sábado, 27 de dezembro de 2014

05/01/2015
 
JESUS É A LUZ E A VIDA PARA O POVO OPRIMIDO

Segunda-Feira Após Epifania
 

Evangelho: Mt 4,12-17.23-25

Naquele tempo, 12 Ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. 13 Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, 14 no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 15 “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos! 16 O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz”. 17 Daí em diante, Jesus começou a pregar, dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. 23 Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo. 24 E sua fama espalhou-se por toda a Síria. Levaram-lhe todos os doentes, que sofriam diversas enfermidades e tormentos: endemoninhados, epilépticos e paralíticos. E Jesus os curava. 25 Numerosas multidões o seguiam, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia, e da região além do Jordão.

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Nos dois primeiros capítulos de seu Evangelho, Mateus narrou o nascimento de Jesus, e no terceiro nos apresentou a atividade de João Batista: o Batismo. No capitulo quarto, sem se preocupar em satisfazer a curiosidade dos que quiseram saber de todo o itinerário formativo de Jesus, nos apresenta Jesus atuando na Galileia, uma região ao norte de Palestina onde conviviam, com dificuldade, judeus e pagãos. Por isso, Mateus evoca o texto do profeta Isaias que fala da iluminação dos que “viviam nas trevas e nas sombras de morte”. A festa da Epifania nos mostra que a vinda de Jesus é em favor de todos os homens, sem distinção nem de etnia, nem de condições nem de crenças.


O evangelho deste dia nos relata que quando fica sabendo da prisão de João Batista, Jesus vai para a Galileia. Galileia era um território longe de Jerusalém, do poder central legalista e intransigente. Galileia tinha fama de região pagã contaminada pelos pagãos, desinteressada da Lei e da oficialidade do Templo.


Na Galileia Jesus pode andar com liberdade, junto aos empobrecidos e marginalizados. Toda a história dos pobres gravitava sobre os pobres do tempo de Jesus: a fome, a carência de trabalho, a opressão política e militar dos Herodes e de Roma, opressão religiosa do Sinédrio (Sanedrin), o abandono e a marginalização. Esse povo pedia e exigia ser redimido. O que o povo esperava era respostas concretas para suas necessidades. Por isso, a figura de um rei poderoso, como Davi, continuava a alimentar o sonho do povo para libertá-lo de toda essa situação.


A pregação de Jesus se inicia, então, na “Galileia dos pagãos”, isto é, numa região onde a situação do povo é mais precária devido a uma grande quantidade de população pagã. A escolha da Galileia como o primeiro lugar para a atividade missionária de Jesus proposital. Os galileus são desprezados pelos judeus por serem pagãos. Trata-se de um preconceito que Jesus, o nazareno, sofrerá através de um dito: “De Nazaré pode sair coisa boa?” (Jo 1,46; cf. Mt 13,53-58 e paralelo). Este povo oprimido, marginalizado, desprezado está esperando alguma libertação que só pode se encontrar na pessoa de Jesus. Propositalmente, Jesus começa sua atividade para libertar esse povo.


Na Galileia Jesus desenvolve suas atividades através dos ensinamentos dirigidos para as pessoas nas sinagogas (adeptos da religião judaica), para um grande público (povo misto). O evangelista Mateus resume os feitos dos ensinamentos de Jesus na seguinte frase: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz”. Jesus vai encontro desse povo como luz que funciona para orientar e esclarecer sua vida. Não somente aconteceu uma mudança de mentalidade nesse povo através de seus ensinamentos esclarecidos, Jesus também se mostra como portador de vida através da recuperação do ser humano na sua totalidade. O evangelista Mateus registrou esse fato na seguinte frase: “Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo”.


Isto nos mostra que os primeiros destinatários da pregação de Jesus são para os que mais necessitados dela e aos que não conhecem a “Luz” da revelação porque vivem nas “sombras” do paganismo. É claro que o paganismo é muito mais no sentido do modo de viver do que no sentido de não pertencer a uma crença ou religião. Por isso, existem “pagãos” que se comportam como homens de Deus, por exemplo, o oficial romano (cf. Mt 8,5-13). Como também são muitos os que se dizem crentes (do Povo de Deus), mas se comportam como “pagãos”, sem nenhuma vivência da fraternidade, por exemplo, o sacerdote e o levita na parábola do bom Samaritano que não querem ajudar que está sofrendo (cf. Lc 10,31-32).


A mensagem de Jesus se resume nesta frase: “O Reino de Deus está próximo”. O Reino de Deus, expressão já existente no povo de Israel, se contrapõe a todos os demais reinos ou poderes humanos que pretendem um domínio total sobre o povo de Israel e este mesmo poder é oferecido a Jesus em suas tentações (cf. Mt 4,8-10). O Reino que Jesus prega já começou nele, pois ele veio para fazer reinar o amor fraterno (cf. Mt 23,8). Para que isso possa acontecer há uma exigência: convertei-vos!


O menino de Belém, adorado pelos magos, agora se manifesta como o Messias e o Mestre enviado de Deus que ensina, proclama o Reino de Deus, que cura os enfermos e liberta os possessos. A proposta do Reino de Jesus é diferente: tem que descobrir e destruir o egoísmo e as estruturas que o fomentam.


Para isso, Jesus exige para todos os lados (dos poderosos e das vitimas do poder) que se convertam: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. Os pobres, as vítimas, precisam construir um projeto de humanização sem ódio e por isso, Jesus coloca o amor como o maior mandamento (Jo 13,35; 15,12). Para os poderosos, que devolvam e respeitem a dignidade do povo, respeitando seus direitos. Em outras palavras, para Jesus o problema do Reino era um problema de transformação do coração. Trata-se de uma transformação real que deve se demonstrar na prática e se experimentar em todos os setores da vida.


O estilo da atuação de Jesus Cristo que ama e se sacrifica pelos homens deve ser o estilo de cada cristão: ajudando, curando feridas, libertando os outros de suas angústias e seus medos, anunciando a Boa Notícia do amor de Deus. E que somente o amor salva, enquanto que o egoísmo destrói e mata. O egoísmo mata a fraternidade e uma convivência mais humana. É preciso aprender a ver Deus nos demais (cf. Mt 25,40.45), sobre tudo nos pobres e nos débeis, nos marginalizados e excluídos da sociedade. Trata-se de que esse amor fraterno que aprendemos de Jesus Cristo nós o traduzamos em obras concretas de compreensão e de ajuda. O amor não é dizer palavras solenes, bonitas e comovedoras, e sim imitar o amor de um Cristo que se entregou pelos demais. Este é o caminho da salvação. Por este caminho não há outro que possa nos salvar e nos levar para o Céu, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). A fé em Jesus Cristo e o amor aos irmãos são provas de autenticidade da fé que professamos.


Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. A conversão, dentro do contexto das leituras de hoje consiste em crer em Deus e amá-Lo amando o próximo. Crer e amar são duas atitudes básicas de cada cristão e são inseparáveis: “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu” (1Jo 3,23). Quem crê verdadeiramente em Deus, ama o próximo. Quem ama o próximo, é porque pertence a Deus, mesmo que ele não tenha consciência disso. A fé e o amor coexistem e fecundam mutuamente. A linha vertical (fé) se expressa na linha horizontal (amor fraterno). A fé que salva é a fé que atua pela caridade. Por isso, a fé e o amor devem configurar a vida de cada cristão. Não existe a fé sem o amor fraterno. E não existe o amor fraterno que não leve a pessoa que ama até Deus.
 
P. Vitus Gustama,svd

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