segunda-feira, 1 de junho de 2015

Quinta-Feira, 4/06/2015
 
CORPUS CHRISTI E NOSSA VIDA
Fazei isto em minha memória!”
 
Nós nos reunimos freqüentemente para celebrar a Eucaristia em nome de Jesus, em Sua memória. Nós o fazemos sempre por seu encargo para recordar o que Jesus fez e disse a fim de que possamos também fazer a mesma coisa. Jesus entregou sua vida por amor para que todos fossem salvos. Em cada Eucaristia celebramos o amor de Deus, que nos amou até a morte. Por isso, precisamos fazer do amor de Deus um modelo para nosso amor ao próximo.
 
Ao celebrar a Eucaristia não podemos perder a memória de Jesus, sua lição e seu exemplo de vida para não ficarmos presos apenas nos ritos.  Temos que recuperar a memória de Jesus para que nossa missa deixe de ser um rito vazio, mas volte a ser um sacramento de salvação. Temos que recuperar a memória de Jesus para recordar tudo o que ele fez e disse, para não mutilar o evangelho nem desfigurar imagem cristã, nem converter a missa em uma bagatela, como convertemos a caridade em esmola. Temos que recuperar a memória de Jesus para compreender que a Quinta-Feira Santa e a Sexta-Feira Santa são inseparáveis, como são unidas a missa e a missão, o amor de Deus e o amor ao próximo.
 
Por isso, devemos compreender que a missa não se termina com a missa, e sim com a missão. Isto quer dizer que não vamos à missa para ir à missa. Mas que a missa, é de uma parte, a expressão de nossa fé, de nossa esperança e de nossa caridade. Mas de outra parte, a missa é sempre um imperativo, uma exigência para fazer operativa nossa fé, nossa esperança e nossa caridade. Por isso, quando finaliza o rito, começa a realidade na vida; quando termina a reunião eclesial, deve começar nosso compromisso cristão; quando termina a missa, deve começar a missão. Se não a missa careceria de sentido. “Fazei isto em minha memória!”, Jesus nos relembra.
 
Jesus derramou até a ultima gota de seu sangue na cruz por amor a nós todos. Pela comunhão do pão e do vinho, do Corpo e do Sangue do Senhor, nós nos incorporamos a Cristo e a sua Igreja e nos convertemos em filhos de Deus. A Eucaristia é como uma transformação, porque é uma transfusão do sangue, da vida, do espírito de Cristo em nós. Entramos assim em sua missão e em sua causa.
 
Os primeiros cristãos tomavam muito a sério o que celebravam na Eucaristia, por isso, viviam como irmãos e não havia entre eles pobres, nem marginalizados porque tudo o punham em comum. A celebração da Ceia do Senhor era para eles um memorial indelével do amor de Deus e um estímulo irresistível da solidariedade com os irmãos.  Por isso, celebrar e participar da Eucaristia, da missa é para aumentar nosso amor, nossa solidariedade, nossa unidade e nossos esforços pela justiça. Trabalhar pela justiça é o modo de amar aos irmãos, porque a justiça é o passo prévio para o amor, ou o primeiro passo do amor.
 
“Enquanto estavam comendo, Jesus tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e lhes deu, dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo” (Mc 15,22). 
Jesus Cristo sabe o que é o pão para o homem. É fundamental.  Ao mesmo tempo, ele adverte que “não somente do pão o homem vive”. Mas muitos se empenham em viver somente do pão. Nesta busca exclusiva do pão, o homem se fecha em seu próprio egoísmo e começou a desconhecer os demais homens, que aparecem em seu horizonte apenas como competidores. Conseqüentemente, instalam-se no mundo a fome e a morte. Milhares são vitimas desse fenômeno chamado de egoísmo.
 
 
Hoje é o Dia do Pão por excelência em que poderíamos muito bem nos perguntar seriamente qual é o pão que perseguimos e que efeito produz em nós disso tudo, e o que significa para nós comungar o Corpo do Senhor, o Pão da Vida?
 
 
Hoje é um dia especialmente apto para revisarmos nossas comunhões, para ver até que ponto essas comunhões são um rito, carente de virtualidade, que nos deixa estáticos e sem nenhuma classe de compromisso pessoal com Deus e com os irmãos.
 
