sexta-feira, 21 de julho de 2017




Domingo,23/07/2017
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CONFIEMOS EM DEUS, POIS ELE TEM A ÚLTIMA PALAVRA PARA NOSSA VIDA: PALAVRA QUE SALVA


XVI Domingo Comum Ano “A”


Primeira Leitura: Sb 12,13.16-19
13Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas e a quem devas mostrar que teu julgamento não foi injusto. 16A tua força é princípio da tua justiça, e o teu domínio sobre todos te faz para com todos indulgente. 17Mostras a tua força a quem não crê na perfeição do teu poder; e nos que te conhecem, castigas o seu atrevimento. 18No entanto, dominando tua própria força, julgas com clemência e nos governas com grande consideração; pois, quando quiseres, está ao teu alcance fazer uso do teu poder. 19Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores.


Segunda Leitura: Rm 8,26-27
Irmãos: 26O Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. 27E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos


Evangelho: Mt 13,24-43
Naquele tempo, 24Jesus contou outra parábola à multidão: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. 25Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. 26Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. 27Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ 28O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ 29O dono respondeu: ‘Não! Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e amarrai-o em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro!’” 31Jesus contou-lhes outra parábola: “O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. 32Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos”. 33Jesus contou-lhes ainda uma outra parábola: “O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”. 34Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, 35para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo”. 36Então Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Explica-nos a parábola do joio!” 37Jesus respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. 39O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifeiros são os anjos. 40Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41o Filho do Homem enviará seus anjos, e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; 42e depois os lançarão na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. 43Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça”.
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O Reino de Deus É Um Acontecimento Cotidiano


Estamos ainda no terceiro discurso de Jesus sobre o Reino dos Céus em parábola (Mt 13). “O Reino dos Céus é como...”, assim Jesus disse.


O Reino de Deus se parece como uma rede que se joga no mar e apanha todo tipo de peixes. Quando está cheia se arrasta para a margem. O Reino de Deus se parece como um tesouro escondido num campo que, ao encontrá-lo, o homem vende tudo o que tem para comprar o campo onde se encontra o tesouro. O Reino de Deus se parece como uma semente de mostarda que o homem semeou no campo que vira uma planta maior onde os pássaros podem fazer seus ninhos. O Reino de Deus se parece como o fermento que uma mulher mistura com a massa e esta cresce. Tudo isso quer nos dizer uma coisa: O Reino de Deus se parece sempre a um sucesso. Confiar em Deus sempre termina na salvação que é o sucesso maior para um ser humano.


O Reino de Deus não é um lugar, nem uma coisa, nem uma organização imponente. Por isso, o Reino de Deus não está circunscrito geograficamente, nem institucionalmente, nem sequer pode dizer-se com precisão. O Reino de Deus é um acontecimento, é algo que sucede em qualquer parte dentro deste mundo. Para entrar nele não é necessário mudar de profissão, nem sair de um lugar para outro lugar ou de uma Igreja para outra Igreja, nem abandonar o mundo. O mais importante e essencial é mudar de vida, pois o Reino de Deus é uma vida nova, uma vida com Deus, uma vida de sucesso, uma vida de salvação. O princípio desta vida está em Deus. Deus tem a iniciativa, pois Ele quer nos salvar por amor. Cristo é o princípio e a origem deste acontecimento que chamamos Reino de Deus. A partir de Cristo, algo passa no mundo, ainda que ninguém o note, pois o Reino de Deus acontece no silêncio. No silêncio Deus tem oportunidade para nos falar e para falar sobre nós. No silêncio da Cruz, no silêncio da semente que se morre, no silêncio do fermento que fermenta a massa. Do silêncio sai o resultado surpreendente para a humanidade. O silêncio é o início de uma obra prima.


Semente/grão, massa, fermento e pão, rede e peixe, tesouro incalculável encontrado. Tudo isto tem a ver com a vida do homem, com sua subsistência. Toda vez que Deus fala, toda vez que a Palavra de Deus é proclamada é porque tudo tem a ver com a salvação do homem.


Onde há um homem que vive para os demais, onde um homem que defende a justiça, onde há uma mulher que se sacrifica para que um ser possa viver, onde há um enfermo que sofre com esperança e fé, um jovem que busca a verdade, que busca um caminho correto, um ancião que olha com serenidade o futuro, um governante ou político que reconhece seus erros para dar o melhor para a sociedade, e assim por diante, ali não passam somente coisas da vida; ali acontece o Reino de Deus.


O evangelho deste domingo apresenta três parábolas do Reino: a do joio com a explicação da parábola(vv.24-30.36-43); e a dupla parábola do grão de mostarda e do fermento(vv.31-35).


