quarta-feira, 14 de junho de 2017

15/06/2017
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CORPUS CHRISTI “A”


Primeira Leitura: Dt 8,2-3.14b-16a


Moisés falou ao povo, dizendo: 2 Lembra-te de todo o caminho por onde o Senhor teu Deus te conduziu, esses quarenta anos, no deserto, para te humilhar e te pôr à prova, para saber o que tinhas no teu coração, e para ver se observarias ou não seus mandamentos. 3 Ele te humilhou, fazendo-te passar fome e alimentando-te com o maná que nem tu nem teus pais conhecíeis, para te mostrar que nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor. 14b Não te esqueças do Senhor teu Deus que te fez sair do Egito, da casa da escravidão, 15 e que foi teu guia no vasto e terrível deserto, onde havia serpentes abrasadoras, escorpiões, e uma terra árida e sem água nenhuma. Foi ele que fez jorrar água para ti da pedra duríssima, 16ª e te alimentou no deserto com maná, que teus pais não conheciam.


Segunda Leitura: 1Cor 10,16-17


Irmãos: 16 O cálice da bênção, o cálice que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? 17 Porque há um só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão.


Evangelho: Jo 6,51-58


Naquele tempo, disse Jesus às multidões dos judeus: 51“Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. 52 Os judeus discutiam entre si, dizendo: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” 53 Então Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Porque a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue, verdadeira bebida. 56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57 Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que me recebe como alimento viverá por causa de mim. 58 Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre”.
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Fazemos Parte Do Corpo De Cristo


Celebramos a Solenidade do Corpus Christi, o Corpo e Sangue de Cristo. O Corpo de Cristo é, em primeiro lugar, a carne e o sangue que Cristo dá “para a vida do mundo”, isto é, toda sua existência concreta: seu Corpo morto para destruir a morte e Seu Corpo Ressuscitado para manifestar a ressurreição.


Em segundo lugar, o Corpo de Cristo significa o “Pão que partimos”, o “Pão da Vida”: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.


Por último, o Corpo de Cristo significa a Igreja, o povo que Deus reúne em Jesus Cristo, o descendente de Abraão e o herdeiro das promessas. Por nossa incorporação a Cristo, significada e realizada na recepção de Seu Corpo eucarístico, todos somos nele herdeiros das promessas e constituímos o verdadeiro Povo de Deus (cf. Gl 3,16. 28-29). Todos somos Corpo de Cristo, pois todos comemos (comungamos) de um mesmo Pão que é o Corpo de Cristo morto e ressuscitado. Todos somos um mesmo Povo de Deus, a Igreja, peregrinos em Cristo até o Reino de Deus, alimentados por Cristo com sua própria carne: “Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre”. Somente em Cristo e por Cristo constituímos um povo, um corpo, uma Igreja comprometida com Cristo em sua morte e ressurreição para dar vida ao mundo.


Mas quando a comunhão é entendida somente como “minha comunhão”, isto é, assunto privado entre Jesus e minha alma, o Corpo de Cristo que a Igreja se desintegra, pois cada um come seu próprio pão e este já não é o “pão que partimos”. Por isso, na Segunda Leitura, São Paulo lança uma pergunta retórica: “Irmãos: O cálice da bênção, o cálice que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? Porque há um só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão”. Neste sentido a comunhão somente é autentica quando não se privatiza nem se apropria. Comungar o Corpo do Senhor significa comungar com os irmãos, com todos os homens. Quem comunga o Corpo do Senhor se compromete com Cristo e com os que são de Cristo que a Igreja.


Jesus É o Pão Da Vida Descido Do Céu


No evangelho Jesus diz que ele mesmo é o Pão descido do céu para ser comido (Jo 6,51-58).  O que significa comungar o Pão da Vida que é o próprio Cristo?


Comungar o Corpo de Cristo significa aceitar identificar-se com ele; oferecer-lhe a nossa pessoa, para que ele possa continuar a viver, a doar-se e a ressuscitar em cada um de nós. Somente quando nos mantivermos nesta disposição de nos transformar na pessoa de Jesus, podemos afirmar que toda a nossa vida está iluminada pela Eucaristia.


O Corpo e o Sangue de Cristo, isto é, a pessoa de Cristo, recebidos com fé são fonte de vida eterna, já desde agora, para quem comunga eucaristicamente. Não acontece a magia e o automatismo sacramentais. Sem fé não há sacramento, vida e comunhão com Jesus. Se Cristo se autodefine como a Vida, então, a Eucaristia comunica ao cristão a vida que Cristo recebe do Pai. Assim o comungante começa a participar da vida trinitária nesta terra por meio do corpo e do sangue de Cristo. Cristo é a vida imortal prometida ao homem desde o princípio e à qual agora pode ter acesso efetivo mediante a comunhão do Corpo do Senhor com fé, isto é com a disposição de se deixar transformar na pessoa de Jesus.


Portanto, a eucaristia é o centro de toda vida e liturgia de um cristão que quer viver o mistério de Cristo em profundidade.


A Comunhão Com Cristo, Pão Da Vida, Nos Leva A Vivermos Na Fraternidade


A eucaristia é uma ceia fraterna na qual todos são tratados como irmãos e irmãs. A ceia fraterna não pode ser entendida sem comunhão fraterna, sem convivência com o Senhor e com os demais comensais ou com as demais pessoas. É certo que a Eucaristia constrói ou edifica a Igreja, mas a constrói ou edifica como comunidade que compartilha. Compartilhar é mais do que repartir o que temos, é mudar nossa forma de pensar e de viver para fazer possível uma convivência fraterna e solidária. Como dizia João Paulo II: “Nossa união com Cristo na Eucaristia deve manifestar-se, no dia de hoje, em nossa existência: em nossas atividades, em nossa conduta, em nosso estilo de vida e na relação com os demais”. Não é possível celebrar ou participar da Eucaristia sem a vivencia do amor fraterno, da caridade mútua e da solidariedade. Um escritor francês disse: “Não se pode crer impunemente”, isto é, não se pode crer sem que tenha consequências em nossa vida. Não se pode comungar o Corpo de Cristo sem que tenha consequências em nossa vida. Compartir o pão com os irmãos, especialmente com os necessitados é comungar com Cristo. Não tomaremos a sério a comunhão se não tomarmos a sério a vida, a justiça, a fraternidade e a honestidade.


P. Vitus Gustama,SVD

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