segunda-feira, 23 de junho de 2014


O VERDADEIRO CRISTÃO É RECONHECIDO PELA PRÁTICA E NÃO PELA MANEIRA BONITA DE FALAR

Quarta-Feira da XII Semana Comum
25 de Junho de 2014
 
Evangelho: Mt 7,15-20

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15“Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. 16Vós os conhecereis pelos seus frutos. Por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas? 17Assim, toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus. 18Uma árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore má pode produzir frutos bons. 19Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo. 20Portanto, pelos seus frutos vós os conhe­ce­reis”.

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Estamos ainda no Sermão da Montanha (Mt 5-7).  O texto do evangelho de hoje é a penúltima parte da conclusão do Sermão da Montanha (Mt 7). O que conta para Deus é o bem que praticamos e não a beleza de nossa fala ou de nosso discurso. Nossa maneira de viver ou nossa prática é o parâmetro para saber se realmente somos verdadeiros cristãos ou falsos cristãos.


“Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”.


É um convite do Senhor para a vigilância e para manter uma justa atitude crítica. No Antigo Testamento Deus já tinha advertido ao povo de Deus para que este ficasse atento para os “falsos profetas” (cf. Jr 14,14-15; Ez 13,1-9 etc.). Agora Jesus fala para sua comunidade, ao Novo Povo de Deus para não omitir esta exortação, pois este pode ser ameaçado pelos “falsos profetas”. Paulo falará também de “falsos apóstolos” (2Cor 11,13) e Pedro de “falsos mestres” (2Pd 2,1).


Os falsos profetas são perigos invisíveis. É gente que fala de Jesus e pretende ensinar caminhos mais fáceis que na linguagem de Paulo aos gálatas “outro evangelho” (Gl 1,8-9) ou como disse aos anciãos de Éfeso, “doutrinas perversas” (At 20,30). O mandamento do Senhor é claro: “Entrai pela porta estreita” (Mt 7,13).


Exteriormente, os profetas autênticos e os “falsos profetas” são semelhantes: vestem-se com a capa da boa doutrina e de boa moral: “Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. Eles falam em nome de Deus, ou em nome do Senhor Jesus, mas de fato, são “lobos” ferozes que devoram tudo que tem na comunidade de fieis.


“Vós os conhecereis pelos seus frutos. Toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus”. É um bom critério para avaliar a autenticidade de um profeta, de um movimento ou de uma opinião. “Pelos seus frutos vós os reconhecereis”, isto é, pelo que fazem e não por suas palavras. Com efeito, “verdadeiro profeta” é aquele que se manifesta através de boas obras, que é luz para a comunidade. O “verdadeiro profeta” é aquele que se compromete a viver diariamente a Palavar de Deus ou os ensinamentos de Jesus. O “verdadeiro profeta” é auqele que se converte permanentemente, pois ele tem a docilidade ao Espírito de Deus e a humildade em reconhecer seus erros e fraquezas e se esforça para ser melhor seguidor de Jesus. O “verdadeiro profeta” é aquele que sabe guiar sua comunidade na fidelidade aos ensinamentos do Senhor ou na fidelidade à Palavra de Deus.


No Evangelho de hoje aparece, então, a dialética entre o dizer e o fazer. “Os mais belos pensamentos nada são sem as obras”, porém “O Senhor não olha tanto a grandeza das nossas obras. Olha mais o amor com que são feitas” (Santa Teresa de Jesus).


“Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. Vós os conhecereis pelos seus frutos.”. Jesus é muito realista. Ele dá este critério: “Olhem e vejam como atuam” para saber se são verdadeiros cristãos ou não, se são profetas autênticos ou são falsos profetas. “Pelos frutos vocês vão reconhecê-los”. Qualquer pessoa se manifesta pelo que faz ou pelo modo de viver. Os cristãos são reconhecidos não pelos dons que têm, mas pelos frutos que produzem. Qualidade de um fruto depende da qualidade da árvore. Jesus quer nos dizer para não julgarmos os homens pelas aparências e sim pelo que faz. Nem as palavras nem as intenções e sim a prática. Se as palavras e as intenções seguem uma direção e a prática outra, a segunda é que revela o coração do homem, suas opções profundas, seus verdadeiros interesses.


Através do evangelho de hoje Jesus faz uma advertência sobre o perigo relacionado aos falsos profetas. O evangelista Mateus dá uma norma para sua comunidade a fim de saber reconhecer os falsos profetas: a paciência em esperar os frutos e as obras pelos quais será reconhecido o verdadeiro profeta do falso profeta. A chave para detectar os falsos profetas são suas obras. O verdadeiro profeta é aquele que orienta a comunidade de acordo com a mensagem e a forma de vida de Jesus.


Este critério deve ser aplicado para nós mesmos também: Que frutos produzimos? Que frutos você produz? Dizemos apenas palavras bonitas ou também oferecemos fatos ou obras? De um coração azedo somente produz frutos azedos. De um coração generoso e sereno brotam obras boas e consoladoras. São Paulo na carta aos gálatas escreveu: “As obras da carne são fornicação, idolatria, ódios, discórdia, inimizade, egoísmo, inveja, ciúmes, ira, divisão, rivalidade. Ao contrário, o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, afabilidade, fidelidade, domínio de si mesmo” (cf. Gl 5,19-26). Se nós somos filhos da Verdade e do Amor, então, façamos as obras da Verdade e do Amor e vivamos na sinceridade.


A Palavra de Deus hoje nos convida a descermos ao fundo do coração para descobrir nele a nossa maldade ou a nossa bondade; a nossa mentira ou a nossa verdade; nossa veracidade ou nossa falsidade; a nossa esterilidade ou a nossa fecundidade. A Palavra de Deus precisa nos desarmar para nos vermos como somos.

P. Vitus Gustama, SVD
 

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