domingo, 29 de maio de 2016

31/05/2016: VISITAÇÃO DE MARIA




VISITAÇÃO DE MARIA A ISABEL




Primeira Leitura: Sf 3,14-18


14 Canta de alegria, cidade de Sião; rejubila, povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração, cidade de Jerusalém! 15 O Senhor revogou a sentença contra ti, afastou teus inimigos; o rei de Israel é o Senhor, ele está no meio de ti, nunca mais temerás o mal. 16Naquele dia, se dirá a Jerusalém: “Não temas, Sião, não te deixes levar pelo desânimo! 17 O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, o valente guerreiro que te salva; ele exultará de alegria por ti, movido pelo amor; exultará por ti, entre louvores, 18 como nos dias de festa. Afastarei de ti a desgraça, para que nunca mais te cause humilhação”.


Evangelho: Lc 1, 39-56


39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre!” 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. 46Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem. 51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. 56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.
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Maria serve com dignidade como uma irmã


Terminamos o mês de maio com a festa da Visitação de Nossa Senhora a Isabel. A festa da Visitação está cheia de encantos e de uma ternura inigualável. Duas mulheres, que se encontram , que se saúdam, estão cheias de Deus e por isso, cheias de alegria para fazer o ambiente mais humano e fraterno e por isso, mais divino.


O evangelista Lucas nos relatou que Maria “se dirigiu apressadamente”. A expressão “apressadamente” aqui tem muitos significados: zelo, diligência, empenho, cuidado, seriedade, dignidade. Santo Ambrósio comentou a expressão “dirigindo-se apressadamente” com as seguintes palavras: “A graça do Espírito Santo não admite demora” (“Nescit tarda molimina Spiritus Sancti gratia”). É preciso fazer ou cumprir aquilo que é importante e essencial, pois, caso contrário, acaba morrendo. Jamais podemos adiar o que é essencial para não nos lamentar mais tarde: uma visita para um doente ou um idoso, um perdão que precisa ser dado ou recebido, uma ajuda oferecida, um trabalho importante que decidimos fazer, e assim por diante. Os adiantamentos, os atrasos podem nos desgastar e nos consomem interiormente. Precisamos trabalhar permanentemente sobre nossa capacidade de intuir o que deve ser feito agora e aqui na graça de Deus.


Maria é uma mulher que se põe em caminho com dignidade, com cuidado, com prontidão. Não o faz para satisfazer uma necessidade pessoal: ela faz para servir sua parenta, Isabel, que está grávida e que necessita de uma ajuda. Ela faz tudo com dignidade como uma irmã. Maria é de Deus e por isso, ela é do povo e para o povo. Maria é mulher de nossa história, aberta a Deus e aos seres humanos. Viveu sempre em atitude de gratuidade e de doação. Será que fazemos tudo, a exemplo de Maria, com dignidade, com cuidado e com prontidão?


Encontro de duas pessoas benditas


Na Anunciação o Anjo do Senhor “entrou” na casa de Maria e a “saudou”. Nessa visita Maria fez a mesma coisa: ela “entrou” na casa de Zacarias e saudou a Isabel. É a saudação da Mãe do Senhor para a mãe do Precursor do Senhor. A saudação de Maria comunica o Espírito a Isabel e ao menino no seu ventre. A presença do Espírito Santo em Isabel se traduz em um grito poderoso e profético: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,42-45). Aqui Isabel fala como profetisa: se sente pequena e indigna diante da visita daquela que leva em seu seio o Senhor do universo. Sobram as palavras e explicações quando alguém entra na sintonia com o Espírito. Maria leva no seu seio o Filho de Deus concebido pela obra do Espírito Santo. E a presença do Espírito Santo em Isabel faz com que Isabel glorifique a Deus. Por isso, o encontro entre Maria e sua prima Isabel é uma espécie de “pequeno Pentecostes”. Onde entra o Espírito Santo, ai entra também paz, alegria e vida divina.


A Mãe de Deus que leva Jesus em seu seio é a causa de alegria. Quando estivermos cheios de Jesus Cristo em nosso coração, a nossa presença traz alegria e a paz para a convivência. A ausência de Cristo em nosso coração produz problemas e discórdias na convivência. O encontro de duas pessoas benditas sempre causa alegria: Maria causa alegria em Isabel e Jesus em pequeno João Batista. Ao contrário, o encontro de duas pessoas não benditas sempre causa angústia e mal-estar na convivência. Cada cristão deve fazer os encontros felizes e alegres com os outros. E isso só pode acontecer se houver lugar para Cristo em nosso coração. Precisamos engravidar Jesus Cristo para fazê-lo nascer para os outros. Por isso, vale a pena cada um se perguntar: Que tipo de encontro que fazemos diariamente: de pessoas benditas ou de pessoas não benditas?


Na narração da visitação, Isabel, “cheio do Espírito Santo” acolhendo Maria em sua casa, exclama: ”Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. Esta bem-aventurança, a primeira que se encontra no evangelho de Lucas, apresenta Maria como a mulher que com sua fé precede à Igreja na realização do espírito das bem-aventuranças. Maria, crendo na possibilidade do cumprimento do anúncio, interpela ao Mensageiro divino somente a modalidade de sua realização para corresponder melhor à vontade de Deus a que quer aderir-se e entregar-se com total disponibilidade. “Buscou o modo; não duvidou da onipotência de Deus”, comentou Santo Agostinho (Serm. 291). Maria se adere plenamente ao projeto de Deus sem subordinar seu consentimento à concessão de um sinal visível. É uma entrega total ao projeto de Deus. É uma confiança sem reservas à vontade de Deus: “Faça-se em mim segundo Vossa palavra!”. Maria tem muito a dizer sobre a vivência de nossa fé na nossa vida cotidiana.


Anunciação-Visita a Isabel e Ação Pastoral


Na anunciação Maria faz perguntas para ter certeza sobre sua missão de ser Mãe do Salvador (cf. Lc 1,26-37). Quando tudo se torna certo, Maria diz seu Sim a Deus radicalmente. Maria deixa a Palavra de Deus entrar em sua vida e ela é fecundada pelo Salvador. Jesus, o Salvador, que está no seio de Maria já empurra Maria para a ação pastoral, isto é, ir ao encontro de Isabel que está precisando da presença de Maria. Maria poderia pensar em si mesma, na sua gravidez. Mas ela pensa no outro e vai ao encontro do outro.


Quem permitir e viver o mistério da Anunciação, será fecundado como Maria. Quem não é fecundado, não é feliz. Com a fecundação e a fecundidade na vivência do mistério da Anunciação, eu serei capaz de sair de mim mesmo para a ação pastoral como Maria visitou Isabel na sua necessidade. Se permitirmos a entrada da Palavra de Deus na nossa vida, ficaremos fecundados e seremos capazes de fazer Jesus nascer para o mundo.


É preciso fazer uma ligação entre a Anunciação e a Ação Pastoral. Sem a Anunciação, isto é, sem ser fecundado pela Palavra de Deus, a ação pastoral se torna estéril. A Anunciação sem a Ação Pastoral se torna um isolamento estéril e mortal.


P. Vitus Gustama,svd

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