O Joio No Meio Do Trigo: a Paciência de Deus É a Salvação Do Homem (vv.24-30.36-43)


A parábola do joio é exclusiva de Mateus (encontra-se também no Evangelho de Tomé). O termo grego para o joio, de origem semita, é “zizánion”. O joio é uma planta da família das gramíneas (lolium temulentum) que cresce no meio do trigo que dificilmente se distingue do bom trigo durante o seu crescimento; só se vê a diferença nas espigas. As espigas do trigo alimentam o homem (animal), enquanto o joio produz uma espiga de grãos escuros de efeito altamente tóxico. Mas, na verdade, não há necessidade saber da espécie de erva parasita que Jesus fala nessa parábola; basta saber que se trata de uma planta nociva.


Esta parábola conta uma cena da vida cotidiana: o dono do campo que semeia a boa semente, o inimigo que prejudica o campo de trigo ao semear o joio, as relações entre o patrão e os empregados. Tudo parece normal, exceto a surpreendente reação do dono do campo: deixar que ambos (joio e trigo) cresçam juntos. A atitude do dono, evidentemente, chama a atenção dos ouvintes, porque a atitude normal é arrancar logo o joio para que o trigo possa crescer saudavelmente a fim de produzir boas espigas. O dono sabe que o joio pode impedir ou dificultar o crescimento do trigo, mas os dois parecem muito ao princípio e é possível que ao arrancar o joio, arranquem também o trigo. O dono quer que se espere o tempo da colheita para separar o trigo do joio.


Evidentemente a parábola do joio orienta-se para o fim dos tempos, pois ela trata do juízo final, que introduz o Reino de Deus. Nesta parábola rejeita-se expressamente a ideia duma separação antes do tempo, e exorta-se à paciência até chegar o tempo da colheita. Os homens não estão absolutamente em condição de fazer esta separação (v.29), pois ao fazer separação que é a competência de Deus, os homens cairiam em erros de julgamento e os dois (joio e trigo) acabam morrendo juntos, pois quem julga o outro, cai também no julgamento (Mt 7,1).


Infelizmente a tendência espontânea dos homens é a de repartir a humanidade em duas categorias: os bons e os maus. E os maus sempre são os outros e os bons sempre somos nós. Por isso, somos intolerantes para as faltas alheias, mas muito amigos de nos autojustificarmos e muito ligeiros a desculpar-nos. Que as bênçãos de Deus caiam sobre nós e nossa família, e as maldições sobre os maus, sobre os inimigos, sobre os criminosos e corruptos, ladrões e bandidos. Com isso, somos maus do mesmo jeito. Com esta atitude os homens, no fundo até inconsciente, tem uma tendência espontaneamente sectária e intolerante. O outro o amedronta enquanto não se tornou seu “semelhante”. O mal e o bem não estão só fora de nós, mas dentro do nosso coração. Ao esquecermos isto, nos constituímos juízes dos outros. Ninguém pode ter a presunção de ser trigo limpo, porque ninguém é tão bom que não tenha algum joio. Somente Deus é bom plenamente (Mc 10,18).  


Através desta parábola Jesus quer revelar também a paciência de um Deus que adia o julgamento (vv.28-30) a fim de deixar ao pecador o tempo para se converter. A porta da misericórdia está aberta até os últimos minutos da vida do homem. Apesar de ter na sua mão todo o poder, Deus se mostra tolerante e paciente para com a sua criatura, o homem, que é débil e pecador. Ele não exclui ninguém do Reino: todos são convocados até o último minuto, todos podem entrar nele até no último minuto de sua vida (cf. Lc 23,40-43). A cólera não é a última palavra da manifestação divina. O perdão sempre prevalece sobre quem se converte. A paciência divina está aberta para todos aqueles se convertem.


Por sua atitude durante toda a sua vida, Jesus encarna a paciência de Deus em relação aos pecadores. Não existe pecado que não possa ser perdoado por Deus, se o pecador se converter; nenhum pecado arranca o homem do poder misericordioso de Deus. O perdão de Deus deixa as sombras para trás na vida do homem. Perdão é o momento de entrar na luz divina diante da qual tudo se torna claro.


O segredo desta paciência de Jesus é o amor. Jesus ama o Pai com o mesmo amor com que é amado, pois é o Filho. Jesus ama os homens com o mesmo amor com que o Pai os ama. Talvez a expressão joanina seja melhor para descrever o amor de Jesus: “...amou-os até o fim” (Jo 13,1). Jesus ama os homens até em seu pecado. Foi o pecado dos homens que conduziu Jesus à cruz. No momento supremo em que o desígnio divino parece comprometido pela atitude dos homens, o amor se faz totalmente misericordioso: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Jesus, realmente, amou os homens até o fim. Segundo o evangelista Lucas, a última palavra de Jesus para o homem é o perdão. A última palavra de Jesus para o Deus Pai é a entrega total de sua vida: “Pai, em tuas mãos entrego meu espirito”.


