sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

 
DEUS USA TODOS OS MEIOS PARA SE REVELAR AO HOMEM  

Segunda-Feira da III Semana do Advento
15 de Dezembro de 2014
 

Nm 24,2-7.15-17ª

Naqueles dias, 2 Balaão levantou os olhos e viu Israel acampado por tribos. O espírito de Deus veio sobre ele, 3 e Balaão pronunciou seu poema: “Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem os olhos abertos; 4 oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, que vê o que o poderoso lhe faz ver, que cai, e seus olhos se abrem. 5 Como são belas as tuas tendas, ó Jacó, e as tuas moradas, ó Israel! 6 Elas se estendem como vales, como jardins ao longo de um rio, como aloés que o Senhor plantou, como cedros junto das águas. 7 A água transborda de seus cântaros, e sua semente é ricamente regada. Seu rei é mais poderoso do que Agag, seu reino está em ascensão”. 15 E Balaão continuou pronunciando o seu poema: “Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem os olhos abertos, 16 oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, e conhece os pensamentos do Altíssimo, que vê o que o Poderoso lhe faz ver, que cai, e seus olhos se abrem. 17a Eu o vejo, mas não agora; e o contemplo, mas não de perto. Uma estrela sai de Jacó, e um cetro se levanta de Israel”.
 
 
Evangelho: Mt 21,23-27

Naquele tempo, 23 Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se dele e perguntaram: “Com que autoridade tu fazes estas coisas? Quem te deu tal autoridade?” 24 Jesus respondeu-lhes: “Também eu vos farei uma pergunta. Se vós me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. 25 Donde vinha o batismo de João? Do céu ou dos homens?” Eles refletiam entre si: “Se dissermos do céu, ele nos dirá: ‘Por que não acreditastes nele?’ 26 Se dissermos: ‘Dos homens’, temos medo do povo, pois todos têm João Batista na conta de profeta”. 27 Eles então responderam a Jesus: “Não sabemos”. Ao que Jesus também respondeu: “Eu também não vos direi com que autoridade faço estas coisas”.
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A liturgia deste dia nos apresenta dois casos que mostram duas atitudes opostas: a do Balaão, o vidente e a das autoridades contemporâneas de Jesus.


Balaão, o vidente, é chamado por Balac (rei de Moab) para amaldiçoar seu inimigo Israel. Por sua própria condição de vidente, Balaão reconhece em Javé, o Deus de Israel, o poder capaz de destruir quem pede para amaldiçoar Israel. Por esse reconhecimento, em vez de amaldiçoar, Balaão bendiz ou abençoa Israel. Pelo temor que tem para Javé, o Deus de Israel, Balaão não teve medo de enfrentar o rei de Moab, Balac. E Deus usa Balaão para abençoar Israel, Seu povo. Deus toca o coração de Balaão, o vidente, e esse vidente se converte em um dos melhores profetas do futuro messiânico. Em seus poemas breves, cheios de admiração, em vez de amaldiçoar ou em vez de maldizer, ele bendiz/abençoa o futuro de Israel.


São as surpresas de Deus, que não se deixam manipular nem entram em nossos cálculos. Somos nós que devemos ver e escutar o que Deus quer. Deus pode usar qualquer pessoas para transmitir a mensagem de Deus ou um alerta de Deus para o homem.


O testemunho da presença de Deus em nossa historia não nos vem sempre através de pessoas importantes e notáveis. Outras pessoas muito mais simples, não contadas pela sociedade, pessoas das quais menos esperamos, mas que nos dão exemplo com sua vida de valores do evangelho, podem ser os profetas que Deus nos envia para que entendamos as intenções de salvação de Deus. essas pessoas não fazem muito barulho; são silenciosas na vida cotidiana. Podem ser adultos ou jovens, homens ou mulheres, leigos ou religiosos, pessoas de pouca cultura ou grandes doutores, crentes ou distantes da Igreja. A voz de Deus nos pode vir das direções mais inesperadas, como no caso de Balaão. Por isso precisamos estar atentos permanentemente. O Espírito de Deus sopra para onde quer e por quem quer. Balaão, o vidente, sem pertencer ao povo de Israel e sem ser ungido como profeta em Israel é capaz de ser voz da Palavra de Deus para o próprio povo da Israel: “Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o, mas não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça guerreira”, disse Balaão.


