhos, nós saberemos quem somos nós e quais são caminhos pelos quais temos que passar e seguir. Para conhecer Jesus e seus caminhos nós, como bons rebanhos, precisamos estar sempre com ele: através da oração sem cessar e da meditação da Palavra de Deus para captarmos melhor os sinais da presença de Deus na nossa vida e ao nosso redor, através do respeito mútuo e da ajuda mútua entre nós como ovelhas do Senhor.
 

Por isso, vem a pergunta: será que você conhece Jesus como seu pastor e sua porta? O conhecimento recíproco entre Jesus e seus seguidores deve ser existencial: uma comunhão de vida, uma participação na vida do outro. Que o nosso Bom Pastor e nossa Porta da salvação, Jesus Cristo nos conceda a graça suprema do autoconhecimento frente a frente com ele. Assim seja!
     
P. Vitus Gustama,svd

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