03 de Dezembro de 2014
Textos: Is 25,6-10; Mt
15,29-37
Naquele tempo ,
29 Jesus foi para as margens
do mar da Galileia, subiu a montanha , e sentou-se. 30 Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos , aleijados , cegos ,
mudos , e muitos
outros doentes .
Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele
os curou. 31 O povo ficou admirado, quando viu os mudos
falando, os aleijados sendo curados, os coxos andando e os cegos
enxergando. E glorificaram o Deus de
Israel. 32 Jesus chamou seus discípulos e disse: “Tenho compaixão
da multidão , porque
já faz três
dias que
está comigo , e nada
tem para comer . Não quero mandá-los embora
com fome ,
para que não desmaiem pelo caminho ”. 33 Os discípulos
disseram: “Onde vamos buscar ,
neste deserto , tantos
pães para saciar tão grande multidão ?”
34 Jesus perguntou: “Quantos pães tendes?” Eles
responderam: “Sete , e alguns peixinhos”. 35 E Jesus mandou que a multidão
se sentasse pelo chão .
36 Depois pegou os sete
pães e os peixes ,
deu graças , partiu-os, e os dava aos discípulos , e os discípulos ,
às multidões . 37 Todos
comeram, e ficaram satisfeitos ; e
encheram sete cestos
com os pedaços
que sobraram.
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A imagem
do banquete descrito pelo
profeta Isaias (Is 25,6-10) constitui um dos símbolos
fundamentais para
expressar a comunhão ,
a família, a fraternidade , a igualdade, a
festa , o diálogo ,
e a vitória .
O banquete
anunciado pelo profeta
Isaias para o final
dos tempos celebra a vitória
de Deus sobre
os poderes que
escravizam e excluem os homens . Com isso , o profeta quer nos dizer que a última palavra será a Palavra
de Deus e não
a do homem por
poderoso que
o homem pareça ser
neste mundo . Feliz
seja aquele que
vive de acordo com
a Palavra de Deus !
“Naquele dia, o Senhor dos exércitos
dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado
com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos” (Is 25,6). Que
descrição bonita!
Nos costumes orientais e bíblicos, o
banquete faz parte do ritual de entronização dos reis. Com freqüência a
magnificência no enfeite, a qualidade dos manjares e a dos vinhos eram o sinal
do poder de um rei, e muito particularmente eram o modo de celebrar a vitória. Preocupava-se,
então, com qualidade de comida e de bebida e a do enfeito da sala do banquete.
Também nós festejamos nossas
alegrias em família com uma comida especial, pouco diferente da normal por
ocasião de alguma festa ou de alguma comemoração.
Para anunciar os tempos de salvação,
Deus anuncia que será o anfitrião de sua própria mesa. E Jesus também faz da
comida o sinal de sua graça. Jesus antecipa para nós o banquete celeste através
da instituição da Eucaristia. A Eucaristia é, com efeito, o banquete celeste
antecipado na terra. É o céu aqui na terra. “A Eucaristia é verdadeiramente um
pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém
celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso
caminho” (Papa João Paulo II: Ecclesia de Eucharistia n. 19). A
Eucaristia ”une o céu e a terra. Abraça e impregna toda a criação” (Idem n. 9).
”Sempre que descobrimos de novo a dimensão escatológica presente na Eucaristia,
celebrada e adorada, somos apoiados no nosso caminho e confortados na esperança
da glória (Rm 5, 2; Tt 2, 13)” (Bento XVI: Sacramentum Caritatis:
Exortação Apostólica n. 32).
Vem a pergunta: Será que eu estou
consciente de que na Eucaristia Deus me recebe em sua própria mesa como um
convidado especial? Tenho algo a comemorar ou a celebrar quando vou participar
da Eucaristia? Será que sei valorizar a ação de graças?
“O senhor
Deus eliminará para
sempre a morte
e enxugará as lágrimas de todas as faces ...” (Is 25,8ª). Que
grande consolação para
nós todos !
No banquete
divino , Deus
celebra uma vitória ao nos
convidar para esta festa celeste : a vitória sobre a morte . A morte é a grande obsessão
da humanidade , o grande
fracasso , o grande
absurdo , o símbolo
da fragilidade e do sofrimento. Também é a grande
objeção ou
recusa que os homens
fazem para Deus :
se Deus existe, por
que existe o mal ?
