sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

06/02/2017

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TOCAR E DEIXAR-SE TOCAR POR JESUS


Segunda-Feira Da V Semana Do Tempo Comum


Primeira Leitura: Gn 1,1-19


1No princípio Deus criou o céu e a terra. 2A terra estava deserta e vazia, as trevas cobriam a face do abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. 3Deus disse: 'Faça-se a luz!' E a luz se fez. 4Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. 5E à luz Deus chamou 'dia' e às trevas, 'noite'. Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia. 6Deus disse: 'Faça-se um firmamento entre as águas, separando umas das outras'. 7E Deus fez o firmamento, e separou as águas que estavam embaixo, das que estavam em cima do firmamento. E assim se fez. 8Ao firmamento Deus chamou 'céu'. Houve uma tarde e uma manhã: segundo dia. 9Deus Disse: 'Juntem-se as águas que estão debaixo do céu num só lugar e apareça o solo enxuto!' E assim se fez. 10Ao solo enxuto Deus chamou 'terra' e ao ajuntamento das águas, 'mar'. E Deus viu que era bom. 11Deus disse: 'A terra faça brotar vegetação e plantas que deem semente, e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, que tenham nele sua semente sobre a terra'. E assim se fez. 12E a terra produziu vegetação e plantas que trazem semente segundo a sua espécie, e árvores que dão fruto tendo nele a semente da sua espécie. E Deus viu que era bom. 13Houve uma tarde e uma manhã: terceiro dia. 14Deus disse: 'Façam-se luzeiros no firmamento do céu, para separar o dia da noite. Que sirvam de sinais para marcar as épocas os dias e os anos, 15e que resplandeçam no firmamento do céu e iluminem a terra'. E assim se fez. 16Deus fez os dois grandes luzeiros: o luzeiro maior para presidir ao dia, e o luzeiro menor para presidir à noite, e as estrelas. 17Deus colocou-os no firmamento do céu para alumiar a terra, 18para presidir ao dia e à noite e separar a luz das trevas. E Deus viu que era bom. 19E houve uma tarde e uma manhã: quarto dia.


Evangelho: Mc 6, 53-56


Naquele tempo, 53tendo Jesus e seus discípulos acabado de atravessar o mar da Galileia, chegaram a Genesaré e amarraram a barca. 54Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55Percorrendo toda aquela região, levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. 56E, nos povoados, cidades e campos onde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam salvos.
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Deus É o Criador e a Origem De Tudo Que É Bom


Depois de um mês com a Carta aos Hebreus, agora passamos para o AT e lemos e escutamos durante duas semanas o Livro de Gênesis (Primeira Leitura nas celebrações eucarísticas), mas desta vez somente a primeira parte do Livro (os primeiros onze capítulos) sobre a origem do universo e a humanidade até Babel. Os capítulos 12 a 50, com a história de Abraão, Isaac, Jacó e José serão nossa leitura mais tarde nas XII a XIV Semanas do Tempo Comum.


O Gênesis é um livro bem elaborado. Sua redação foi bastante tardia: depois do exílio da Babilônia. Neste livro o(s) autor(es) não busca dar-nos uns dados científicos. “O Espírito Santo na Escritura não nos ensina como vai o céu e sim como se vai ao céu” (Galileu).  O autor conserva em sua memória toda a história de Israel e se esforça em reler os velhos mitos sob a luz das intervenções divinas. Trata-se de umas páginas que a partir de uns contos folclóricos, o(s) autor(es) quer transmitir um ensinamento teológico de grande profundidade.


Por isso, o Livro de Gênesis não é um livro cientifico. Ou seja, não nos conta a história exata da evolução do cosmos até chegar a sua situação atual. É um Livro que intenta responder aos grandes interrogações que Israel fez em vários períodos de sua história: Qual é a origem do mundo, da vida, do homem? Ele interpreta a história a partir do prisma religioso que é a base de toda a Bíblia: Deus é transcendente, o Criador do que existe, sobretudo, da vida e da humanidade. E tudo Deus fez bem e tem um plano de salvação que começa na criação, chega a sua plenitude ao nos enviar Seu Filho como Salvador universal e tem como meta o novo céu e nova terra ao final dos tempos.


O Gênesis nos conta tudo isso utilizando gêneros literários populares e poéticos, que expressam o contexto histórico por meio de contos, relatos, mitos e lendas dos quais o autor extrai um valor religioso para nos ajudar no nosso caminho de seres humanos.


 No princípio Deus criou o céu e a terra”, assim começa o Livro de Gênesis. Com a expressão “no princípio” o autor não quer remontar ao início do tempo. Ele quer simplesmente nos dizer “em primeiro lugar”, pois Deus não está no tempo e sim na eternidade em que não há antes nem depois. Para Deus a criação é HOJE. Deus não cessa de criar. “Céu e terra” indica a totalidade da criação, o universo.


