sábado, 30 de setembro de 2017

02/10/2017

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SANTOS ANJOS DA GUARDA
SER IRMÃO E FAZER-SE PEQUENO


Primeira Leitura: Êx 23,20-23
Assim diz o Senhor: 20“Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. 21Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões, e nele está o meu nome. 22Se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. 23O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos amorreus, dos hititas, dos ferezeus, dos cananeus, dos heveus e dos jebuseus, e eu os exterminarei”.


Evangelho: Mt 18,1-5.10
Naquela hora, 1os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos céus?” 2Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles 3e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos céus. 4Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus. 5E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. 10Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”.
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No dia 02 de Outubro a Igreja celebra a festa dos Santo Anjos da Guarda. Por que se fala, especificamente de uns anjos que nos acompanham pessoalmente, que nos protegem na caminhada cotidiana?


Poderíamos responder, em primeiro lugar, que trata-se de símbolos para falar do amor providente de Deus que cuida de sua criatura para que esta chegue à sua plena realização quando houver colaboração da própria criatura ou das circunstâncias na quais se encontra. Era normal expressar, através de recursos literários provenientes de um contexto, as realidades misteriosas usando uma linguagem figurativa.


Em segundo lugar, os anjos são um reflexo misterioso do rosto de Deus e de sua bondade em nossa realidade. De fato, quando alguém nos trata bem, nos ajuda sem reservas etc. logo lhe dizemos: “Você é um anjo!”. Isto significa que a bondade de Deus se reflete naqueles que fazem o bem, chamados de mensageiros de Deus ou anjos de Deus no nosso dia a dia.


Em terceiro lugar, Os anjos da guarda nos revelam a presença transcendente de Deus em cada pessoa, especialmente nos mais pobres. O maior no Reino de Deus é a criança e quem se faz pequeno como criança, porque representa em forma paradigmática o despojamento de todo poder. O despojamento da soberba e da prepotência do poder é a condição para entrar no Reino de Deus. Alguém entra nele, quando descobre o poder de Deus: o poder de seu amor, o poder de sua Palavra e o poder de seu Espírito. Reino de Deus é Poder de amor de Deus. Esta presença de Deus nos mais pobres, que são os maiores no Reino, é o que dá aos pobres essa transcendência.


Cada pessoa, cada família, cada comunidade, cada povo, tem seu próprio anjo da guarda. O Livro de Êxodo ( cf. Ex 23, 20-23) nos ostra o Povo de Deus conduzido diretamente pelo anjo de Deus. O povo deve comportar-se bem na sua presença, escutar sua voz e não ficar rebelde. No anjo está o Nome de Deus. O Nome é o que Deus é. O anjo é essa presença de Deus no Povo de Deus.


Também cada um de nós deve descobrir nosso próprio anjo da guarda, sentir sua presença e escutar sua voz. Devemos viver conforme a esta presença transcendente em nós e refleti-la continuamente em nosso rosto. Para isso, é preciso ler, meditar e colocar em prática a Palavra de Deus. Estar em sintonia com a Palavra de Deus nos faz sensíveis para a presença de Deus na nossa vida cotidiana e nos torna conscientes de nossa tarefa como mensageiros de Deus na convivência com os demais.


Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa me ilumina. Amém
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O texto do evangelho lido neste dia é escolhido em função da festa dos santos anjos da guarda. É tirado de Mt 18.


O capítulo 18 do evangelho de Mateus é o quarto dos cinco grandes discursos de Jesus neste evangelho. E este quarto discurso é conhecido como “discurso eclesiológico” (discurso sobre a Igreja) ou “discurso comunitário” onde se acentua a vida na fraternidade, isto é, cada membro da comunidade é considerado como irmão. Este capítulo (Mt 18,1-35) foi escrito para responder aos problemas internos das comunidades cristãs: Quem é o primeiro na comunidade? O que fazer se acontecem escândalos? E se um cristão se perde ou se afasta da comunidade, o que fazer? Como corrigir um irmão que erra? Quando é que uma oração pode ser chamada de comunitária e partilhada? E quantas vezes se deve perdoar?


Na comunidade de Mt (como também em qualquer comunidade cristã) cresce a ambição e se cultivam sonhos de grandeza dos membros que se acham mais importantes do resto. Há pouca consideração para com os pequenos, até são desconsiderados ou desprezados. Estes pequenos correm risco de se tornarem incrédulos e de afastar-se da atividade comunitária. Na comunidade de Mt suscitam também pecadores notórios, inclusive as ofensas e os ressentimentos que abalam a convivência fraterna.


