sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

14/01/2015
 
SERVIR NO ESPÍRITO DE DEUS

Quarta-Feira da I Semana Comum

 

Primeira Leitura: 1Sm 3,1-10.19-20


Naqueles dias, 1 O jovem Samuel servia ao Senhor na presença de Eli. Naquele tempo, a palavra do Senhor era rara e as visões não eram frequentes. 2 Acontece que, um dia, Eli estava dormindo no seu quarto. Seus olhos começavam a enfraquecer, e já não conseguia enxergar. 3 A lâmpada de Deus ainda não se tinha apagado e Samuel estava dormindo no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. 4 Então o Senhor chamou: “Samuel, Samuel!” Ele respondeu: “Eis-me aqui”. 5 E correu para junto de Eli e disse: “Tu me chamaste, aqui estou”. Eli respondeu: “Eu não te chamei. Volta a dormir!” E ele foi deitar-se. 6 O Senhor chamou de novo: “Samuel, Samuel!” E Samuel levantou-se, foi ter com Eli e disse: “Tu me chamaste, aqui estou”. Ele respondeu: “Não te chamei, meu filho. Volta a dormir 7 Samuel ainda não conhecia o Senhor, pois, até então, a palavra do Senhor não se lhe tinha manifestado. 8 O Senhor chamou pela terceira vez: “Samuel, Samuel!” Ele levantou-se, foi para junto de Eli e disse: “Tu me chamaste, aqui estou”. Eli compreendeu que era o Senhor que estava chamando o menino. 9 Então disse a Samuel: “Volta a deitar-te e, se alguém te chamar, responderás: ‘Senhor, fala, que teu servo escuta!” E Samuel voltou ao seu lugar para dormir. 10 O Senhor veio, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: “Samuel, Samuel!” E ele respondeu: “Fala, que teu servo escuta”. 19 Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. E não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras. 20 Todo Israel, desde Dã até Bersabeia, reconheceu que Samuel era um profeta do Senhor.


Evangelho: Mc 3,29-39


Naquele tempo, 29 Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31 E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los. 32 À tarde, depois do pôr do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33 A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34 Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era. 35 De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36 Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37 Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. 38 Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. 39 E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
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1. Jesus veio para nos garantir a vida eterna


Ao sair da sinagoga, como relatou o evangelho do dia anterior, Jesus foi à casa de Pedro e curou sua sogra. Jesus segurou a mão dela e a ajudou a se levantar. Não deve ser casual a utilização do verbolevantaraqui pelo evangelista Marcos. Este verbo (“levantar”) será usado para a ressurreição de Jesus Cristo. Isto quer dizer que Cristo vai comunicando sua vitória contra o mal e a morte, curando os enfermos, libertando os possuídos e devolvendo a dignidade às pessoas. Ele veio para dar vida em abundância (cf. Jo 10,10), pois Ele é a própria vida (cf. Jo 14,6) e n’Ele há vida (cf. Jo 1,4).


O existencialismo do filósofo Heidegger define o ser humano como o “ser-para-a-morte”. Para ele, o ser humano é o único ser que não somente morre e sim que sabe que vai morrer, e que neste sentido, se sabe “condenado à morte”.


Para nós cristãos, quando sem , o ser humano se sabe reduzido ao espaço de sua vida mortal, a perspectiva da morte, o medo da morte que se aproxima dia após dia. Pelo contrário, a em Jesus, a na vida eterna destrói a morte e a transforma simplesmente em passagem para a vida eterna. Ao confiar na vitória de Jesus sobre a morte, somos libertados do temor ou do medo da morte. Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá” (Jo 11,25-26).


2. Servir Como Estilo de Vida


A atitude da sogra de Pedro que depois que ficou curada, logo se pôs a servir Jesus e seus discípulos é uma atitude fundamental do mesmo Cristo. Jesus a curou para amar, para servir. Servir é aquele ato em favor do outro sem esperar nada de troca. É a prontidão para ajudar como um escravo que está pronto para servir seu senhor. Servir é uma adoração em ação. O culto que prestamos a Deus (adoração) se prolonga no serviço para ser completo (missão). Seguir a Jesus não significa dominar, e sim servir. O serviço equivale ao seguimento.


Por isso, o serviço não é somente um conjunto de boas obras, pequenas ou grandes, de ajuda aos demais. Estas boas obras, por si mesmas, não são nada porque muitas vezes as realizamos como “méritos” para obter um bom posto ou determinado privilégio. O que conta é a atitude de serviço como atitude de vida. Servir é, para o cristão, um estilo de vida, e não é apenas uma atividade em determinado momento da vida diante dos demais. Ao servir o outro, o cristão estará participando da vida e da missão de Jesus. Cristo servo deseja viver e estar em meio de uma comunidade de servos.


