terça-feira, 13 de junho de 2017


14/06/2017
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ENTRE AMAR AO DEUS VERDADEIRO E AOS ÍDOLOS

Quarta-Feira da X Semana Comum


Primeira Leitura: 2Cor 3,4-11


Irmãos: 4 É por Cristo que temos tal confiança perante Deus, 5 não porque sejamos capazes por nós mesmos, de ter algum pensamento, como de nós mesmos, mas essa nossa capacidade vem de Deus. 6 Ele é que nos tornou capazes de exercer o ministério de uma aliança nova. Esta não é uma aliança da letra, mas do Espírito. Pois a letra mata, mas o Espírito comunica a vida. 7 Se o ministério da morte, gravado em pedras com letras, foi cercado de tanta glória, que os israelitas não podiam fitar o rosto de Moisés, por causa do seu fulgor, ainda que passageiro, 8 quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito? 9 Pois, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais glorioso há de ser o ministério ao serviço da justificação. 10 Realmente, em comparação com uma glória tão eminente, já não se pode chamar glória o que então tinha sido glorioso. 11 Pois, se o que era passageiro foi marcado de glória, muito mais glorioso será o que permanece.

Evangelho: Mt 5,17-19


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 17“Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. 18Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus”.
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Deus é a Origem De Tudo o Que É Bom


Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos tornou capazes de exercer o ministério de uma aliança nova”.


Nesta afirmação São Paulo reconhece que não é o próprio mérito nem a própria capacidade que o torna apóstolo e sim a misericórdia de Deus, tanto no chamamento como no cumprimento de sua missão apostólica. Na Primeira Carta aos Coríntios São Paulo escreveu: “Pela graça de Deus, sou o que sou, e a graça que Ele me deu não tem sido inútil” (1Cor 15,10). Tudo o que somos, nós recebemos de Deus, é um presente d’Ele. É d’Ele que procedem a vida, a força, a inteligência, o bom temperamento que temos. Nada nos pertence. E de nada podemos nos vangloriar. Nem a vida cristã nem o ministério na Igreja são realidades que construímos e sim são realidades que recebemos, que nos foram dados para o bem de todos (cf. 1Cor 12,1-30).


O reconhecimento de que tudo o que é bom tem sua origem em Deus nos põe numa atitude de gratidão e de humildade.  A gratidão nos torna sensíveis às necessidades dos outros e nos leva a estendermos a gratidão através de nossa humilde ajuda para quem se encontra em necessidade. Uma pessoa agradecida sempre está de mãos abertas para ajudar os outros em sua necessidade. A gratidão faz um cristão uma pessoa eucarística. Uma pessoa agradecida é rica interiormente. Permanentemente ela tem consciência dos dons recebidos.


Ao ter consciência de que tudo de bom vem de Deus, nos colocaremos numa atitude de humildade: “Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos tornou capazes de exercer o ministério de uma aliança nova”. Essa consciência nos impede de nos tornar arrogantes e prepotentes e sim humildes. A humildade em seu grau mais perfeito, não está em ser pequeno, nem sentir-se pequeno, mas em fazer-se pequeno, não por qualquer exigência ou utilidade pessoal, mas por amor, para engrandecer os outros. Assim foi a humildade de Jesus Cristo. De fato, como sabemos, Deus não é pequeno, mas faz-se pequeno por amor só para nos engrandecer e salvar. A pessoa humilde é que estabelece relações que trazem a felicidade, que acabam com o egoísmo, com a competição, com a ostentação, e fazem reinar no mundo as atitudes de intercâmbio generoso dos dons de Deus.


Viver De Acordo Com o Espirito De Deus


Esta não é uma aliança da letra, mas do Espírito. Pois a letra mata, mas o Espírito comunica a vida”, escreveu São Paulo.


 O AT é baseado num documento escrito (cf. Ex 24,1-8). Moisés pegou o documento e leu para o povo eleito e todos concordaram. O NT é baseado sobre a força do Espirito da vida dada por Deus em Jesus Cristo (cf. Jo 10,10). O documento escrito é sempre algo externo. Por outro lado, a obra do Espirito muda o coração dos homens. Quando o Espirito divino entra no coração do homem, Ele o transforma em nova criatura capaz de amar como Deus ama cada pessoa. O código escrito pode mudar a lei. Mas somente o Espirito pode mudar a natureza humana. Não é a lei que produz a graça e sim é a graça que normaliza, regulariza, orienta e disciplina a vida do homem para torná-la mais fecunda. O AT é algo morto porque produz uma relação legal entre Deus e o homem. Assim, Deus se torna um juiz que julga o homem que não vive de acordo com a lei de Deus. O NT é a relação de amor. Deus veio em Jesus Cristo para este mundo por amor a fim de salvar a humanidade. É uma relação entre o Pai e seus filhos. Deus não só fala sobre o que o homem deve fazer, mas também Ele lhe dá a força para fazê-lo. Deus muda o homem não pelo código de lei, mas Ele muda o coração do homem pelo seu Santo Espirito. O que nos transmitiu Jesus é “espirito” que nos faz alcançarmos o perdão e a vida.


Amar o Próxima É a Expressão De Nossa Adoração Ao Deus de Amor


Nestes dias, estamos acompanhando o Sermão da Montanha (Mt 5-7). Na passagem do evangelho de hoje Jesus afirma: “Não vim abolir a lei e os profetas, mas para dar-lhes pleno cumprimento”, afirmou Jesus aos ouvintes. Em outras palavras, Jesus quer dizer: “Eu não vim abolir o Antigo Testamento (a Lei e os profetas). Eu vim para cumprir tudo que foi profetizado sobre mim no Primeiro Testamento”.


Por que Jesus fez essa afirmação?