Nesse capítulo, são dadas diversas orientações e algumas normas que têm por objetivo desenvolver o amor e favorecer a harmonia entre os membros da comunidade. Para isso, Mt coloca em ordem o material transmitido pela tradição para regular as relações internas da comunidade. Contra os sonhos de grandeza e de orgulho, Mt coloca a atitude de humildade que agrada a Deus e aos outros (18,1-4). Para os pequenos, os fracos na fé, é necessário ter uma acolhida cheia de caridade e de desvelo (18,6-7). O desprezo é inadmissível para uma boa convivência. Para enfatizar mais este tema, Mt fala dos anjos que sempre estão do lado dos pequenos (18,10). Se um dos membros da comunidade afastar-se ou desviar-se do caminho reto, em vez de condená-lo, a comunidade toda deve esforçar-se para que esse irmão volte para a comunidade, pois Deus não quer que nenhum deles se perca (18,12-14). E para o irmão pecador, a comunidade inteira deve usar todos os meios para recuperá-lo (18,15-20). E para as ofensas, deve haver perdão, pois uma comunidade só pode sobreviver se existe o perdão mútuo (18,21-35).


Ser Irmão e Fazer-se Pequeno


“Quem é o maior no Reino dos céus?”. “Quem é o maior diante de Deus?”. “Quem vale mais diante de Deus?”. Assim inicia o quarto discurso de Jesus sobre a vida comunitária baseada na fraternidade. A pergunta é feita pelos discípulos para Jesus. Maior aqui significa proeminente, superior aos outros por força de uma qualidade ou de um poder.


Atrás desta pergunta se esconde a ambição ou a mania de grandeza dos discípulos. É a ambição de grandeza que pode ser encontrada em qualquer comunidade cristã. É admirável a ambição de alguém que deseja redimir sua humilde condição, valorizando todas as suas capacidades de inteligência e de luta, pois um dos sentidos lexicais da palavra ambição é anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso; aspiração, pretensão. A ambição só se transformará em vício quando a afirmação de si mesmo for exagerada e os meios adotados para atingir a glória forem desonestos. Uma pessoa de alma nobre não sai à procura das honras, e sim do bem. Ao contrário, o ambicioso se sente totalmente envolto pela espiral da glória que o transforma em vítima da própria tirania. O ambicioso, quando dominado pelo vício, não suporta competidores, nem admite rivais. Quem desejar ser a todo o custo o primeiro, dificilmente se preocupar com ser justo. “A soberba gera a divisão. A caridade, a comunhão” (Santo Agostinho. Serm. 46,18).


Como resposta para a pergunta dos seus discípulos Jesus faz um gesto muito simbólico: Ele chamou uma criança e a colocou no meio dos discípulos. Ao ser colocada no meio de todos, a criança chamada se torna um centro de atenção de todos. Imaginamos que todos os olhares são dirigidos a essa criança e os ouvidos prontos para ouvir a palavra sábia do Mestre Jesus. “Em verdade vos digo, se não vos con­ver­terdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus. E quem recebe em meu nome uma criança como esta é a mim que recebe”, disse Jesus aos discípulos (Mt 18,3-5). Ser criança: frescor, beleza, inocência, não se basta a si mesma!


Esta é a primeira regra da vida comunitária: cuidar dos pequenos e tratá-los como irmãos. E fazer-se pequeno. Fazer-se pequeno, como exigência para viver a vida comunitária, significa renunciar a toda ambição pessoal e a todo desejo de colocar-se acima dos demais para estar em destaque e para oprimir os demais. Fazer-se pequeno é uma forma de “renegar-se a si mesmo” para colocar a vontade de Deus acima de tudo. A grandeza do Reino consiste no serviço humilde e gratuito ao próximo, na solidariedade para com os necessitados, na partilha do que se tem para com os carentes do básico para viver dignamente como ser humano e no esforço para construir uma convivência mais fraterna. Trata-se de viver a espiritualidade familiar onde cada membro se preocupa com o outro membro e sua salvação. Vivendo desta maneira estaremos testemunhando para o mundo que estamos no Reino de Deus já neste mundo.