O contrário de Balaão são as autoridades ou gerentes do povo da época de Jesus. Eles, preocupados pela ortodoxia, pela verticalismo, pela segurança da autoridade competente, exigem de Jesus uma prova de sua autoridade: “Com que autoridade tu fazes estas coisas? Quem te deu tal autoridade?”.


As pessoas simples entendem a mensagem de João Batista como também a mensagem de Jesus. Enquanto que as autoridades e os entendidos não querem entender. A pior cegueira é a cegueira voluntária. Aqui se cumpre mais uma vez o que Jesus dizia: os que se crêem sábios, não sabem nada. Somente são os simples e humildes que alcançam a verdadeira sabedoria.Quanto maior a tolice feita, tanto mais o tolo se admira a si mesmo”, disse o provérbio chinês. Porém, “Se você for austero, não será tratado com desrespeito. Se for generoso, ganhará tudo. Se for sincero, as pessoas confiarão em você. Se for sério, realizará muitas coisas. Se for gentil, conseguirá obter o serviço de outras pessoas”, dizia o sábio chinês, Confúcio.


Os dirigentes do povo não sabem que a autoridade nem sempre está ligada ao poder, pois, dentro deste contexto, Deus não se manifesta verticalmente e sim a partir dos pobres e excluídos pelas mesmas autoridades (cf. Mt 11,25). O mesmo pensava Balac, rei de Moab que por ter o poder de convocar o vidente Balaão para amaldiçoar o povo de Israel. Mas o vidente Balaão é uma pessoa de coração puro e por isso, o Deus de Israel se revelou a ele para abençoar o povo de Israel em vez de amaldiçoá-lo.


Tudo isto quer nos dizer que Deus se manifesta não a partir do poder e sim a partir de Sua própria iniciativa ali onde tem um coração disposto a reconhecê-Lo, como O reconheceu Balaão, o vidente. A revelação de Deus exige um reconhecimento muito além das estruturas e dos canais de autoridades comuns e conhecidas. O que necessita para que Deus se revele é o coração simples e a mente aberta. Ou num palavra só: humildade. Pensamos demasiadamente e sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá”, dizia Charles Chaplin. Não é por acaso que Confúcio dizia: “A humildade é a única base sólida de todas as virtudes”.Quanto maiores somos em humildade, tanto mais próximos estamos da grandeza” dizia Rabindranath Tagore, o famoso escritor indiando.


Nós sabemos que o Enviado de Deus, Jesus Cristo, veio há mais de dois mil anos e como Ressuscitado continua a estar presente na nossa vida (cf. Mt 28,20). O Deus de ontem é o Deus de hoje e o Deus de amanhã (cf. Hb 13,8). Cada dia, ao longo da jornada, nos pequenos encontros pessoais e nos acontecimentos de cada dia, sucede uma continuada vinda de Deus à nossa vida para nos revelar algo e para fazer apelo. Cada dia devemos nos perguntar: Qual é o apelo de Deus para mim hoje? Estejamos atentos para o apelo de Deus diariamente.


Jesus, no Evangelho de hoje, nos mostra que não é a sabedoria dos homens que vence, e sim o auxilio do Espírito santo (cf. Mt 10,19-20). Algumas vezes temos medo de enfrentar críticas de nossos colegas de trabalho ou saímos em defesa quando a Igreja for atacada, os sacramentos, a vida espiritual e assim por diante. Recordemos que Jesus prometeu a assistência nos momentos difíceis nos quais se põe em jogo nossa vida cristã ou a verdade. Aprendamos a confiar na ação de Deus em todo momento sendo autênticos em nosso testemunho cristão. Deus estará sempre conosco (cf. Mt 28,20).


Que Deus nos conceda a graça de ser uma bênção para os outros como Balaão, o vidente, a graça de ser um sinal de amor, da ternura e da misericórdia do Senhor para nossos irmãos convertendo, assim a Igreja num sinal crível do amor do Senhor em meio do mundo.

P. Vitus Gustama,svd

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