Alguns ensinamentos que a Primeira Leitura deste dia (Gn 1,1-19) quer nos transmitir:


1.   Que Deus é Criador e Senhor de todas as coisas.


2.   Que o poder onipotente de Deus (ao criar) não é uma força cega e caótica e sim que tudo foi criado pelo impulso da Palavra de Deus que é expressão da inteligência e sabedoria divinas que se manifestam na ordem e distinção dos seres criados.


3.   Que toda criatura, por ser obra de Deus é boa já que foi criada conforme à ideia ordenadora da inteligência divina.


4.   Que os astros não são algo divino e sim se movem porque Deus determinou seu curso e são um mero instrumento ao serviço do homem.


5.   Que todos os seres criados estão a serviço do homem. Nenhuma criatura deve escravizar o homem e nenhum coisa deve ser adorada pelo homem. As coisas continuam a ser alheias ao homem e por isso, o homem já mais encontraria sua amizade nas coisas.


6.   Que a primeira característica da ação criadora de Deus é sua plena “gratuidade”. A iniciativa da criação é pura e exclusivamente de Deus. Nada do criado influiu em Deus para vir à existência. Somente o amor de Deus realizou esta maravilha. Somente o querer de Deus deu ser e vida ao mundo e ao homem.


7.   Que a criação leva o selo do Criador. Através do criado o homem pode chegar a Deus. Nas obras das mãos de Deus se descobrem suas pegadas, e sua contemplação nos ajuda a descobrirmos Quem é e também, como é Deus. O conhecimento da criação suscita no homem a admiração e o louvor pela bondade de Deus: “Porquanto o que se pode conhecer de Deus eles o leem em si mesmos, pois Deus lho revelou com evidência. Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar” (Rm 1,19-20; cf. Sl 8).


A Bíblia e a Teologia não são ciências físicas e sim relatos de caráter religioso em que Deus se aproxima amorosamente das criaturas e lhe pede resposta de amor e de fidelidade.


Jesus Cristo é o exemplo máximo deste amor e fidelidade. Por isso, Ele é continuador das bênçãos divinas. Todas as páginas do Evangelho nós podemos ler como contemplativos das maravilhas de Deus, realizadas por meio de Jesus Cristo. O amor criador de Deus se faz recriador; o olhar benevolentíssimo do Pai se veste de ternura e compaixão nos lábios, mãos e coração de Jesus Cristo, e, por nossa vez, nos nossos lábios, mãos e coração. Que o mundo possa ler algo divino em cada cristão.


Tocar e Deixar-se Tocar Por Jesus Para Que Sejamos Salvos


O texto do evangelho de hoje pode ser qualificado na categoria de “sumárioou síntese que o evangelista Marcos faz, de vez em quando, para resumir um período de atividade de Jesus e para unir as distintas partes de seu relato. Nesse sumário Jesus não toma nenhuma iniciativa nem se põe, como tantas outras vezes, a ensinar (cf. Mc 6,34). As pessoas se aproximam de Jesus para ser curadas por Ele.


Marcos nos relatou que Jesus visitou a região de Genesaré. “Genesaré” é figura da periferia do judaísmo, à margem da instituição judaica. Jesus entra em qualquer núcleo da população por pequeno que seja, pois Jesus é “Deus que visitou seu povo” (Lc 1,68; 7,16). Na região de Genesaré não se encontram os endemoninhados, isto é, fanatismos destruidores. Encontra-se mal (Mc 1,32;2,17): os enfermos que vivem excluídos pela sociedade legalista que espiritualmente mata todos os que padecem algum tipo de mal físico.


Anteriormente Jesus fez o milagre da multiplicação dos pães.  E esse milagre despertou o entusiasmo popular. Jesus e seus discípulos querem sair desse entusiasmo e vão para algum lugar para descansar. Mas Jesus e seus discípulos não têm como escapar das multidões. Jesus acaba as atendendo e deixa o descanso para mais tarde. Isto se chama a disponibilidade baseada na misericórdia. A misericórdia é sinônima de partilha íntima da dor dos que sofrem, dos desprezados, dos marginalizados ou excluídos. Por isso, a misericórdia cura e liberta. A verdadeira misericórdia obriga à ação. O preço da misericórdia divina é infinito: a encarnação de Deus em Jesus Cristo e sua morte salvadora na cruz.


“... levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava”, assim relatou o evangelista Marcos.


A enfermidade e os sofrimentos acompanham a vida do homem permanentemente e o situa numa terrível insegurança. Tudo isso simboliza a fragilidade da condição humana submetida aos riscos inesperados e imprevisíveis. A enfermidade contradiz o desejo de absoluto e de solidez que todos nós temos. Por isso é que a enfermidade guarda sempre uma significação religiosa mesmo para o homem moderno.