 
O que distingue a festa de hoje é a procissão. É o mais exterior nesta festa e é também mais distintivo. Mas quando o exterior nasce de dentro é também a manifestação de seu núcleo interior. Por isso, podemos meditar o mistério desta festa a partir da procissão. Procissão na sua etimologia latina significa “ir adiante”, “adiantar-se”.
 
 
É importante enfatizar a íntima conexão que existe entre a missa e a procissão. A procissão é o prolongamento da missa e por isso não deve ser considerada separada. A procissão é uma ação de graças mais ampla. Toda devoção eucarística deve partir da missa e conduzir novamente a ela.
 
 
A Hóstia consagrada levada em procissão é o Pão vivo e Doador da vida: “Eu sou o Pão da Vida”, disse Jesus. Com razão recebe culto público e sua finalidade principal é ser recebida como alimento espiritual para nos unir com Cristo e nos associar a seu sacrifício, isto é, ao receber o Pão da Vida devemos ser vida para os outros. Somos alimentados com o Pão da Vida para que sejamos vida para os outros.
 
 
A procissão do Corpus Christi teve sua origem no último terço do século XIII. A partir do século XV se tornou geral.
 
 
A procissão brotou do costume mais geral das procissões do campo. Nessas procissões o homem recorre a terra onde se desenvolve sua existência, santificando-a e introduz o “santoem seu mundo (desde as relíquias da Igreja até o “santíssimo”).
 
 
O homem na procissão delimita o espaço onde se realiza sua existência; e o espaço aberto se converte em igreja, o sol em luz do altar, o ar fresco forma um coro com os cantos dos pássaros e os homens se convertem em caminhantes alegres. Assim a procissão representa visivelmente o movimento dos homens até seu fim através dos lugares de sua existência. E a presença do Santo sustenta este movimento.
 
 
Com isso chegamos ao sentido da festa de Corpus Christi, ao sentido da Eucaristia. Certamente, este sacramento alcança seu sentido pleno quando é recebido. Quando o conservamos em nossos altares e o levamos através da terra onde se desenvolve nossa vida, é para mostrar que este sacramento continua sendo o alimento que somente nos apropriamos totalmente quando o degustamos: “Tomai todos e comei. Isto é o meu Corpo que é vos entregue!”.
 
 
Que sentido tem a procissão de Corpus Christi? Ela nos faz descobrir que somos peregrinos sobre a terra; não temos aqui pátria permanente. Andamos pelo espaço e o tempo, estamos sempre em caminho e buscamos nossa pátria própria e eterna. Santo Agostinho dizia: “Gostes ou não, não és mais que um peregrino neste mundo. Podes, pois, adoçar teu caminho; porém, por mais que queiras, não poderás converter-te em residente” (In ps. 120,14). Nessa peregrinação somos aqueles que devem deixar-se transformar porque ser homem significa deixar-se transformar. A perfeição se alcança transformando-se e formando-se permanentemente.
 