Devemos escutar a pergunta
e também a resposta
de Deus . Há que
dar a Deus tempo , e saber esperar sua resposta .
“O senhor
Deus eliminará para
sempre a morte ”.
Tal é a Boa Nova
de Jesus Cristo . Em
cada Eucaristia
comemoramos a vitória de Cristo
sobre a morte
e conseqüentemente , nossa
vitória também .
Mas será que
cada Eucaristia
é para mim uma
comida de vitória
sobre a morte ?
Será que estou consciente
da verdade daquilo que
rezo na eucaristia : “Anunciamos, Senhor , a vossa morte e proclamamos a vossa
ressurreição . Vinde Senhor ,
Jesus!”? Através desta proclamação
queremos anunciar ao mundo
que a morte não é o fim do homem . O fim é
a exultação , a alegria ,
a salvação. Isto é o que Deus quer ; é o que Deus nos
preparou.
Jesus multiplica comida porque é
algo sagrado ,
porque mantém a sobrevivência
da própria vida .
Através desse gesto
de Jesus, o homem é chamado a partilhar e a comer à mesa com os seus irmãos (na
multiplicação todos
comem dos mesmos pães
e peixes ). Somente quando o pão for partilhado
é que ele
deixará de ser motivo
de disputas para
transformá-lo em sinal
de amor e de fraternidade .
O pão consumido isoladamente faz parte somente do mundo animal , pois o animal come sozinho e briga
bravamente pela
comida . O homem
é sempre o companheiro
do outro , isto
é, aquele que
come do mesmo pão
(partilha). Precisamos partilhar o que é sagrado com os outros para torná-los sagrados
também . Para isso tudo nós precisamos primeiro
nos alimentar
do Pão da Palavra
de Deus e do Pão eucarístico. Quando nos alimentarmos verdadeiramente do Pão
da Palavra de Deus
e do Pão eucarístico é que
nos sentiremos irmãos
e sairemos do mundo do egoísmo para começar
a partilhar o que
se tem. É ser pão para os irmãos.
Jesus multiplicou sete pães e alguns
peixes oferecidos pelos discípulos para alimentar os coxos, aleijados, cegos,
mudos, e muitos outros doentes. A atenção de Deus vai, em primeiro lugar, para
estes. A misericórdia amorosa de Deus se interessa primeiro pelos que sofrem,
pelos pobres e pelos enfermos. O Senhor nos convida a prestar atenção para o
grave problema da fome; para os que hoje têm fome; para todas as fomes: a fome
material, a fome espiritual, a fome da dignidade, a fome do mútuo respeito e
assim por diante. O tempo do advento e do Natal é o tempo propício para viver a
partilha intensamente, dividindo o que temos para os que nada têm. Muitas
crianças querem brinquedos no Natal, mas a maioria quer comida. A comida é sagrada
porque sustenta a vida que é sagrada, pois a vida é de Deus e Deus está nela.
Para Refletir:
1. SER PÃO
·
SER PÃO significa que eu devo
cultivar a ternura e a bondade porque assim é o pão, terno e bom.
·
SER PÃO significa que devo
estar sempre disposto ao sacrifício como o pão que se deixa triturar.
·
SER PÃO significa que devo
viver sempre no amor maior capaz de morrer para dar vida, como o pão.
·
SER PÃO significa que eu
preciso me deixar assar e triturar pelo fogo do amor e do Espírito para que eu
possa me oferecer a todos os que tenham alguma fome. Eu preciso me deixar
amassar pelas contrariedades, pelos trabalhos e pelos serviços a favor dos
demais irmãos.
2. Perigo Do Consumismo desenfreado
“O grande risco do mundo actual, com sua múltipla e avassaladora oferta de
consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e
mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência
isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios
interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já
não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem
fervilha o entusiasmo de fazer o bem. Este é um risco, certo e permanente, que
correm também os crentes. Muitos caem nele, transformando-se em pessoas
ressentidas, queixosas, sem vida. Esta não é a escolha duma vida digna e plena,
este não é o desígnio que Deus tem para nós, esta não é a vida no Espírito que
jorra do coração de Cristo ressuscitado”. (Papa Francisco: Carta Enciclica Evangelii
Gaudium no.2)
P. Vitus Gustama,svd
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