P. Vitus Gustama,svd



sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Domingo, 01/10/2017
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ENTRE O DIZER E O FAZER NA VIDA DO CRISTÃO

XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM



I Leitura: Ez 18,25-28
Assim diz o Senhor: 25 “Vós andais dizendo: ‘A conduta do Senhor não é correta’. Ouvi, vós da casa de Israel: É a minha conduta que não é correta, ou antes é a vossa conduta que não é correta? 26 Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre. 27 Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. 28 Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá, não morrerá”.


II Leitura: Fl 2,1-11
Irmãos: 1 Se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se existe ternura e compaixão, 2 tornai então completa a minha alegria: aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. 3 Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante, 4 e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro. 5 Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus. 6 Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, 7 mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8 humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz. 9 Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. 10 Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11 e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor!”


Evangelho: Mt 21,28-32
Naquele tempo, Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo: 28 “Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ 29 O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e foi. 30 O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. 31 Qual dos dois fez a vontade do pai?” Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”. Então Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. 32 Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele”
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Depois de instruir a seus discípulos sobre seu destino e sobre as exigências do seguimento (Mt 16,21-20,34), Jesus entra em Jerusalém, centro do poder político, econômico, religioso, judiciário e ideológico do povo de Deus, representado pelo Sinédrio, o Supremo Tribunal dos judeus, responsável pela morte de Jesus. Jesus se confronta com essas lideranças e, uma após outra, vai desmascarando-as, mostrando o descompromisso delas com o Reino. De acusado (Mt 21,23) Jesus passa ao ataque através de parábolas contadas para essas lideranças (Mt 21,28-22,14). A comoção inicial da cidade (Mt 21,10; veja Mt 2,3) vai se convertendo, ao longo dos próximos capítulos deste evangelho (leia Mt 21,1-23,39), numa recusa frontal de Jesus e seus discípulos.


Nestes capítulos (Mt 21,1-23,39) percebe-se a tensão que aconteceu nos últimos dias da vida de Jesus: Jesus manifesta-se como Messias através de três gestos simbólicos (Mt 21,1-22); os fariseus questionam sua autoridade (21,23-27); Jesus lhes responde por meio de três parábolas (21,28-22,14); os adversários buscam um motivo para acusá-lo através da apresentação de três questões discutidas: sobre imposto, ressurreição e maior mandamento (22,15-40); e Jesus propõe-lhes a questão decisiva: sobre Messias, filho de Davi (22,41-46); e diante da incapacidade dos adversários de reconhecê-lo como Messias, Jesus pronuncia o veredicto de Deus sobre os líderes de Israel e sobre Jerusalém (23,1-39). Mas o que aparece nestes capítulos com mais claridade é o enfrentamento posterior entre a comunidade de Mt e o judaísmo quando a ruptura entre ambos já havia tido lugar; aparece também que a Igreja cristã é a herdeira das promessas feitas a Israel (Mt 21,43). 


A parábola dos dois filhos que lemos no texto do evangelho deste domingo tem uma função similar à parábola do filho pródigo de Lc (Lc 15,11-32) embora cada evangelista a desenvolva diversamente. A mesma parábola também é o eco do Sermão da Montanha que enfatiza o fazer do que o dizer (Mt 7,21-23; cf. Mt 12,50;23,3-4).


Mt começa a parábola com a pergunta: “Que vós parece?” (v.28a). Esta pergunta é típica de Mt (cf. Mt 17,25;18,12;22,17;26,66). A pergunta não é mais dirigida aos discípulos, mas aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, os mesmos interlocutores da unidade anterior (cf. Mt 21,23-27). A pergunta obriga os ouvintes a comprometer-se e a tomar posição. A resposta à pergunta torna-se um julgamento para os ouvintes. E no fim da parábola, mais uma vez, os mesmos interlocutores são obrigados a escolher “qual dos dois fez a vontade do pai?” (v.31). A resposta dada a estas perguntas pelos ouvintes será sua salvação ou seu juízo.


