domingo, 9 de julho de 2017

10/07/2017
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JESUS É FIEL E MISERICORDIOSO


Segunda-Feira da XIV Semana Comum


Primeira Leitura: Gn 28,10-22ª
Naqueles dias, 10 Jacó saiu de Bersabeia e dirigiu-se a Harã. 11 Chegando a certo lugar, quis passar ali a noite, pois o sol já se havia posto. Tomou uma das pedras do lugar, fez dela travesseiro e ali mesmo adormeceu. 12 E viu em sonho uma escada apoiada no chão, com a outra ponta tocando o céu e os anjos de Deus subindo e descendo por ela. 13 No alto da escada estava o Senhor que lhe dizia: “Eu sou o Senhor, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaac; darei a ti e à tua descendência a terra em que dormes. 14 A tua descendência será como o pó da terra, e te expandirás para o ocidente e o oriente, para o norte e para o sul. Em ti e em tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra. 15 Estou contigo e te guardarei onde quer que vás, e te reconduzirei a esta terra. Nunca te abandonarei até cumprir o que te prometi”. 16 Ao despertar, Jacó disse: “Sem dúvida, o Senhor está neste lugar e eu não sabia”. 17Cheio de pavor, disse: “Como é terrível este lugar! Isto aqui só pode ser a casa de Deus e a porta do céu”. 18 Jacó levantou-se bem cedo, tomou a pedra de que tinha feito travesseiro e a pôs de pé para servir de coluna sagrada, derramando óleo sobre ela. 19 E deu ao lugar o nome de “Betel”. Antes, porém, a cidade chamava-se Luza. 20Jacó fez um voto, dizendo: “Se Deus estiver comigo e me proteger nesta viagem, dando-me pão para comer e roupa para vestir, 21 e se eu voltar são e salvo para a casa de meu pai, então o Senhor será o meu Deus. 22ª E esta pedra que ergui como coluna sagrada, será uma ‘morada de Deus’”.


Evangelho: Mt 9, 18-26
18 Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou-se, inclinou-se profundamente diante dele, e disse: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá”. 19 Jesus levantou-se e o seguiu, junto com os seus discípulos. 20 Nisto, uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos veio por trás dele e tocou a barra do seu manto. 21 Ela pensava consigo: “Se eu conseguir ao menos tocar no manto dele, ficarei curada”. 22 Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. E a mulher ficou curada a partir daquele instante. 23 Chegando à casa do chefe, Jesus viu os tocadores de flauta e a multidão alvoroçada, 24 e disse: “Retirai-vos, porque a menina não morreu, mas está dormindo”. E começaram a caçoar dele. 25 Quando a multidão foi afastada, Jesus entrou, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. 26 Essa notícia espalhou-se por toda aquela região.
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O Deus Do Universo Deus Se Encontra Em Qualquer Lugar


Jacó “viu em sonho uma escada apoiada no chão, com a outra ponta tocando o céu e os anjos de Deus subindo e descendo por ela. ´Sem dúvida, o Senhor está neste lugar e eu não sabia’”.


 Jacó roubou o direito da primogenitura do seu irmão, Esaú (Cf. Gn 27, 1-40). Por isso, Esaú quer matar seu irmão, Jacó (Cf. Gn 27,41-45). Por medo de Esaú, Jacó fugiu de casa. Ao chegar num lugar ele dormiu. Jacó ignorou a sacralidade do lugar onde ele dormiu. Mas nesse lugar ele teve uma visão de Deus, como contou a Primeira Leitura de hoje (Gn 28,10-22).


A cena é bela. Jacó si de seu país; chega a qualquer lugar desconhecido, toma uma pedra que serve de almofada e ali dorme. Jacó descobre que seu Deus é um Deus universal, presente em todo lugar. Em todo lugar da terra há “comunicação” entre o homem e Deus: este é o significado da escada simbólica pela qual sobem e descem os anjos: “Viu em sonho uma escada apoiada no chão, com a outra ponta tocando o céu e os anjos de Deus subindo e descendo por ela”.  O grande projeto de Deus é estabelecer entre Deus e os homens umas relações pessoais.


Jacó, como a maioria de seus contemporâneos, pensava que Deus era o “Deus” de um lugar, unido à Terra Prometida. Logo, ao viajar fora do “seu” território, perdia-se sua presença e sua proteção. E ocorria frequentemente que se rendia culto ao “deus local”, para receber seus favores.


