segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

SER CRISTÃO SIGNIFICA SER PÃO PARA OS OUTROS

Quarta-Feira da I Semana Do Advento
03 de Dezembro de 2014
 

Textos: Is 25,6-10; Mt 15,29-37


Naquele tempo, 29 Jesus foi para as margens do mar da Galileia, subiu a montanha, e sentou-se. 30 Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele os curou. 31 O povo ficou admirado, quando viu os mudos falando, os aleijados sendo curados, os coxos andando e os cegos enxergando. E glorificaram o Deus de Israel. 32 Jesus chamou seus discípulos e disse: “Tenho compaixão da multidão, porque faz três dias que está comigo, e nada tem para comer. Não quero mandá-los embora com fome, para que não desmaiem pelo caminho”. 33 Os discípulos disseram: “Onde vamos buscar, neste deserto, tantos pães para saciar tão grande multidão?” 34 Jesus perguntou: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete, e alguns peixinhos”. 35 E Jesus mandou que a multidão se sentasse pelo chão. 36 Depois pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os, e os dava aos discípulos, e os discípulos, às multidões. 37 Todos comeram, e ficaram satisfeitos; e encheram sete cestos com os pedaços que sobraram.

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A imagem do banquete descrito pelo profeta Isaias (Is 25,6-10) constitui um dos símbolos fundamentais para expressar a comunhão, a família, a fraternidade, a igualdade, a festa, o diálogo, e a vitória.


O banquete anunciado pelo profeta Isaias para o final dos tempos celebra a vitória de Deus sobre os poderes que escravizam e excluem os homens. Com isso, o profeta quer nos dizer que a última palavra será a Palavra de Deus e não a do homem por poderoso que o homem pareça ser neste mundo. Feliz seja aquele que vive de acordo com a Palavra de Deus!


“Naquele dia, o Senhor dos exércitos dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos” (Is 25,6). Que descrição bonita!


Nos costumes orientais e bíblicos, o banquete faz parte do ritual de entronização dos reis. Com freqüência a magnificência no enfeite, a qualidade dos manjares e a dos vinhos eram o sinal do poder de um rei, e muito particularmente eram o modo de celebrar a vitória. Preocupava-se, então, com qualidade de comida e de bebida e a do enfeito da sala do banquete.


Também nós festejamos nossas alegrias em família com uma comida especial, pouco diferente da normal por ocasião de alguma festa ou de alguma comemoração.


Para anunciar os tempos de salvação, Deus anuncia que será o anfitrião de sua própria mesa. E Jesus também faz da comida o sinal de sua graça. Jesus antecipa para nós o banquete celeste através da instituição da Eucaristia. A Eucaristia é, com efeito, o banquete celeste antecipado na terra. É o céu aqui na terra. “A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho” (Papa João Paulo II: Ecclesia de Eucharistia n. 19). A Eucaristia ”une o céu e a terra. Abraça e impregna toda a criação” (Idem n. 9). ”Sempre que descobrimos de novo a dimensão escatológica presente na Eucaristia, celebrada e adorada, somos apoiados no nosso caminho e confortados na esperança da glória (Rm 5, 2; Tt 2, 13)” (Bento XVI: Sacramentum Caritatis: Exortação Apostólica n. 32).


Vem a pergunta: Será que eu estou consciente de que na Eucaristia Deus me recebe em sua própria mesa como um convidado especial? Tenho algo a comemorar ou a celebrar quando vou participar da Eucaristia? Será que sei valorizar a ação de graças?


O senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces...” (Is 25,8ª). Que grande consolação para nós todos!
 

No banquete divino, Deus celebra uma vitória ao nos convidar para esta festa celeste: a vitória sobre a morte. A morte é a grande obsessão da humanidade, o grande fracasso, o grande absurdo, o símbolo da fragilidade e do sofrimento. Também é a grande objeção ou recusa que os homens fazem para Deus: se Deus existe, por que existe o mal? Devemos escutar a pergunta e também a resposta de Deus. Há que dar a Deus tempo, e saber esperar sua resposta.


