sexta-feira, 25 de setembro de 2015

30/09/2015
SEGUIR JESUS INCONDICIONALMENTE PARA ALCANÇAR A PLENITUDE

Quarta-feira Da XXVI Semana Comum
FESTA DE SÃO JERÔNIMO

Evangelho: Lc 9,57-62

57 Enquanto caminhavam, um homem disse a Jesus: "Senhor, seguir-te-ei para onde quer que vás". 58 Jesus replicou-lhe: "As raposas têm covas e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça".59 A outro disse: "Segue-me". Mas ele pediu: "Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai". 60 Mas Jesus disse-lhe: "Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus". 61 Um outro ainda lhe falou: "Senhor, seguir-te-ei, mas permite primeiro que me despeça dos que estão em casa". 62 Mas Jesus disse-lhe: "Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus".
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O texto do evangelho deste dia faz parte da seção chamada Liçoes do Caminho. Jesus está no caminho para Jerusalém onde ele será crucificado, morto e ressuscitado. Neste caminho Jesus vai dando suas ultimas lições para seus discípulos.


1. Um homem se aproxima de Jesus e diz: “Eu Te seguirei para onde quer que Tu vás”. Este homem se crê forte, sólido, generoso e cheio de entusiasmo.


Mas para seguir Jesus não basta o entusiasmo, muito menos se acha forte e sólido. O ser humano é uma criatura limitada. Seguir Jesus é ser participe de seu destino. É estar disponível para viver na insegurança: “O Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça!”. A vida de Jesus é uma entrega total ao plano de Deus. Ele está sempre pronto para cumprir a vontade de Deus para a salvação do homem.


O discípulo não pode programar a própria vida segundo critérios de exigências pessoais ou de comodidade individual. Sua vida não pode estar amarrada pelas estruturas ou possessões materiais, se quiser ser realmente seguidor de Jesus.


2. O outro é Jesus quem o convida ou chama: “Segue-me!”. Mas este responde: “Deixa-me enterrar, primeiro, meu Pai”. Mas Jesus lhe respondeu: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos”. Trata-se de uma afirmação provocativa.


Em Israel enterrar os mortos é uma obrigação sagrada e é um ato natural em todas as civilizações. O que significa, então, a afirmação de Jesus? Esta afirmação significa uma ruptura com o passado, com as estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais que geram a morte. É necessário que o seguidor de Jesus lute pela vida sem sacrificar a vida do outro em nome do interesse econômico ou político. Os “mortos” aqui são os hábitos, costumes e culturas que não salvam ou não constroem. O seguidor de Jesus sé tem uma coisa a fazer: Anunciar o Reino de Deus que consiste em fazer somente o bem. Fazer o bem não admite demora. Ou você faz o bem ou nunca mais o faz. Cada bem é um bem.


3. O terceiro homem se convida como o primeiro: “Eu Te seguirei, mas vou despedir-me, primeiro de meus familiares”. Para este Jesus responde: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.


Para ser seguidor de Jesus é preciso olhar para frente e não se pode tirar o olhar da meta que é a salvação eterna. Nada de vacilações. Não valem para o Reino de Deus os que dão importância ao que deixam. Somente valem os que enchem sua alma com serviço de entrega total para o bem comum sem esperar recompensa humana.


Em resumo, no evangelho deste dia Jesus põe outras três exigências. O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve despojar-se das preocupações materiais exageradamente: para o discípulo, o Reino tem de ser infinitamente mais importante do que as comodidades e o bem-estar material. O segundo diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se dos deveres e obrigações que, apesar da sua relativa importância impedem uma resposta imediata e radical ao Reino. O terceiro diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se de tudo para fazer do Reino a sua prioridade fundamental. Em outras palavras, seguir Jesus exige disponibilidade, radicalidade de entrega e coerência. Quem quiser seguir Jesus, não pode deter-se a pensar nas vantagens ou desvantagens materiais que isso lhe traz, nem nos interesses que deixou para trás, nem nas pessoas a quem tem de dizer adeus.


Muitas vezes temos tentação de estar dispostos a seguir a Jesus apenas durante umas horas de nossa vida, ou em uns aspectos de nossa vida. Muitas vezes temos tentação de colocar condições a Jesus para segui-Lo, apresentando supostamente boas desculpas, como narra o evangelho de hoje: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai” ou “Deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”.  O que dizemos parece sensato, mas na verdade é um modo de não aceitar a radicalidade da exigência que nos arrancaria de nossa mediocridade. Não se pode perder o tempo em enterrar tantos mortos que estão dentro de nós mesmos e que nos aprisionam sutilmente: valores mundanos, práticas religiosas sem compromisso e assim por diante. Tudo isto tem que morrer em nós para que possa surgir o espírito de liberdade e de vida nova. Jesus não anula o que tem de bom e de verdadeiro no nosso passado ou do nosso passado, mas nos exige que aprendamos a olhar a vida a partir de um critério absoluto.


“Segue-me” é o convite de Jesus hoje para cada um de nós. Vamos nos fazendo cristãos na medida em que nos atrevermos a seguir a Jesus. Vamos nos abrindo ao Espírito de Jesus para viver como ele viveu e passar por onde ele passou.  O cristão não é somente aquele que evita o mal e sim aquele que luta contra o mal e a injustiça como fez Jesus. O cristão não é somente aquele que faz o bem e sim aquele que luta por um mundo melhor adotando a postura de Jesus e tomando suas mesmas opções. “Segue-me” é o convite de Jesus para caminhar, para avançar e não para ficar parado e paralisado. Pessoas que tem coragem de caminhar são pessoas que fazem a diferença. “Pessoas que fazem diferença não desistem antes de começar, não dão moradia ao desânimo. Pessoas que fazem a diferença sabem que os problemas são relativos, transformam fracassos em aprendizados. Pessoas que fazem a diferença não se deixam amedrontar, alimentam sonhos possíveis. Pessoas que fazem a diferença começam cada dia com convicção, confiam que a vitória é dos persistentes no amor” (Canísio Mayer). “Não é porque certas coisas são difíceis que nós não ousamos; é justamente porque não ousamos que tais coisas são difíceis”, dizia Sêneca.

P. Vitus Gustama,svd

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