Em nossos dias a cura das enfermidades corresponde à ciência médica. Mas os antigos, em todas as civilizações do mundo, deram à enfermidade e à cura um significado religioso. As pessoas enfermas recorreram a Deus para ser curadas. Hoje em dia a primeira reação de quem se encontra enfermo é procurar ou chamar médico. Mas se refletirmos profundamente nós perceberemos que o homem com a inteligência que Deus lhe deu, e que combate o mal através de ajuda, de remédios capazes de curar etc. continua sendo um dom de Deus. A vocação de ser médico e enfermeiro é maravilhosa ao serviço da humanidade. Deus quer cuidar dos enfermos através de seus filhos médicos e enfermeiros.


Todos quantos tocavam Jesus, ficavam salvos”.  Esta frase tem um peso teológico. “Salvar” é ato próprio de Deus em relação ao homem. Por isso, esta frase vai muito além de uma simples cura. Toda proximidade de Jesus possibilita a passagem do homem para a nova condição de vida. Trata-se de uma total restauração do homem que se aproxima de Jesus com . A é simples: as pessoas querem tocar Jesus para ficar curadas de seus males. As pessoas dos contornos levavam os enfermos para Jesus para que pudessem tocar, ao menos, a barra de sua veste.  As pessoas, na sua simplicidade, acreditavam que somente o contato direto com Jesus é que se sentiam afetadas pelo poder de Jesus. Dessa maneira ficavam curadas.


Com estas curas o evangelista Marcos quer nos mostrar o efeito mais notável do anúncio do Reino de Deus: a Graça. A graça de Deus nos devolve a alegria de viver, pois em Deus encontramos o sentido de nossa vida, inclusive de nossas dores e enfermidade e nosesperança de estar em comunhão plena com Deus um dia. No seu ato de libertação Jesus nos apresenta o plano maravilhoso de seu Pai: o amor gratuito de Deus Pai para com o ser humano. Este amor gratuito não pode ser comprado nem exigido nem é resposta aos méritos que alguém crê ter acumulado. Diante da graça anunciada e vivenciada por Jesus, o sistema religioso de seu tempo, que se baseava na acumulação de méritos, entra em crise. Os pobres, os marginalizados e excluídos, por outro lado, são os maiores beneficiados pela proposta revolucionária de Jesus, pois são mais disponíveis e abertos diante da graça de Deus.


O amor gratuito, que Deus nos tem, desperta nossa consciência de que vivemos num mundo de gratuidade que nos faz vivermos agradecidos e gratos permanentemente ou nos faz vivermos uma vida eucarística. E essa consciência nos leva a ajudarmos gratuitamente os que se encontram “enfermos” nesta vida. Da experiência cotidiana percebemos que os que ajudam mais os outros, sem esperar nada de troca, são mais felizes do que os demais. “Quando perguntamos pela bondade de um homem, não perguntamos por suas crenças ou esperanças, mas por seus amores” (Santo Agostinho: De fide, spe et char. 31).


Todos quantos tocavam Jesus, ficavam salvos”. Nós, cristãos, temos que aprender a “tocar” Jesus, a não perder nenhuma maneira o contato direto com Jesus, porque Ele é a fonte do que somos e daquilo quesentido à nossa vida. Somente tocando Jesus, encontraremos a força para seguir adiante nesta vida e para segui-Lo pelos caminhos da vida.


Há, pelo menos, dois caminhos para nos encontrarmos com Jesus e tocá-Lo. Um é através da Eucaristia e da leitura e da escuta da Palavra de Deus. Em cada Palavra proclamada e meditada há sempre alguma palavra para minha vida se eu estiver aberto diante dela. Há sempre uma palavra que toca minha vida ou minha maneira de viver. Na Eucaristia a Palavra de Deus se faz alimento para minha peregrinação nesta terra rumo à casa do Pai, nosso lar definitivo.  Outra maneira é nos aproximarmos dos nossos irmãos e irmãs, especialmente dos mais pobres e desamparados, dos que sofrem. Eles são, hoje, sacramentos viventes da presença de Jesus no meio de nós (Mt 25,40.45). O contato físico, real, diário, com eles nos fará experimentar, sem dúvida nenhuma, a humanidade viva e real de Jesus que nos cura de nossas enfermidades.


O Senhor nos recebe em sua Casa e nos alimenta com sua Palavra e Seu Pão eucarístico. Mas ele nos envia para que demos testemunho de nossa , alimentando os demais com nosso amor gratuito para que eles possam voltar a viver com mais vigor como filhos e filhas amados do Pai.


P. Vitus Gustama,svd

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