 
Nossa temporalidade e os distintos lugares onde se desenvolve nossa existência se manifestam através de uma procissão, de uma marcha. Mas esta marcha não é a marcha de uma manada. Uma procissão é um movimento dos que se sentem verdadeiramente unidos; é uma peregrinação durante a qual os peregrinos se dão as mãos para que o outro continue em nessa peregrinação. É ser irmão e irmã da jornada. É um movimento que leva consigo o Santo, o Eterno, que tem consigo a tranqüilidade do movimento e a unidade dos que se movem. Através da Procissão de Corpus Christi queremos manifestar publicamente que o Senhor da história e deste êxodo santo do desterro para a pátria eterna, vai conosco; é uma marcha eterna, uma procissão que tem verdadeiramente uma meta diante de si e consigo. Nesta marcha levamos o Corpo santo que foi entregue por nós para a remissão de nossos pecados. A cruz do calvário vem conosco. Temos sempre conosco o Crucificado ressuscitado na marcha através de nosso tempo. Por meio desta procissão, que tem consigo o Crucificado, confessamos que somos pecadores, mas andando com o Doador da vida, viveremos na graça santificante. Por isso, a procissão nos fala da presença permanente da reconciliação nos caminhos de nossa vida. A procissão nos diz que Deus vai conosco; Ele, a reconciliação, Ele, o amor e a misericórdia. Ele que nos acompanha, Ele que nos persegue ainda que caminhemos por caminhos tortuosos e percamos a direção. Ele, que busca no deserto a ovelha perdida e corre ao encontro do filho pródigo. Ele vai conosco na peregrinação de nossa vida, Ele que recorreu por si mesmo todas as ruas e estradas desde o nascimento até a morte. Ele, com misericórdia de seu coração, com a experiência de uma vida completa de homem, paciente e misericordioso. Ele, a salvação e a reconciliação de nossos pecados, levamos o sacramento através das ruas ou campos ou desertos de nossa vida e confessamos e cremos: estamos bem acompanhados na nossa peregrinação, pois o Senhor caminha conosco. Estamos bem acompanhados por Aquele que com sua companhia pode fazer todos os caminhos retos. Através da Procissão queremos confessar que nós, peregrinos nesta terra levamos nas mãos Aquele que é o Começo e o Fim, o Alfa e o Ômega de nossa vida. Através da Procissão queremos professar que a divindade e a humanidade estão unidas indissoluvelmente. Levamos conosco o Corpo glorioso em que o mundo começou a ser glorificado. O Eterno, o Definitivo, o próprio Deus está conosco. Neste momento misterioso tempo e eternidade, terra e céu, Deus e homem começa a penetrar-se. Se você tiver consciência de tudo isso, sua vida vai começar a mudar e a se transformar e você ganhará cada vez mais força mais do que suficiente para começar sua vida com Deus.
 
 
Levamos o Corpo do Senhor em procissão e com isso expressamos que todos somos um, que todos vamos pelo mesmo caminho, o único caminho de Deus e de sua eternidade. As mesmas forças da vida eterna operam em todos nós, o único amor divino é nossa participação, participação que nos vincula mais profunda e interiormente.
 
 
Se o Senhor anda conosco, simbolizado pela procissão, então, não podemos ter mais medo de nada para avançar no bem; não podemos perder mais tempo para começar de novo, para formar-se. Se a vida é uma peregrinação com o Senhor não é permitido ficar parado e paralisado. Caminhar com o Senhor tudo será aberto apesar dos aparentes muros de desafio.

 
P.Vitus Gustama,SVD
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MISSA
René Juan Trossero


A Missa é uma REUNIÃO fraternal.
Pena que nos juntemos tantas vezes
Sem nos encontrar realmente.
 
A Missa é um MEMORIAL.
Pena que, com tanta facilidade,
Esqueçamos o que nele lembramos.
 
A Missa é uma FESTA.
Pena que nós vivamos tão pouco festivamente.
 
A Missa é uma OFERTA.
Pena que nós vamos mais
Para buscar algo do que para nos entregar
 
A Missa é um SACRIFÍCIO.
Pena que nos ajoelhemos diante do Pão consagrado
E não façamos a mesma coisa diante do irmão que o come.
 
A Missa é uma COMIDA.
Pena que nem sempre sintamos “fome de justiça”!
 
A Missa é uma PÁSCOA.
Pena que nos custe tanto nos convertermos e “passarmos” do ódio e da indiferença para o amor fraterno.
 
Se alguma vez forem nos cobrar satisfações,
Não será tanto por termos faltado à missa,
Mas por termos estado tantas vezes na missa,
Sem que nada tivesse mudado em nossa vida.


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HOMILIA DO PAPA BENTO XVI NA SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO

Missa celebrada na Basílica de São João de Latrão


ROMA, quinta-feira, 11 de junho de 2009 Às 19h (horário de Roma).

Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, o Santo Padre Bento XVI celebrou Missa na Basílica de São João de Latrão. Presidiu ainda a procissão até a Basílica de Santa Maria Maior e concedeu a bênção eucarística. Publicamos a homilia do Papa.