Nossa Fala Não Pode Ultrapassar Nossa Ação


A parábola coloca os dois filhos em contraste. Contrasta a maneira como se dirigem ao pai: o primeiro (filho mais velho) de forma mal educada e grosseira e rebelde para os padrões comportamentais daquele tempo: “Não quero ir”, disse ele. O segundo filho, de forma delicada e polida, não sabe dizer “não”, mas desmente tudo na prática: “Eu irei, senhor”. Mas não foi. Contrasta a atitude que tomaram: um foi e o outro não foi. E, de modo especial, contrasta a contradição entre a palavra e a ação dos dois. O primeiro filho peca por falta de educação. Ele não admite conversa ou diálogo. Mas ele vai trabalhar. O segundo, apesar de sua boa educação, apesar de seu “sim” verbal, não vai trabalhar. O pai se agrada com o “não” arrependido do filho mais velho, e não com o “sim” gentil mas mentiroso do filho mais jovem.


Os ouvintes de Jesus não tiveram dificuldade de dar uma resposta exata à pergunta de Jesus: “Qual dos dois fez a vontade do pai?”. Sem hesitar os ouvintes responderam: o primeiro filho, isto é, aquele que falou que não iria, mas de fato foi e fez o que o pai pedia. Mas ao dar sua resposta os próprios ouvintes foram colocados contra a parede e se auto condenaram.


A mensagem, portanto, é muito clara. Entre palavra e ação, a primazia é dada á ação. Entre intenção e ação, a primazia é dada à ação. O homem se salva não pelas palavras, intenções, palavras estéreis e descompromissadas, e sim por fatos concretos e precisos.


O critério do agir é tão fundamental que a primeira denúncia que se fez dos escribas e fariseus é que o agir deles era fictício: eles agiam apenas de modo aparente, faziam de conta que agiram, mas na realidade não agiram. Desse modo eles pecaram contra os seus próprios princípios.


Quando nós não somos fiéis à nossa palavra deixa de respeitarmos a nós mesmos e consequentemente aos outros e a verdade não está em nó, não somos fiéis a nós mesmos, e também aos outros. Deste jeito estamos mentindo para nós mesmos e para os outros. A mentira é a defesa fácil dos fracos, que não são capazes de assumir a responsabilidade de seus atos. Triste é que o mentiroso não somente se condena a si próprio a vergonhosas contradições, mas também priva os demais do direito que têm à verdade, semeando desconfiança entre as pessoas.


O fazer ou o agir é tão importante que Jesus Cristo pede aos discípulos o seguimento. Seguir a Jesus é agir com ele e como ele, acompanhá-lo no seu agir. Jesus chama os discípulos convidando-os a segui-Lo (Mt 4,19-22; 8,22; 9,9; 16,24; 19,21.27).


Então, o que importa não é aquele que se comporta bem que se salva, mas sim quem cumpre a vontade de Deus. O que conta diante de Deus não são as aparências, nem as boas intenções ou palavras, mas a PRÁTICA. Deus olha para o que de fato fazemos, não importa o que pensamos ou dizemos. Em Deus o homem vale pelo que faz e não pelo que fala. Neste sentido, o que importa não é a conversão externa, mas sim a atitude interior. E aquele que honra a Deus, não é aquele que observa uns ritos exteriores, mas sim aquele que põe em prática a vontade de Deus. Por isso, devemos ficar sempre atentos para que a nossa prática religiosa ou nossos ritos exteriores, não seja mais importante que nosso Deus e nosso próximo.


Por isso, o maior escândalo de nossos tempos é a separação da religião da vida. Reza-se, mas não se vive o que se reza. Canta-se mas não se vive o que se canta. Recebe-se a Eucaristia, mas não se vive a comunhão fraterna. Dobra-se os joelhos diante do sacrário, mas despreza-se o irmão, o corpo vivo e imagem de Cristo.


Numa ocasião o Papa Paulo VI disse: “O grande pecado da moderna cristandade é o vazio entre a fé e as obras. É o pecado de ser ilógico, inconsciente e infiel”. O maior escândalo de nossos tempos é a separação da religião da vida. Reza-se, mas não se vive o que se reza. Canta-se mas não se vive o que se canta. Recebe-se a Eucaristia, mas não se vive a comunhão fraterna. Dobra-se os joelhos diante do sacrário, mas despreza-se o irmão, o corpo vivo e imagem de Cristo.


O Evangelho de Mateus enfatiza muito a questão do AGIR. O critério definitivo para Jesus é o agir. A regra decisiva do discernimento é a distinção entre o falar e o agir. Por isso, os verdadeiros discípulos são os que agem, que praticam a vontade de Deus. Ao contrário, os falsos discípulos são aqueles que falam palavras bonitas, mas não fazem nada. Por isso, Jesus diz, no sermão do monte: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade do meu Pai” (Mt 7,21). Da mesma maneira, o verdadeiro profeta se reconhece pelos frutos (Mt 7,16-20).