Para os cristãos servir, então, não é opcional e sim é lei constitutiva da comunidade cristã. Por esse caminho e vivendo este estilo de vida, cada cristão será um sinal vivo de Cristo para os outros. O cristão que não serve, não serve como cristão.


3. Colocar o Serviço Na Oração e a Oração No Serviço


O que chama nossa atenção é que a atividade de Jesus em libertar os homens não interrompe seu contato com Deus. No meio de sua atividade ele consagra determinado tempo para estar em contato permanente com Deus Pai a fim de não ser dominado por outros poderes e influências. Toda vez que a multidão quis fazê-lo rei, Jesus se afastou da multidão para estar em solidão com Deus. Por isso é que Jesus nenhuma vez caiu na tentação. Com o mesmo amor Jesus se dirige a seu Pai como ele se dirige aos demais, sobretudo aos que necessitam de sua ajuda. A partir de Deus tudo é governado por amor. Na oração Jesus encontra a força de sua atividade missionária. Podemos dizer que a vida, antes de ser vivida, precisa ser rezada. Quem sabe rezar bem, sabe também viver bem. Quem não sabe rezar bem, também não sabe viver bem. É preciso colocar a vida na oração e a oração na vida. Se pararmos de rezar, erraremos o caminho, pois rezar é estar com Deus e seu espírito.


Jesus se retirava para entrar em oração ao Pai (Mc 1,35;Lc 5,16;6,12;9,18.28;Jo 6,3 etc.) para nos dar exemplo e nos ensinar que o homem que quer descobrir e entender as coisas de Deus tem que cultivar a solidão com Deus. Não se pode atender a um assunto importante quando está se distraído por mil bagatelas, coisas sem valor (cf. Sb 4,12). As maravilhas de Deus, que consistem no amor que nos tem, não podem ser vistas sem a solidão interior. O segredo da credibilidade do ministério  de Jesus consiste na íntima relação entre a palavra e a ação e na profunda comunhão  com o Pai mediante a oração.


Para Refletir: Vocação de Samuel e Nossa Vocação


A vocação de Samuel, narrada na Primeira Leitura (1Sm3,1-10.19-20), é uma das passagens mais deliciosas de todo o Antigo Testamento. Seu nascimento extraordinário e sua dedicação a Deus no santuário de Silo predestinam Samuel para a missão profética que agora começa.


Samuel foi consagrado a Deus por sua mãe e em seu coração de menino Samuel se entregou a Deus. Deus intervém. Deus chama Samuel por seu nome: “Samuel, Samuel!”.


Deus teve que chamar Samuel três vezes para ser escutado e para provocar tomada de consciência. A escuta de Deus não é fácil, pois absolutamente não é tão evidente para o ser humano. Samuel teve que recorrer ao sumo sacerdote e lhe disse: Tu me chamaste, aqui estou”. A chamada de Deus passa pela mediação de um homem, o sumo sacerdote. O sumo sacerdote, Eli, compreendeu que era o Senhor que chamava o menino.


Será que eu tenho a simplicidade e a humildade para aceitar a mediação de meus irmãos da Comunidade, da Igreja para me ajudarem a interpretar e a entender a Palavra de Deus?


Escutar a Deus é algo que se aprende. É como se aprende a escutar a um ser humano a fim de estabelecer uma certa familiaridade com o pensamento habitual de alguém que nos faz conhecermos com mais profundidade o sentido dos acontecimentos. Quando nos deixarmos impregnar pela Palavra de Deus, a Luz começará a iluminar nossa vida.


Deus chamou Samuel e Samuel respondeu à chamada de Deus resumida na seguinte palavra: “Fala, Senhor, que teu servo escuta”. Samuel crescia e o Senhor estava com ele. Todo Israel reconheceu a autoridade de Samuel como profeta do Senhor.


A chamada de Deus, a vocação pessoal é sempre uma missão, um serviço aos homens. Servir a Deus significa servir aos homens com o intuito de salvá-los e de torná-los parceiros do bem.


“Hoje, Senhor, o que espera de mim?” deve ser nossa oração a Deus que necessita de nossa colaboração. A chamada de Deus, muitas vezes, se esconde atrás das vozes humanas que nos solicitam. São os outros que estão ao nosso redor. Os acontecimentos da história do mundo ou da Igreja, minhas próprias responsabilidades e assim por diante são os que nos transmitem a vontade ou a chamada de Deus para que façamos algo em nome de Deus para o bem comum e a salvação de todos.

P. Vitus Gustama,svd

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