segunda-feira, 9 de novembro de 2015


11/11/2015
GRATIDÃO E COMPAIXÃO EXPRESSAM UMA ALMA GRANDE

                                        

Quarta-Feira da XXXII Semana Comum


Evangelho: Lc 17,11-19


Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galiléia. 12 Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância, 13 e gritaram: 'Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!' 14 Ao vê-los, Jesus disse: 'Ide apresentar-vos aos sacerdotes.' Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. 15 Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; 16atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. 17 Então Jesus lhe perguntou: 'Não foram dez os curados? E os outro nove, onde estão? 18 Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?' 19 E disse-lhe: 'Levanta-te e vai! Tua fé te salvou.'

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Continuamos a caminhar com Jesus para Jerusalém ouvindo e meditando suas ultimas lições para nós, seus seguidores (Lc 9,51-19,28), pois logo depois ele será condenado à morte (crucificado). Uma das lições que tiramos do texto de hoje é a de agradecimento através da cena dos dez leprosos em que somente um voltou para agradecer pelo beneficio recebido (cura).

  • “A gratidão é o único tesouro dos humildes” (William Shakespeare).
  • “A gratidão é a virtude das almas nobres” (Esopo).
  • “Quem acolhe um benefício com gratidão, paga a primeira prestação da sua dívida” (Sêneca).
  • “A gratidão é um fruto de grande cultura; não se encontra entre gente vulgar” (Samuel Johnson).
  • “Expresse gratidão com palavras e atitudes. Sua vida mudará muito de modo positivo” (Masaharu Taniguchi).
    Os leprosos eram, na época de Jesus, os seres mais depreciáveis. Eles permaneciam isolados, pois a lepra era considerada, segundo o modo de pensar na época, como meio pelo qual Deus usava para castigar os grandes pecadores. Tocar num leproso causava a impureza cultual. Por isso, eles gritavam: “Lepra! Lepra!”, assim que as pessoas se aproximassem deles (Cf. Lv 13, 45). Eles viviam em cavernas ao longo dos caminhos e comiam o que os peregrinos lhes davam. Por serem considerados “grandes pecadores” eles eram considerados como pessoas impuras não aptas para conviver com as demais pessoas na sociedade, muito menos para participar das atividades cultuais/religiosas. Praticamente não eram considerados seres humanos. Se houvesse a cura, eles se apresentariam aos sacerdotes que tinham autoridade para declarar quem era puro e quem era impuro.
    Jesus permite que um grupo de leprosos se aproxime dele. Com este gesto Jesus rompe com a mentalidade segregacionista que divide o mundo em puros e impuros, sagrados e profanos, pois todos são filhos de Deus que necessitam do mesmo tratamento e da mesma proteção (cf. 1Jo 3,1). Com este gesto, Jesus se revela como o Deus-Conosco, o Deus-Próximo que caminha ao lado do homem (cf. Mt 28,20). O Deus-Conosco vem para nos curar de nossos males, especialmente os males que causam a desunião, a marginalização, exclusão... Jesus quer nos dizer que em vez de afastar as pessoas por causa de seus “males”, devemos nos aproximar delas para curá-las de seus “males”  a fim de formar novamente a comunidade de irmãos. Um precisa cuidar do outro. Causar a desunião é diabólico.
    O pedido dos leprosos é simples: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”. Os leprosos pedem a Jesus a compaixão: “Tenha compaixão de nós!”. A compaixão ou a misericórdia é a razão pela qual tantas vezes move o coração do Senhor. A compaixão leva Jesus a multiplicar os pães, curar os doentes, e não para demonstrar seu poder milagroso. E para aprender a ser misericordiosos, nós devemos nos fixar em Jesus que veio salvar o que estava perdido, carregar nossas misérias para nos salvar delas, compadecer-se dos que sofrem e dos necessitados. Cada página do Evangelho é uma amostra da misericórdia divina. A misericórdia divina é a essência de toda a história da salvação.
    Jesus remete os leprosos ao sacerdote que era a instituição encarregada de decidir quem era puro e quem era impuro. E no caminho todos ficaram curados. O que é condenável aos olhos do homem é redimido por Deus em Jesus Cristo. “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”.
    Mas unicamente quem voltou para agradecer a Jesus era um samaritano, um estrangeiro, aquele que era considerado meio-pagão. Aqueles que são considerados aparentemente como “adversários” de Deus é que sabem reconhecer a grandeza de Deus em Jesus Cristo que é capaz de transformar aquilo que é impossível em possível, um sonho impossível em um sonho realizado (cf. Lc 1,37; 18,27). Com isso o leproso curado, o samaritano, experimentou em sua vida o passo salvador de Deus em Jesus Cristo.
    O leproso curado que voltou a Jesus sabe que Quem lhe deu a cura vale muito mais do que a instituição a qual deve se apresentar. Ele reconhece Jesus acima de outras instâncias de Israel. O leproso curado entende que Jesus o integrou à comunidade humana, não importa que como leproso e estrangeiro era um duplo marginalizado. Diante de Jesus ele se prostra e reconhece no Homem da Galiléia seu Redentor. A fé do homem enfermo e marginalizado é que lhe permite ser completamente redimido. Se os outros nove leprosos correram atrás de seus opressores, o samaritano curado foi atrás de seu Libertador, ao se jogar aos pés de Jesus.
    Algumas lições que Jesus nos dá:
  • Os do povo eleito, os da Igreja, são os que menos sabem agradecer pelos favores de Deus, e por isso, vivem tristes e desorientados. “Um evangelizador não deveria ter constantemente uma cara de funeral” (Papa Francisco: Exortação Apostólica Evangelii Gaudium n.10). “A psicologia do túmulo... pouco a pouco transforma os cristãos em múmias de museu”( Idem n. 83). “Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma quaresma sem páscoa” (Idem n.6). Não existe um só dia em que Deus não nos conceda alguma graça particular e extraordinária. Pare e verifique! Agradecer é uma atitude própria de quem tem dignidade. Quem não sabe agradecer está mal preparado para conviver.
  • Deus em Jesus Cristo se preocupa com a dignidade e a salvação do homem. Por isso, o próprio homem, especialmente os cristão e todas as pessoas de boa vontade devem se preocupar com a dignidade humana sem excluir nenhuma pessoa da convivência. Jesus acolhe os excluídos da sociedade, logo os cristãos devem fazer a mesma coisa, pois eles são “outro Cristo” neste mundo. Quem se preocupa com a dignidade humana não se distancia do outros e sim se torna próximo de todos. Muitos males acontecem na vida de muitas pessoas como frutos de isolamento. A convivência fraterna tem poder de curar muitas males de nossa vida.
  • Através da cura dos dez leprosos, Lucas quer nos mostrar que Deus tem uma proposta de vida nova e de libertação oferecidas a todos, mas sob uma condição: que o homem obedeça à Palavra de Deus, pois ela tem o poder libertador. Ao obedecer e ao viver de acordo com a Palavra de Deus muitos males de nossa vida serão curados.
  • A vida fundada sobre o egoísmo, sobre a exclusão, sobre a discriminação, sobre a arrogância ou prepotência, sobre o complexo de superioridade é precisamente o câncer que ameaça a convivência e ameaça a humanidade. Se levantarmos barreiras contra os outros, é porque nosso amor é ainda pequeno e bem frágil, pois nada é sem valor e ninguém é pequeno quando o amor é grande.
  • Os dez leprosos, os excluídos querem nos ensinar com sua vida e exemplo que jamais podemos ficar desesperados quando encontrarmos alguma dificuldade de qualquer espécie, pois a vida é de Deus e Deus está nela (cf. Gn 2,7). Uma sabedoria oriental diz: “Volta sempre teu rosto na direção do sol e, então, as sombras ficarão para trás”. Esse sol é Deus, e as sombras são nossas dificuldades.