É Preciso Ter Uma Posição Certa


Pela sua atitude os dois filhos merecem uma repreensão. Um em atitude de revolta, ofende o pai com resposta grosseira: “Não vou!”. No entanto, ele tem uma vantagem sobre o outro filho que é hipócrita. Ele erra, mas não mente. Quando este filho descobriu a verdade maior, isto é, os motivos do pai, ele é capaz de mudar. Ele foi trabalhar.  Quem se opõe, de verdade, pelo menos, tem uma opção ou deve ter uma opçãp, pois ninguém se opõe por opor-se. Se não tiver uma opção, ao menos, terá que ter uma posição clara. Ninguém se opõe para manter o comodismo ou algumas vantagens pessoais. Quem tem uma posição clara é capaz de defender o seu ponto de vista. Mas quem procura a verdade, é capaz de largar o ponto de vista a partir de um momento em que a verdade está em destaque. Porque cada ponto de vista é apenas visto de um ponto. É preciso ter um pouco de uma visão multidimensional de uma realidade para errar menos.


A hipocrisia e a mentira são piores que a insurreição. O homem moderno, dentro e fora da Igreja, tem uma grande sensibilidade para tudo que é autêntico em teoria e em prática, e uma irrelutável aversão contra tudo o que é falsidade, hipocrisia e afetação de virtude.


A pergunta de Jesus “O que vos parece?” é dirigida a cada um de nós. Você se parece com qual dos dois filhos? O que Jesus não aceita é a atitude hipócrita e santarrão dos que se crêem melhores do que os demais sem necessidade de mudança alguma. Prefere o longo caminho, cheio de liberdade e de fracassos, de buscas de novos horizontes a causa de seu inconformismo com a vida que os rodeia à comodidade dos que dizem “sim” a tudo, mas não se comprometem com nada.


A parábola dos dois filhos é um convite para fazermos o sério exame de consciência sobre o nosso agir diário. As nossas palavras nunca podem ultrapassar o nosso agir para não sermos chamados de cristãos falsos ou hipócritas. Os cristãos falsos podem possibilitar o surgimento do ateísmo nas pessoas inocentes. Se não nos convertermos continuamente, o mundo vai repetir as palavras de Mahatma Gandhi: “Eu aceito o vosso Cristo, mas não aceito o vosso cristianismo”.


P. Vitus Gustama,SVD

quinta-feira, 28 de setembro de 2017


30/09/2017
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VIVER FAZENDO O BEM E SACRIFICANDO-SE
Sábado da XXV Semana Comum


Primeira Leitura: Zc 2,5-9.14-15a
5 Levantei os olhos e eis que vi um homem com um cordel de medir na mão. 6 Perguntei-lhe: “Aonde vais?” Respondeu-me: “Vou medir Jerusalém, para ver qual é a sua largura e o seu comprimento”. 7 Eis que apareceu o anjo que falava em mim, enquanto lhe vinha ao encontro outro anjo, 8 que lhe disse: “Corre a falar com esse moço, dizendo: A população de Jerusalém precisa ficar sem muralha, em vista da multidão de homens e animais que vivem no seu interior. 9 Eu serei para ela, diz o Senhor, muralha de fogo a seu redor, e mostrarei minha glória no meio dela. 14 Rejubila, alegra-te, cidade de Sião, eis que venho para habitar no meio de ti, diz o Senhor. 15ª Muitas nações se aproximarão do Senhor, naquele dia, e serão o seu povo. Habitarei no meio de ti”.


Evangelho: Lc 9, 43-45
Naquele tempo, 43bTodos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia. Então Jesus disse a seus discípulos: 44“Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. 45Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender; e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.
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O Culto e a Vida Éica Devem Ser Inseparaveis


Vou medir Jerusalém, para ver qual é a sua largura e o seu comprimento... A população de Jerusalém precisa ficar sem muralha, em vista da multidão de homens e animais que vivem no seu interior”, profetiza Zacarias que lemos na Primeira Leitura.