Os fariseus, fanáticos obsessivos do cumprimento da lei havia posto a vontade de Deus em elementos secundários, que não buscavam de modo algum o estabelecimento de uma sociedade mais fraterna e justa. Eles davam mais importância a suas interpretações e tradições que os levavam a transgredir a Lei pensando que a observavam. Jesus lhes dirá: “Por causa de vossa tradição, anulais a Palavra de Deus... Vão é o culto que me prestam, porque ensinam preceitos que só vêm dos homens” (Mt 15,6.9). A Lei, com suas tradições, era um método sujo para dominar a população, especialmente os mais pobres e simples. Legislavam, impunham cargas pesadas sobre o povo, mas nada se impunham para eles mesmos (cf. Mt 23,4). Eles são incapaz de ver além da lei, isto é, não conseguem ver o espírito da lei. Cumprem regra por regra ou lei por lei. E ainda acham que sejam cumpridores da vontade de Deus. Mas na realidade, a vontade de Deus se resume no amor fraterno (cf. Mt 9,13; 25,40.45). Pensam que ao cumprir todas as leis e normas possam agradar a Deus. Mas o que agrada a Deus é o amor fraterno. Amor é a maior Lei de Deus (cf. Rm 13,10), e seremos julgados sobre o amor (cf. Mt 25,36-46).


Por isso, o que Jesus faz é mostrar um Deus que desaprova a injustiça e a desigualdade, pois Deus é amor (1Jo 4,8.16). Deus se dirige aos homens como uma pessoa amada, chamando cada homem por seu nome (Is 43,1) e o nome de cada um é gravado na palma da mão de Deus (Is 49,16). E o amor transforma tudo em obra prima, até as coisas pequenas e seus detalhes. O amor de cada dia é feito de detalhes e não tanto de coisas solenes e heroicas. Por esta razão, encontra-se a seguinte fórmula no AT como uma fórmula ritual: “Escutai, ó Israel!”. É escutar Deus para viver na plenitude. Por isso, escutar Deus é coisa mais prudente e mais inteligente para o ser humano. Ao escutar Deus sua Palavra será para nós nossa sabedoria e um alimento para nosso espírito. Sua maneira de ver impregnará nosso modo de ver a vida e as pessoas.


Mas o amor morre quando não se respeita o momento do outro, quando não se favorece espaços comuns, quando não se reinventa a arte de viver e de conviver, quando há omissão de crescer, e a pequenez de se fechar. O amor morre com a dominação, com a arrogância, com a covardia, e quando há medo de se doar e de crescer. O amor morre quando se prefere a culpa ao arrependimento, quando se prefere acusação à humildade e reconciliação, a disputa ao diálogo. Quando o amor morre, perde-se a razão de viver e de conviver, e Deus se torna cada vez mais distante, pois “Deus é Amor” (1Jo 4,8.16).


Nós escutamos com frequência a Palavra de Deus. A Palavra de Deus é um espelho no qual nos olhamos para saber se continuamos conservando a imagem que Deus nos pede (Gn 1,26). Que os outros possam notar alguma mudança para o melhor em nossa vida e em nossa convivência.


“Eu vim para dar o cumprimento da Palavra de Deus”. Esta frase deve se tornar carne e sangue na vida de cada cristão. O amor divino sem medida deve se encarnar no modo de viver e de conviver de cada cristão. A misericórdia e a reconciliação devem guiar a vida e a convivência de cada cristão, pois cada cristão é outro Cristo, o prolongamento de Cristo nesta terra.


Neste mundo o ser humano aspira a ser grande. Jesus propõe o caminho que leva à grandeza na sociedade. Esta grandeza não está no poder, nem no dinheiro nem nas honras e honrarias que acabam dividindo a sociedade em poderosos e oprimidos, em honráveis e desonrados, não em metade de um lado e outra metade do outro lado. Para ser grande no Reino de Deus o homem tem que se colocar no horizonte da vida eterna que segundo o Sermão da Montanha consiste em viver as bem-aventuranças em que somente ama a Deus verdadeiramente quem é capaz de optar livremente pelo pobreza no espirito, opondo-se a outro deus que o mundo produz: o deus de dinheiro que oprime em vez de libertar as pessoas.


E a Eucaristia da qual participamos é um compromisso para sermos pessoas que, renovadas e revestidas de Cristo, nos faz caminharmos pela vida como aquelas pessoas que proclamam a verdade, o bem, o amor como uma entrega a favor dos demais, deixando de lado ou abandonando totalmente aqueles caminhos que nos fazem nos destruirmos uns aos outros ou pisotear os direitos das classes mais desprotegidas. O Senhor pede que sejamos fieis à Sua lei, a Lei do amor que não somente nos faz colocarmos Deus sobre todas as coisas, mas ao mesmo tempo nos faz levar a querermos bem para os outros. Os cristãos devem se converter em sinal de amor para os outros. Se fomos feitos à imagem e à semelhança de Deus, então nosso modo de viver não deve apagar essa imagem. Se essa imagem for apagada em nós, ninguém vai dizer que somos de Cristo. São Paulo nos relembra através destas frases:Somos para Deus o perfume de Cristo entre os que se salvam e entre os que se perdem” (2Cor 2,15). E acrescentou: “Vós sois uma carta de Cristo... escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, em vossos corações” (2Cor 3,3).


Pedimos a Deus a graça para que os outros possam ler algo de Cristo em nossa vida. Para isso, é necessário que Cristo esteja sempre no meio de nossa vida e de nossa comunidade para que todo olhar se dirija para Cristo para aprender o que devemos fazer e como devemos fazer as coisas. E que saibamos colocar as pessoas acima de qualquer regra quando a vida estiver em jogo. Pelo caminho da caridade não há outro caminho melhor, pois é o caminho de Deus.


P. Vitus Gustama,svd

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