 
"ESTE É O MEU CORPO, ESTE É O MEU SANGUE"

 

Queridos irmãos e irmãs,


Estas palavras que Jesus falou durante a Última Ceia repetem-se cada vez que se renova o Sacrifício eucarístico. Nós as escutamos há pouco no Evangelho de Marcos e elas ressoam com notável poder evocativo hoje, Solenidade de Corpus Christi. Conduzem-nos ao Cenáculo e trazem a atmosfera espiritual daquela noite, quando, celebrando a Páscoa com os seus, o Senhor antecipou no mistério o sacrifício que seria consumado no dia seguinte sobre a cruz. A instituição da Eucaristia surge como antecipação e aceitação de Jesus pela sua morte. Escreve a esse propósito Santo Efrem, o sírio: durante a ceia, Jesus sacrificou-se, na cruz Ele foi morto por outros (cf. Hino sobre a crucificação de 3, 1).


"Este é o meu sangue". Clara é aqui a referência à linguagem sacrifical de Israel. Jesus se apresenta como o verdadeiro e definitivo sacrifício, no qual se realiza a expiação dos pecados, o que, nos ritos do Antigo Testamento, não fora ainda plenamente realizado. A essa expressão se seguirão outras duas muito significativas. Em primeiro lugar, Jesus Cristo disse que seu sangue era “derramado em favor de muitos", com uma compreensível referência aos cantos do Servo, encontrados no livro de Isaías (cf. capítulo 53). Com o acréscimo de "o sangue da aliança", Jesus deixa claro que, graças a sua morte, finalmente se torna efetiva a aliança feita por Deus com "seu" povo. A antiga aliança fora estabelecida no Monte Sinai com o rito sacrifical de animais, como ouvimos na primeira leitura, e o povo eleito, libertado da escravidão no Egito, havia prometido seguir as orientações do Senhor (cf. Ex. 24, 3).


Na verdade, Israel, com a construção do bezerro de ouro, mostrou-se incapaz de se manter fiel à aliança divina, que foi transgredida freqüentemente, adaptando ao coração de pedra a Lei que era para ensinar o caminho da vida. Mas o Senhor não abdicou de sua promessa e, através dos profetas, chamou a atenção para a dimensão interior da aliança, e anunciou que gravaria esta nova lei nos corações dos fiéis (cf. Jr. 31, 33), transformando-os com o dom do Espírito (cf. Ez 36, 25-27). E foi durante a Última Ceia que fez com os discípulos esta nova aliança, não a confirmando com sacrifícios de animais, como no passado, mas com o seu sangue, tornado "sangue da nova aliança”.


Isto vem bem evidenciado na segunda leitura, retirada da Carta aos Hebreus, onde o autor sagrado declara que Jesus é o “mediador de uma nova aliança" (9, 15). Tornou-se isto graças ao seu sangue ou, mais precisamente, graças ao dom de si, dando pleno valor ao seu sangue. Na Cruz, Jesus é ao mesmo tempo vítima e sacerdote: vítima digna de Deus porque sem mancha, e sumo sacerdote que oferece a si mesmo, sob o impulso do Espírito Santo, e intercede por toda a humanidade. A Cruz é, portanto, mistério de amor e de salvação, que purifica a consciência da "opere morte", isto é, do pecado, e santifica-nos, esculpindo a nova aliança em nossos corações; a Eucaristia, renovando o sacrifício da Cruz, nos faz capazes de viver fielmente a comunhão com Deus.


Queridos irmãos e irmãs –a quem saúdo a todos com afeto, começando pelo cardeal vigário e os outros cardeais e bispos presentes– como o povo eleito reunido na assembléia do Sinai, ainda hoje queremos reafirmar nossa fidelidade ao Senhor. Há poucos dias, na abertura da convenção anual diocesana, mencionei a importância de permanecer, como a Igreja, na escuta da Palavra de Deus, por meio da oração e do estudo das Escrituras, e em especial da prática da lectio divina. Sei que muitas iniciativas se fazem nas paróquias, seminários, comunidades religiosas, no âmbito das irmandades, associações e movimentos apostólicos, que enriquecem a nossa comunidade diocesana. Aos membros destes diferentes organismos eclesiais envio minha fraterna saudação. A sua numerosa presença nesta grande festa, queridos amigos, põe em destaque nossa comunidade, caracterizada por uma pluralidade de culturas e experiências diferentes; Deus a molda como "seu" povo, como o Corpo de Cristo, graças a nossa sincera participação na dupla mesa da Palavra e da Eucaristia. Nutridos de Cristo, nós, seus discípulos, recebemos a missão de ser a "alma" da nossa cidade (cf. Lettera a Diogneto [Carta a Diogneto], 6: ed. Funk, I, p. 400; ver também LG, 38), fermento de renovação, pão repartido para todos, especialmente para aqueles que estão em situações de sofrimento, pobreza e dor física e espiritual. Tornamo-nos testemunhas do seu amor.


