sábado, 25 de julho de 2015

27/07/2015
FORÇA ILIMITADA DA PALAVRA DE DEUS

Segunda-Feira Da XVII Semana Comum


Evangelho: Mt 13,31-35

Naquele tempo, 31Jesus contou-lhes outra parábola: “O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. 32Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos”. 33Jesus contou-lhes ainda uma outra parábola: “O Reino dos Céus é como fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”. 34Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, 35 para se cumprir o que foi dito pelo profeta: ‘Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo’.
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As duas parábolas (grão de mostarda e fermento) são muito parecidas em seus efeitos finais: aquilo que é, aparentemente, pequeno e frágil, produz um efeito maior em comparação ao seu tamanho original. As sementes da mostrada são muito pequenas: não mais de um milímetro de comprimento (tamanho). Mas ao plantar tornam-se uma planta com uma altura mais de dois metros a ponto de os pássaros fazerem ninho nos seus galhos.  O fermento é bem conhecido no mundo culinário para fermentar a massa.  Um pouco de fermento pode fazer crescer a massa num tamanho e quantidade maior.
   

O aspecto mais chamativo nestas duas parábolas é o contraste que existe entre a situação inicial e o resultado final. Um grão de mostarda, sendo a menor das sementes, pode fazer surgir uma planta grande. E o mesmo acontece com o fermento que tem capacidade para fazer fermentar uma massa em tamanho maior.


Através das parábolas do grão da mostarda e do fermento o Senhor quer nos ensinar a olharmos, em silêncio, para as mãos eternas de Deus em plena obra da redenção do mundo. Cristo, o Verbo divino do Pai, veio e se fez semente fértil no campo do mundo: “Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão”. (Is 55,10-11). A Terra recebeu Seu Corpo sacrificado e a semente de Seu Sangue rendeu um por mil. A Sua Palavra caiu nos corações de pessoas de boa vontade, sensíveis ao impulso do Espírito divino, e deu infinitos bons frutos até neste momento. “Os grãos” que a Semente divina produziu somos nós todos. Fazemos parte deste grande milagre. E através de nós, mesmo que em pequeno número, Deus é capaz de fazer efeitos maiores no mundo. Mas que sejamos perseverantes. A fé autêntica resiste diante de qualquer obstáculo e dificuldade, pois sabe-se da vitória final logo no início. A fé é a antecipação daquilo que se espera e a certeza daquilo que não se vê (cf. Hb 11,1) .
               

Com estas parábolas o Senhor quer, então, difundir esperança e ânimo aos seus discípulos e a todos os seus seguidores. Os seguidores não devem admitir nunca o desalento nem o pessimismo derrotista. A graça de Deus continua sendo a graça de Deus. Este é o fundamento de nossa esperança. Não olhemos apenas para nossas técnicas. Temos que acreditar na própria força da Palavra de Deus que devemos semear por onde passarmos, e tenhamos certeza de que, no fim, haverá o resultado maior do que imaginamos, a exemplo do grão de mostrada e o fermento, pois a própria Palavra de Deus tem força intrínseca. É inesgotável a fecundidade da Palavra de Deus, como a força germinadora da natureza em um contínuo rejuvenescer-se. Em cada semente, mesmo do tamanho do grão de mostarda, tem uma tal plenitude de vida que move o semeador a colocá-la na terra.


Somos convidados a confiar plena e totalmente em Deus que pode produzir grandes coisas a partir das pequenas coisas. As medidas de Deus são diferentes das dos homens. As pequenas coisas são para Deus grandes, e o grande dos homens é para ele pequeno, “Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens... O que é estulto no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o que é fraco no mundo, Deus o escolheu para confundir os fortes... “ (1Cor 1,25.27).


Por isso, não desistamos em semear o que é bom e digno, pois a bondade é o único investimento que nunca falha. Independentemente do reconhecimento humano ou não, a bondade continua sendo a bondade, o bem continua sendo o bem, a graça de Deus continua sendo a graça de Deus. Nossa única tarefa na nossa passagem neste mundo é continuar a semear a bondade por todos os meios possíveis e em qualquer lugar e tempo. O Senhor não permite o derrotismo pessimista nem o desespero, porque o êxito final é de Deus, que tem nas suas mãos as chaves da história humana. Não cabe ao cristão ficar decepcionado porque o resultado não aparece logo. Semear e semear a bondade é o único negócio do cristão, e deixar para Deus o resultado final. Alguém pode não reconhecer a bondade praticada, mas ela está escrita em Deus.


O texto do evangelho de hoje termina com a seguinte frase: “Nada lhes falava sem usar parábolas, para se cumprir o que foi dito pelo profeta: ‘Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo’”.


Esta frase se remonta à pergunta dos discípulos: “Por que lhes fala em parábola?” (Mt 13,10). Jesus fala do Reino de Deus em parábola para a multidão. Trata-se  de realidades invisíveis, como toda a atuação de Deus na história. É preciso usar comparações (em parábolas) para explicar e revelar melhor a realidade do Reino. Em todo caso fica claro que o falar de Jesus em parábola também é revelação. Isto quer nos dizer que Jesus tem uma atitude de revelação e de cumprimento. Não há nada de estranho em que este versículo 35 se encontra somente em Mateus. Trata-se de seu tema especifico: apresentar Jesus como Aquele que veio para cumprir e levar a seu cumprimento a Lei e os Profetas (Mt 5,17), para revelar a todos os mistérios do Reino e, depois para explicar em sua catequese seu sentido para aqueles que acolhem a mensagem. O evangelista Mateus cita o Salmo 78,2 que ele atribui a profeta (cf. Mt 1,22; 2,15), não porque este Salmo se atribui a um profeta (pois não se encontra em nenhum profeta) e sim porque todas as Escrituras do Antigo Testamento (AT) têm para Mateus o valor profético cujo cumprimento acontece na vida e missão de Jesus (cf. Mt 5,17).


Afinal, o que devemos fazer a partir das duas parábolas lidas neste dia? É sermos terra aberta para a semente da Palavra de Deus, para sua majestosa e sempre operante força, e tirar do caminho o que possa obstaculizar esta força e sarar a terra, que somos todos, para que através de nós cresça o bem no mundo. É ser massa macia para que o fermento da Palavra possa operar dentro de nosso coração para que sejamos pães para alimentar os demais. É tudo que devemos fazer.
 
P. Vitus Gustama,svd

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