Como é terrível este lugar! Isto aqui só pode ser a casa de Deus e a porta do céu”, disse Jacó depois que acordou do seu sonho.


O lugar onde Jacó se encontrava era o lugar comum. Não era um santuário nem um espaço sagrado no sentido habitual da palavra. Era um rincão do deserto. Porém, “Sem dúvida, o Senhor está neste lugar e eu não sabia”, disse Jacó.


No fundo, não há espaço profano. Em todo lugar há uma Presença Divina, mesmo que as pessoa ignorem esta Presença. A cozinha onde se prepara a comida para a família, o local onde eu trabalho, a fábrica onde eu ganho meu pão de cada dia, o campo onde trabalho e semeio, a piscina onde tomo meu banho, a cama onde eu descanso, o hospital onde eu me encontro doente, a escola onde eu estudo para preparar o meu futuro e assim por diante, são lugares onde Deus está.  “Deus está no palpitar intato de cada novo ser.... Está no conjunto de sentimentos que vibram em todo o ser da mulher que acaba de ser mãe...Deus está ali, naquele cantinho mais secreto da tua vida, aonde ninguém chega, em que uma voz que não sabes donde vem, nem para onde vai, te diz o que não querias ouvir, te recorda o que desejarias ter esquecido, te profetiza o que nunca desejarias saber. Nessa voz que não ouves, mas que te desaprova. Nessa voz que não é tua, mas que nasce em ti e que nem o sono, nem o barulho, nem a bebida, nem a carne conseguem fazer calar...Está nesse abismo profundo da tua incredulidade...Está na paz do lago sereno das tuas lágrimas quando te reconcilias com a tua consciência e que te dá a sensação de renasceres...Deus está nessa força misteriosa que nos mantém vivos, que nos impede de enlouquecer, que nos evita o suicídio depois de certas provas dramáticas da vida, depois de certos desgostos mais cruéis e trágicos do que a morte...Deus está sobretudo onde reina o amor” (Juan Arias: O Deus Em Quem Não Creio).


A cena de hoje, com a escada misteriosa que une céu e terra, pela qual sobem e descem os anjos e que conduz até Deus, parece que tem uma primeira intenção: justificar a origem do santuário de Betel, no reino de Norte. Jacó ergueu um altar para Deus e chama àquele lugar “Casa de Deus”, que é o significado da palavra “Betel”. Todos os lugares sagrados das diversas culturas se erguem a partir de alguma aparição sobrenatural ou de um fato religioso significativo mais ou menos histórico. No fundo, os povos mostram sua convicção da proximidade de Deus e de Sua proteção contínua ao longo da história: “Estou contigo e te guardarei onde quer que vás, e te reconduzirei a esta terra. Nunca te abandonarei até cumprir o que te prometi”, prometeu Deus a Jacó.


Mas, sobretudo, esta cena quer legitimar, de alguma maneira, a linha da promessa de Deus que começou por Abraão e Isaac, e que deveria seguir através de Esaú, mas que agora passa por Jacó ainda que por meio de intrigas, armadilhas e mentiras. As palavras de Deus a Jacó são quase idênticas às que escutara Abraão: “Eu sou o Senhor, Deus... todas as nações se chamarão benditas por causa de tu e de tua descredencia. Eu estou contigo”. Desde agora, Deus (Javé) será para os judeus “o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó”.


E este Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó continua escrevendo reto nas linhas torcidas, pois os caminhos de Deus continuam sendo misteriosos. Deus atua com liberdade absoluta na hora de escolher seus colaboradores na história da salvação. Inclusive, das debilidades e das falhas humanas Deus tira proveito para levar adiante a salvação da humanidade. Muitas dessas pessoas, como Jacó, se mostram disponíveis a este projeto de Deus e aceitam ser seu instrumento de salvação. Você não tem desculpa sobre suas fraquezas e limitações. Deus precisa de você!


Jesus É o Deus-Conosco Que Salva


1. Um Chefe Que Suplica a Jesus Pela Filha Morta: Jesus É a Ressurreição e a Vida


Os dois episódios no evangelho de hoje (uma menina morta que voltou a viver e uma mulher curada de sua hemorragia) se encontram também em Marcos (Mc 5,21-43) e em Lucas (Lc 8,40-56).