Faço um apelo especial a vós, queridos sacerdotes, a quem Cristo escolheu, para que junto dele possam viver a vossa vida como sacrifício de louvor para a salvação do mundo. Só a partir da união com Jesus pode-se ter aquela fecundidade espiritual que é fonte de esperança em seu ministério pastoral. Recorda São Leão Magno que "a nossa participação no corpo e sangue de Cristo não tende a nada mais que nos transformar naquilo que recebemos" (Sermão 12, De Passione 3/7, PL 54). Se isto é verdade para cada cristão, é ainda mais para nós sacerdotes. Ser Eucaristia! Seja este o nosso desejo e esforço constante, para que a oferta do corpo e sangue do Senhor que fazemos sobre o altar esteja acompanhada do sacrifício das nossas vidas. Todos os dias, cultivemos pelo Corpo e Sangue do Senhor aquele amor livre e puro que nos faz dignos ministros de Cristo e testemunhas da sua alegria. É aquilo que os fiéis esperam de um padre: o exemplo de que é uma verdadeira devoção à Eucaristia; o amor que se vê ao passar longos momentos de silêncio e de adoração diante de Jesus, como fazia o Santo Cura d'Ars, que será lembrado de modo especial durante o Ano Sacerdotal.


São João Maria Vianney gostava de dizer aos seus paroquianos: "Venham para a comunhão... É verdade que não somos dignos, mas precisamos" (Bernard Nodet, Le Curé d'Ars. Sa pensée - Filho coeur, éd. Mappus Xavier, Paris 1995, p. 119). Com a consciência da inadequação por causa dos pecados, mas com a necessidade de nutrir-nos do amor que o Senhor oferece no sacramento eucarístico, renovamos esta noite nossa fé na presença real de Cristo na Eucaristia. Não se deve ter como um dado adquirido esta fé! Há hoje o risco de uma secularização intrínseca na Igreja, que se pode traduzir em um culto eucarístico formal e vazio, em celebrações destituídas daquela participação do coração que se exprime na veneração e no respeito pela liturgia. É sempre forte a tentação de reduzir a oração a momentos superficiais e apressados, deixando-se submergir pelas atividades e preocupações terrenas. Quando em breve recitarmos o Pai Nosso, a oração por excelência, vamos dizer: "O pão nosso de cada dia nos dai hoje", a pensar, naturalmente, no pão de cada dia. Esta questão contém, no entanto, algo mais profundo. O termo grego epioúsios, que traduzimos como "quotidiano", poderia também aludir ao pão "supra-substancial", o pão "do mundo a advir". Alguns Padres da Igreja viram aqui uma referência à Eucaristia, o pão da vida eterna que é dado na Santa Missa, a fim de que desde agora o mundo futuro comece em nós. Com a Eucaristia, portanto, o céu vem sobre a terra, o advir de Deus ergue-se no presente e o tempo é abraçado pela eternidade divina.

Queridos irmãos e irmãs, como todos os anos, no final da Santa Missa, teremos a tradicional procissão eucarística e elevaremos, com orações e cantos, um coro de imploração ao Senhor presente na hóstia consagrada. Diremos a Ele em nome de toda cidade: permanece conosco, Jesus, concede a nós o dom de ti e nos dê o pão que nos alimenta para a vida eterna! Liberte este mundo do veneno do mal, da violência e do ódio que polui as mentes, purifica-o com a força do seu amor misericordioso. E a ti, Maria, que se fez mulher "eucarística" em sua vida, ajuda-nos a caminhar juntos rumo à meta do céu, alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo, pão da vida eterna e remédio da imortalidade divina. Amém!

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