terça-feira, 19 de agosto de 2014

 
NOSSA SENHORA RAINHA

22 de Agosto

Evangelho: Lc 1,26-38

Naquele tempo: 26 O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria 28 O anjo entrou onde ela estava e disse: 'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!' 29 Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30 O anjo, então, disse-lhe: 'Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim'. 34 Maria perguntou ao anjo: 'Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?' 35 O anjo respondeu: 'O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra.  Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37 porque para Deus nada é impossível'. 38 Maria, então, disse: 'Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' E o anjo retirou-se.
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Nossa Senhora Rainha

Celebramos hoje a festa de Nossa Senhora Rainha. O título “Rainha”, dado a Maria, já começou na Idade Média que podemos encontrar em vários hinos que ainda são usados até hoje como: Salve Rainha (Salve Regina), Rainha do Céu (Regina Coeli Laetare), Ave Rainha dos céus (Ave Regina Coelorum). A Maria chama s. Gregório Nazianzeno ‘Mãe do Rei de todo o universo’, ‘Mãe virgem, [que] deu à luz o Rei do todo o mundo’" (Ad Coeli Reginam n.11).


O título de Maria como Mãe Rainha não concorre com o título do Cristo Rei, porque não se situa no mesmo plano do ponto de vista bíblico, isto é, o titulo “Rainha” não pode ser entendido no plano de domínio, pois somente Cristo é o Rei do universo (cf. Mt 28,18). Maria recebe o titulo de “Rainha” por causa do atributo de sua maternidade divina. Maria é Rainha porque ela é mãe do Rei dos reis (cf. Is 9,1-6) e não por causa do domínio como Cristo, Rei do Universo. É uma transposição da dignidade materna para o plano de serviço, pois Maria é a discípula de Jesus, aquela que aceita plenamente a vontade de Deus para ser mãe do Salvador (cf. Lc 1,38).


O titulo “Rainha” dado a Maria se tornou oficial a partir do pedido de um movimento internacional chamado “Pela Realeza de Maria” que surgiu em Roma em 1933. Na verdade esse pedido já tinha feito antes em vários congressos marianos: Lião (1900), Friburgo (1902) e Einsiedeln (1906). Esse pedido ficou mais forte ainda quando para Cristo foi dado oficialmente o titulo de Rei em 1925. O movimento internacional “Pela realeza de Maria” recolheu petições do mundo inteiro para que fosse dado o titulo de “Rainha” para a mãe do Senhor, Maria.


O Papa Pio XII, em 1954, no centenário da definição do dogma da Imaculada Conceição proclamou o titulo “Rainha” para Maria, Mãe do Senhor na encíclica Ad Coeli Reginam (Para a Rainha do Céu).  Em 1955 o Papa Pio XII introduziu, então, oficialmente a festa da Rainha na liturgia da Igreja.


  •  “Assim, baseando-se nas palavras do arcanjo Gabriel, que predisse o reino eterno do Filho de Maria, e nas de Isabel, que se inclinou diante dela e a saudou como "Mãe do meu Senhor",(9) compreende-se que já os antigos escritores eclesiásticos chamassem a Maria "mãe do Rei" e "Mãe do Senhor", dando claramente a entender que da realeza do Filho derivara para a Mãe certa elevação e preeminência”, escreveu o Papa Pio XII ( Ad Coeli Reginam n.9).

  • A Maria chama s. Gregório Nazianzeno ‘Mãe do Rei de todo o universo’, ‘Mãe virgem, [que] deu à luz o Rei do todo o mundo’" (idem  n.11).

  • “Santo Afonso de Ligório, tendo presente todos os testemunhos dos séculos precedentes, pôde escrever com a maior devoção: ‘Porque a virgem Maria foi elevada até ser Mãe do Rei dos reis, com justa razão a distingue a Igreja com o título de Rainha’" (idem n.24).

  • “Com vivo e diligente cuidado todos se esforcem por copiar nos sentimentos e nos atos, segundo a própria condição, as altas virtudes da Rainha do céu e nossa Mãe amantíssima. Donde resultará que os féis, venerando e imitando tão grande Rainha e Mãe, virão se sentir verdadeiros irmãos entre si, desprezarão a inveja e a cobiça das riquezas, e hão de promover a caridade social, respeitar os direitos dos fracos e fomentar a paz. Nem presuma alguém ser filho de Maria, digno de se acolher à sua poderosíssima proteção, se à exemplo dela não é justo, manso e casto, e não mostra verdadeira fraternidade, evitando ferir e prejudicar, e procurando socorrer e dar ânimo” (idem n. 47).
 
Os títulos da realeza de Maria são a sua união com Cristo como Mãe e a associação com o seu Filho Rei na redenção do mundo. Pelo primeiro título, Maria é Rainha-Mãe de um Rei que é Deus, o que enaltece Maria sobre todas as criaturas humanas; e pelo segundo título, Maria Rainha é dispensadora dos tesouros e bens do Reino de Deus, em virtude da sua participação na redenção.


Na instituição desta festa, o Papa Pio XII convidava os fiéis a aproximarem-se deste “trono de graça e de misericórdia da Nossa Rainha e Mãe para pedir-lhe socorro na adversidade, luz nas trevas e alívio nas dores e penas” (cf. Hb 4,16).


Através do evangelho lido neste dia sabemos que Deus se faz presente em meio de Seu povo por meio de uma mulher humilde e simples de um povo chamado Nazaré. A partir da visita do Anjo do Senhor Maria se torna a portadora da graça e da bênção de Deus.