Em Mateus, no primeiro episódio, aquele que se aproxima de Jesus que suplica pela filha morta não tem nome. Simplesmente ele é “um chefe”. Não se diz que é um chefe da sinagoga como em Marcos e Lucas nos quais se fala de Jairo. Este chefe que manifesta sua fé em Jesus nos leva ao episódio do centurião que pediu a cura para seu empregado (Mt 8,5-13). Mas o caso do chefe é grave, pois trata-se da filha morta.


Neste primeiro episódio do evangelho deste dia Jesus se encontra, então, diante da morte de uma menina e o pai desta pede a Jesus para impor sua mão sobre ela a fim de ela voltar a viver: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá”. Trata-se de um pobre chefe esmagado pela dor: a morte de sua filha. Há situações diante das quais a força humana (chefe) fica impotente, como diante da morte. Nessas situações só a fé é que pode nos ajudar, como fez o pai da menina falecida. É algo surpreendente a confiança posta por esse homem em Jesus. É uma verdadeira fé no impossível: fé no poder de Jesus de fazer sua filha voltar a viver. Lá onde a força humana terminar, a fé a continuará. Jesus não se resiste a este tipo de oração. “Jesus se levantou e o seguiu junto com seus discípulos”, assim relatou Mateus.


Quando chegou à casa da menina morta, Jesus disse à multidão: “Retirai-vos porque a menina não morreu e sim está dormindo”.  Jesus quer dizer que para ele e para o poder de Deus a morte não significa mais que um sono ligeiro. Morrer é descansar em paz nos braços do Pai celeste. Da mesma maneira Jesus também falou de Lázaro morto: “Nosso amigo Lázaro está dormindo e vou despertá-lo” (Jo 11,11). A morte para Deus não é um poder insuperável. As coisas têm um aspecto muito distinto diante do olhar de Deus e diante da experiência do homem. Mas se aprendermos a olhar tudo a partir de Deus, então a morte perderá seu caráter arrepiante. Para Jesus, a morte não tem o caráter temível e definitivo. Para ele, a morte é uma espécie de “sono” do qual Deus tem o poder de despertar. Se para Jesus a morte não tem nenhum caráter temível, pois é apenas uma passagem para uma vida eterna, deve ser também para quem quiser segui-lo. O cristão é chamado a proteger a vida no seu inicio, na sua duração e no seu término na história, pois Deus é a Vida por excelência e por isso, chama todos à vida, especialmente para aqueles que vivem no desespero e na falta de esperança. A menina morta voltou a viver por causa do poder de Jesus.


Quem é este “chefe”? Ele não tem nome nem determinada função (se é chefe de sinagoga ou se é chefe dos judeus ou se é chefe do sinédrio). Ele é simplesmente um chefe.  Pode ser qualquer um de nós, pois, de alguma forma, cada um é chefe: seja dentro da família, seja fora dela (na sociedade). Uma pessoa pode ser muito importante (“chefe”) entre os homens ou muito poderosa do ponto de vista humano, mas ela precisa também de salvação. O poder mundano não salva, pois diante da morte tudo que é humano cai no chão. O brilho falso tem seu fim. Somente Deus salva e nos garante a vida eterna. Do ponto de vista humano, paradoxalmente, o aparente superpotente ou super-poderoso é, na verdade, impotente. Mas “quando me sinto fraco, então é que sou forte”, escreveu São Paulo à comunidade de Corinto (2Cor 12,10).


Um ser humano precisa de outro ser humano para possibilitar seu crescimento como ser humano. Podemos possuir tudo que o mundo tem a oferecer em termos de status, realizações e bens, no entanto, sem nos sentirmos integrados, tudo isso parece vazio e inútil. A integração (viver em comunidade como irmãos/família) sugere calor, compreensão e abraço. Quando ficamos isolados, estamos propensos a ser prejudicados. Sentir-se integrada mantém a pessoa em equilíbrio. Sempre que há distância, há também anseio.