  • Não há mal que Deus não possa curar. Basta aproximar-se de Deus com coragem e humildade e Deus vai tomar conta de nossa vida e seremos livres em Deus.



  • A maior doença hoje, não é a lepra ou a tuberculose e sim a sensação de abandono, de não ser amado. A falta de amor é a pior de todas as pobrezas” (Madre Teresa de Calcutá).
    Nós começamos nossa celebração eucarística com uma súplica parecida à dos leprosos: “Senhor, tende piedade de nós!”. Fazemos bem, porque somos débeis e pecadores e sofremos diversos tipos de “lepra”.
    Mas será que sabemos também rezar e cantar dando graças a Deus por tudo na nossa vida? Há pessoa que nos parecem “aleijados” e que nos dão lições porque sabem reconhecer a proximidade de Deus, enquanto que nós, talvez pela familiaridade e pela rotina dos sacramentos, por exemplo, não sabemos nos alegrar pela cura de nossos pecados que Jesus Cristo nos concede através do sacramento da reconciliação. Jesus quer que saibamos cultivar em nós um coração que saiba agradecer por tudo de bom na nossa vida. Somente um coração grande é que sabe agradecer. Um coração mesquinho só sabe cobrar e reclamar. Como é fácil trabalhar com uma pessoa de grande coração porque ela tem capacidade de ver e de perceber o que é bom no outro e por isso, sabe agradecer. Precisamos procurar razão para agradecer e não motivos para reclamar e murmurar. Quem sabe agradecer tem uma vida leve e livre para ser vivida. Uma vida vazia de agradecimento é uma vida pesada para ser vivenciada e vivida.
    Mas será que temos sido pessoas agradecidas? Somente o seremos quando, mediante nossa vida e nossas obras de caridade, nos convertermos em uma contínua glorificação do Santo Nome do Senhor através da vivência do amor fraterno. Verifique, se você também passou por uma experiência de "leproso" na sua vida: desespero, sentimento de desprezo e de abandono, ser excluído. Mas Deus também na nossa vida como Salvador. A Ele é que devemos dirigir nosso simples pedido: Tem piedade de mim, Senhor!
    Se nos afundamos na dor humana, mais fundo estás Tu integrando as feridas. Se subimos no êxtase, ali te encontramos abrindo o instante a novas plenitudes” (Benjamin González Buelta: SALMOS: Para Sentir e Saborear As Coisas Internamente).
    P. Vitus Gustama,svd

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