Por ser membro do Corpo de Cristo, todos nós temos a missão de encarnar a paciência de Jesus. É na paciência que se conquista a vida (Lc 21,19). A paciência não é passividade. A paciência é resistir com firmeza. A paciência é o período entre o semear e o colher. A paciência é uma virtude dos fortes e prudentes.


Nossa tarefa neste mundo não é a de repartir os homens entre os bons e os maus, embora ninguém escape da tentação de intolerância e da impaciência, mas a de revelar o amor misericordioso de Deus. Ninguém por si tem o direito de se constituir critério para o seu irmão. Não o irmão justo é o nosso critério, mas o Deus santo e misericordioso. Aqui na terra, o trigo está sempre misturado com o joio, e a linha de demarcação entre um e outro passa em todo homem. O cristão e a cristã são chamados a exercer sua função como pedra insubstituível na construção do Corpo de Cristo e a cooperar de modo original na realização da história da salvação. Quando o cristão não se tornar mais o sinal do amor de Deus, a missão automaticamente degrada-se em propaganda ou em tentativa de autopromoção. Para isso, temos que nos renovar sem cessar por dentro através do alimento da Palavra de Deus e da Palavra que se faz carne na Eucaristia.


Além disso, essa parábola serve de exortação para todos os cristão. Deus deixa conviver os bons com os maus, sem pressa de fazer juízo. E nessas circunstâncias não sabemos se fazemos parte do grupo dos bons ou do dos maus; se somos do trigo ou do joio. Mas como Deus tem paciência, sempre é tempo de tentarmos produzir alguma coisa positiva, e rendermos para a vida presente e para a vida eterna. 


A Dupla Parábola Do Grão De Mostarda E Do Fermento: Com Deus Tudo Terminará Com Sucesso (vv.31-35)


As duas parábolas (grão de mostarda e fermento) são muito parecidas em seu conteúdo e sua forma. A mostarda é uma planta que atinge facilmente uma altura de mais de dois metros e é cultivada por causa de seus grãos. As sementes são muito pequenas: não mais de um milímetro de comprimento. O fermento é bem conhecido no mundo culinário para fermentar a massa a fim de que ela cresça mais depressa.  Um pouco de fermento pode fazer crescer uma grande quantidade de massa.


O aspecto mais chamativo nestas duas parábolas é o contraste que existe entre a situação inicial e o resultado final. Um grão de mostarda, sendo a mais pequena das sementes, pode fazer surgir uma “árvore” grande, e o mesmo acontece com o fermento que tem capacidade para fazer fermentar uma grande quantidade de massa.


Através destas parábolas, Jesus fala da presença do Reino que está começando a chegar: embora sua presença seja germinal e sua aparência seja insignificante, mas leva dentro de si uma força transformadora e seu crescimento será irreversível. Ambas as parábolas acentuam a desproporção entre os princípios insignificantes do Reino e o seu esplendoroso final. Ainda assim, cada uma das parábolas tem seu matiz próprio: a do grão de mostarda fala do crescimento do Reino em extensão, e a do fermento em intensidade. Jesus quer nos dizer que o Reino de Deus é uma realidade oculta e quase imperceptível no seu desenvolvimento, tão lento que os nossos olhos não podem vê-lo no instante em que se está produzindo. Só com comprovações distanciadas no tempo podemos verificar o seu crescimento, como se passa com as crianças e as plantas.


Com estas parábolas o Senhor quer, então, difundir esperança e ânimo a seus discípulos e todos os seus seguidores. Os seguidores não devem admitir nunca o desalento nem o pessimismo derrotista. O Reino de Deus chega indefectivelmente, graças a Cristo ressuscitado e ao seu Espírito. Esta é o fundamento de nossa esperança. É importante que ninguém segure eternamente a semente na mão, deve plantá-la para torná-la uma árvore; como também o fermento, deve misturá-lo com a massa, para torná-lo junto com a massa em pão saboroso.


Por outro lado, Jesus justifica seu modo de evangelizar que não correspondia às expectativas de triunfalismo e espetacularidade com que os judeus imaginavam a irrupção do Reino de Deus na era messiânica. O crescimento do Reino de Deus segue um processo desconcertante para a nossa impaciência e intolerância. Ele não permite o derrotismo pessimista nem o desespero, porque o êxito final é de Deus, que tem nas suas mãos as chaves da história humana. Não cabe ao cristão ficar decepcionado porque o resultado não aparece logo. Não é o jardineiro que faz crescer a árvore e as flores: ele rega, aduba e protege, mas a força vem de dentro, da própria semente. O jardineiro não pode parar de plantar, regar, adubar e proteger. Todos nós somos jardineiros da semente do Reino de Deus.


P. Vitus Gustama,SVD

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