E o ser humano, enquanto criatura, precisa do Salvador que dá sentido para tudo na sua vida. Por isso, Santo Agostinho dizia: “Ninguém está tão só do que aquele que vive sem Deus. E, o homem, para onde se dirija, sem se apoiar em Deus só encontrará a dor”. Nas suas Confissões, Santo Agostinho rezou: “Fizeste-nos para Ti, Senhor, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti. Dá-me, Senhor, saber e compreender qual seja o primeiro: invocar-Te ou louvar-Te; conhecer-Te ou invocar-Te. Mas quem Te invocará sem Te conhecer? (...) Que eu Te busque, Senhor, invocando-Te; e que eu Te invoque, crendo em Ti: Tu nos foste anunciado” (Conf. 1,1).


2. Mulher Curada da hemorragia


Dentro do primeiro episódio Mateus insere outro episodia: uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos. Em primeiro lugar, essa mulher não tem nome, nem se menciona sua família nem sua tradição. Menciona-se, além disso, seus doze anos de sofrimento! O número “doze” aplicado aos anos de sua enfermidade é clara alusão a Israel. A mulher enferma representa, então, o povo que para que seja salvo (cura) é preciso renunciar à Lei para entrar contato direto com Jesus. Jesus seria “impuro”, isto é, não tem acesso a Deus (salvação) por seu contato com os “pecadores” (Mt 9,10-13). Mas Jesus é Emanuel, Deus-Conosco (Mt 1,23; 18,20; 28,20) que vem para salvar. Para encontrar a salvação nele é preciso se aderir a ele e fazer contato com ele.


Segundo o texto do evangelho de hoje essa mulher não pede nada e não diz nada a Jesus. Mas ela mostra sua fé total em Jesus. A fé dessa mulher é comparável à do chefe do primeiro episódio; sua certeza de cura é total. Ela somente pensa e silenciosamente se aproxima de Jesus para tocar a barra do seu manto: “Se eu conseguir ao menos tocar no manto dele, ficarei curada”, pensou essa mulher. Jesus tinha curado o leproso com seu contato (Mt 8,15).


A mulher que sofre de hemorragia se aproxima e toca a orla do manto de Jesus. Este gesto era proibido na cultura judaica. Uma mulher não podia olhar para um homem em público, muito menos tocá-lo. A situação fica pior ainda porque a mulher está com a hemorragia que pode causar a impureza legal para a pessoa tocada. Por ser mulher e pela sua enfermidade essa mulher estava duplamente excluída. Mas ela não quer saber das proibições. Ela quer encontrar-se com Jesus e tocar seu manto. Ela não quer ser escrava das regras e dos costumes desumanos. Pois de fato, as regras culturais e de culto a afasta da convivência e da salvação.


Quantas pessoas são escravas das regras. A graça produz as regras, mas as regras não produzem a salvação, pois elas são apenas meios e não o fim. Os costumes que não salvam, não podem ser mantidos.


Jesus reconhece nessa mulher a fé que transforma sua situação triste em alegria por encontrar o Salvador, Jesus: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. O termo “filha” coloca essa mulher em relação com “a filha” do chefe. Ambas são figuras de Israel. A partir de então, a mulher voltou a viver sua vida saudavelmente.


Os dois (chefe cuja filha estava morta e a mulher que sofria de hemorragia há doze anos) se aproximam de Jesus com muita fé e obtêm o que pedem. Eles confiam, se apóiam e se abandonam totalmente em Jesus.  E receberam uma resposta adequada da parte de Jesus: a volta da filha para a vida e a cura da mulher sofrida de hemorragia de longos anos. Por causa da fé eu preparo o espaço necessário para que Deus possa atuar. A fé é sempre e continua sendo a condição e o fundamento da ação salvadora de Deus no homem. A novidade do Reino trazido por Jesus não é somente a cura, mas principalmente a ressurreição ou a salvação.


A dor daquele pai e o sofrimento daquela mulher podem ser um bom símbolo de todos os nossos males, pessoais e comunitários.  Também agora, como em sua vida terrena, Jesus nos quer atender e nos encher de sua força e de sua esperança. É preciso manter nosso contato diário com Jesus para que sejamos vivos e salvos. Na Eucaristia ele mesmo se dá como alimento, para que, quando nos aproximamos dele e o recebemos com fé, possa curar também nossos males. Mas a cura-salvação não é um toque mágico e sim um encontro de pessoas com Jesus. É o encontro com Jesus na fé que cura e salva, e somente depois do encontro é que Jesus diz as seguintes palavras: “A tua fé te salvou!”.


P. Vitus Gustama,SVD

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