O senhor Deus eliminará para sempre a morte”. Tal é a Boa Nova de Jesus Cristo. Em cada Eucaristia comemoramos a vitória de Cristo sobre a morte e conseqüentemente, nossa vitória também. Mas será que cada Eucaristia é para mim uma comida de vitória sobre a morte? Será que estou consciente da verdade daquilo que rezo na eucaristia: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde Senhor, Jesus!”? Através desta proclamação queremos anunciar ao mundo que a morte não é o fim do homem. O fim é a exultação, a alegria, a salvação. Isto é o que Deus quer; é o que Deus nos preparou.


Mas precisamos aprender a partilhar o que temos e somos, como Jesus fez na multiplicação dos pães (Mt 15,29-37), para que mereçamos estar com Deus eternamente. Precisamos ser pão para os demais, isto é, ser vida para os outros. Não é por acaso que a multiplicação dos pães é narrada tantas vezes nos evangelhos. Os evangelistas Mateus e Marcos o relatam duas vezes no seu respectivo evangelho.


Jesus multiplica comida porque é algo sagrado, porque mantém a sobrevivência da própria vida. Através desse gesto de Jesus, o homem é chamado a partilhar e a comer à mesa com os seus irmãos (na multiplicação todos comem dos mesmos pães e peixes).  Somente quando o pão for partilhado é que ele deixará de ser motivo de disputas para transformá-lo em sinal de amor e de fraternidade. O pão consumido isoladamente faz parte somente do mundo animal, pois o animal come sozinho e briga bravamente pela comida. O homem é sempre o companheiro do outro, isto é, aquele que come do mesmo pão (partilha). Precisamos partilhar o que é sagrado com os outros para torná-los sagrados também. Para isso tudo nós precisamos primeiro nos alimentar do Pão da Palavra de Deus e do Pão eucarístico. Quando nos alimentarmos verdadeiramente do Pão da Palavra de Deus e do Pão eucarístico é que nos sentiremos irmãos e sairemos do mundo do egoísmo para começar a partilhar o que se tem. É ser pão para os irmãos.


Jesus multiplicou sete pães e alguns peixes oferecidos pelos discípulos para alimentar os coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. A atenção de Deus vai, em primeiro lugar, para estes. A misericórdia amorosa de Deus se interessa primeiro pelos que sofrem, pelos pobres e pelos enfermos. O Senhor nos convida a prestar atenção para o grave problema da fome; para os que hoje têm fome; para todas as fomes: a fome material, a fome espiritual, a fome da dignidade, a fome do mútuo respeito e assim por diante. O tempo do advento e do Natal é o tempo propício para viver a partilha intensamente, dividindo o que temos para os que nada têm. Muitas crianças querem brinquedos no Natal, mas a maioria quer comida. A comida é sagrada porque sustenta a vida que é sagrada, pois a vida é de Deus e Deus está nela.


Para Refletir:


1. SER PÃO

·        SER PÃO significa que eu devo cultivar a ternura e a bondade porque assim é o pão, terno e bom.

·        SER PÃO significa que devo estar sempre disposto ao sacrifício como o pão que se deixa triturar.

·        SER PÃO significa que devo viver sempre no amor maior capaz de morrer para dar vida, como o pão.

·        SER PÃO significa que eu preciso me deixar assar e triturar pelo fogo do amor e do Espírito para que eu possa me oferecer a todos os que tenham alguma fome. Eu preciso me deixar amassar pelas contrariedades, pelos trabalhos e pelos serviços a favor dos demais irmãos.


2. Perigo Do Consumismo desenfreado


“O grande risco do mundo actual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. Este é um risco, certo e permanente, que correm também os crentes. Muitos caem nele, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Esta não é a escolha duma vida digna e plena, este não é o desígnio que Deus tem para nós, esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado”. (Papa Francisco: Carta Enciclica Evangelii Gaudium no.2)

P. Vitus Gustama,svd

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