Maria No Texto Do Evangelho Desta Festa


No evangelho de Luas, através da saudação do Anjo do Senhor, Maria é chamada de “cheia de graça”, expressão que primordialmente na linguagem bíblica do Antigo Testamento designa aos que são objeto de uma especial benevolência da parte de Deus, o que leva como conseqüência a abundância de bênçãos sobre sua pessoa. A partir dessa saudação sabemos que não há titulo maior para Maria que ser chamada de “cheia de graça”: a amada de Deus, amada pela graça, sem mérito.


A palavra “graça” designa o amor e o carinho com que Deus ama a seu povo pobre e simples; designa a fidelidade com que Deus sustenta Seu povo e com que Ele o acompanha. Deus ama porque quer amar e fazer o bem para o povo (não é uma retribuição ou recompensa por algum mérito do homem). Deus faz isso para que o povo simples e humilde descubra seu valor de pessoa. Além disso, Deus ama para que o povo comece a amar com um amor verdadeiro e comece a libertar-se de tudo que possa impedir a manifestação deste amor.
  

Maria vive simplesmente a sua fé e da sua fé e ora naturalmente, sem saber que Deus pôs nela os olhos complacentes para fazê-la Mãe do Rei dos reis, Jesus Cristo. Ela está tão cheia de graça até o anjo não a chama pelo nome, mas chama-a simplesmente “cheia de graça”: “Alegra-te, ó cheia de graça” (Lc 1,28). Na graça reside a completa explicação de Maria, a sua grandeza e a sua beleza. Maria pode fazer suas, em toda a verdade, as palavras do Apóstolo Paulo: “Pela graça de Deus, sou o que sou” (1Cr 15,10). Maria, por isso, é cheia do favor divino.


Além disso, Maria é a primeira cristã por causa do seu sim a Deus para que através dela possa nascer para a humanidade Jesus Cristo, nosso Salvador. Não era nenhuma princesa nem nenhuma patroa na sociedade do seu tempo. Era uma mulher simples do povo, uma moça pobre. Mas Deus se compadece dos humildes e dos simples. Para Deus tudo é simples, e para o simples tudo é divino. A simplicidade atrai a bênção de Deus e a simpatia humana. O simples, o humilde é o terreno fértil onde a graça de Deus encontra seu lugar e através do qual Deus fala para o mundo.


De certa forma, podemos dizer que com o sim de Maria à vontade de Deus a Igreja começou. A Virgem Maria, no momento de sua eleição radical e no momento de seu sim a Deus foi início e imagem da Igreja. Quando ela aceitou o anúncio do anjo, da parte de Deus, pode-se dizer que começou a Igreja: a humanidade, nela representada, começou a dizer sim à salvação que Deus lhe ofereceu. Nela e através dela a humanidade foi abençoada. Podemos olhar, por isso, para Maria como modelo de fé e motivo de esperança e de alegria.


Maria é, também, modelo de nossa vocação cristã. Como ela aceitou a Palavra de Deus, deixou-se fecundar pela Palavra de Deus e acolheu em si o Espírito de Deus e gerou Cristo de sua carne, assim também cada um de nós, seguidores de Cristo há de realizar sua vocação aceitando docilmente a Palavra de Deus, deixando-se fecundar pela Palavra de Deus e acolhendo em sua vida o Espírito de Deus e continuando no tempo a encarnação de Cristo. Cada um tem a missão de levar Jesus e dá-lo ao mundo, pois o mundo espera pela salvação apesar de sua resistência.


Portanto, aprendemos de Maria a viver ao ritmo de Deus, deixando que Deus disponha livremente de nossa vida, segundo seu projeto de amor: “Faça-se!”. Aprendemos também de Maria a manter uma atitude que nem sempre é fácil: colocar Deus e os outros como centro. Maria é de Deus e do povo. Na terra e no céu Maria vive na comunidade e para a comunidade. Ela desempenha seu papel para o bem de todos, porque Cristo reina em cada um dos homens (cf. Mt 25,40.45). Aprendemos também a seguir o exemplo de Maria Imaculada, pois ela está cheia de graça para descobrirmos o mal que corrói o nosso coração e a convivência fraterna.


Todo aquele que honra a Senhora dos anjos e dos homens – e ninguém se julgue isento deste tributo de reconhecimento e amor – invoque esta rainha, medianeira da paz; respeite e defenda a paz, que não é maldade impune nem liberdade desenfreada, mas concórdia bem ordenada sob o signo e comando da divina vontade: tendem a protegê-la e aumentá-la as maternas exortações e ordens de Maria”, escreveu o Papa Pio XII (Ad Coeli Reginam n. 49).


Em algumas regiões da terra, não falta quem seja injustamente perseguido por causa do nome cristão e se veja privado dos direitos divinos e humanos da liberdade. Para afastar tais males, nada conseguiram até hoje justificados pedidos e reiterados protestos. A esses filhos inocentes e atormentados volva os seus olhos de misericórdia, cuja luz dissipa nuvens e serena tempestades, a poderosa Senhora dos acontecimentos e dos tempos, que sabe vencer a maldade com o seu pé virginal. Conceda-lhes poderem em breve gozar a devida liberdade e cumprir publicamente os deveres religiosos. E, servindo a causa do Evangelho – com o seu esforço concorde e egrégias virtudes, de que no meio de tantas dificuldades dão exemplo – concorram para o fortalecimento e progresso das sociedades terrestres”, disse o Papa Pio XII (Ad Coeli Reginam n. 48).

P. Vitus Gustama, svd

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