O profeta Zacarias é contemporâneo do profeta Ageu e dos acontecimentos da volta do desterro e da restauração do Templo de de Jerusalém. Seu ministério teve início dois meses depois do de Ageu, e durou mais dois anos. Precisamente o ministério do profeta Zacarias foi de outubro de 520 a.C a novembro de 518 a.C. Seu nome (Zacarias) em hebraico significa “o Senhor recorda”. Zacarias segue os passos dos profetas do Sul, especialmente de Ezequiel, que concentram a renovação pós-exilica do povo em torno do Templo de Jerusalém.


A mensagem do profeta Zacarias (Zc 1-8) gira em torno de duas grandes preocupações: o Templo/culto e a era escatológica. O profeta Zacarias tem uma capacidade de enxergar bem o presente e percebe que o momento histórico exige não somente a restauração física-material (Templo), mas também a conversão cuja ênfase são os aspectos éticos do povo (Zc 7,9-10; 8,16-17). O culto, por si só não é suficiente se não for acompanhado com uma vida ética (Zc 7,4-7).


No texto de hoje Zacarias nos apresenta um gesto simbólico: uma pessoa que quer tomar as medidas de Jerusalém com uma corda. Mas um anjo lhe diz que não precisa fazer isso porque Jerusalém vai ser uma cidade aberta, cheia de riqueza e que Deus (Javé) será sua única muralha e defesa: “Rejubila, alegra-te, cidade de Sião, eis que venho para habitar no meio de ti, diz o Senhor”. É a volta aos tempos das boas relações entre Deus e seu povo. São Francisco de Assis dizia: “Onde o temor de Deus está guardando a casa, o inimigo não encontra porta para entrar”. Mas uma família que não tem lugar para Deus, prepara o terreno ou espaço para a agressão, violência, a briga, a desunião, discórdia e assim por diante.


Através do texto de hoje o profeta Zacarias nos convida à fé firme em Deus. Mas ao mesmo tempo quer nos recordar que a Igreja, a nova comunidade da Aliança não pode ser medida com “cordas” e fechada em particularismo e sim que há de ser aberta, universal. A melhor riqueza da Igreja é o próprio Deus.


O documento do Vaticano II sobre a relação da Igreja com o mundo, Gaudium et Spes, nos convida a abrirmos as janelas e as portas, a não usarmos essas cordas das quais fala o profeta Zacarias, porque a Igreja/Comunidade é espaço de esperança para todos.


Depois da vinda de Cristo entendemos melhor o que significa a palavra do profeta Zacarias: “Muitas nações se aproximarão do Senhor, naquele dia, e serão o seu povo. Habitarei no meio de ti”. O prólogo de São João afirma claramente: “O verbo Se faz Carne e habitou entre nós” (Jo 1,14; Cf. Mt 28,20).


Sacrificar-se Para o Bem De Todos Como Jesus Que Passou a Vida Fazendo o Bem


Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia”.


Nós nos encontramos no quadro de instruções finais de Jesus na Galiléia. Jesus mostra claramente aqui o sentido da própria missão e a daqueles que querem segui-Lo. Segundo o plano do seu evangelho, o evangelista Lucas termina assim as atividades de Jesus na Galiléia (Lc 4,14-9,50). Daqui em diante Jesus vai começar seu caminho ou seu êxodo para Jerusalém onde ele será crucificado, morto e glorificado.


O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. O título “Filho do Homem” se encontra seu sentido em Dn 7,13-14 e “vai ser entregue” em Is 53,2-12. O sofrimento de Jesus é causado pelos homens do templo e do poder.


Para o evangelista Lucas, este é o segundo anúncio da Paixão de Jesus e o situa no momento em que “Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia”. Esta admiração surge no momento em que Jesus curou um menino da epilepsia (Lc 9,37-43) e fez outros sinais. E Lucas registrou que esse menino era filho único. Esse filho único se refere a Jesus, Filho único do Pai (cf. Mt 21,33-46). Através desse menino Jesus está falando de Si próprio. A cura do menino antecede o segundo anúncio da Paixão do Filho único do Pai.


Neste anúncio Jesus quer revelar que sua vida é um sacrifício para o bem de todos. Jesus pensa somente na salvação sem fugir das conseqüências trágicas. Ele se sacrifica como uma vela que se consome aos poucos iluminando seu redor.


Lucas nos relatou que os discípulos não entenderam o sentido desse anúncio. Em outras ocasiões os evangelistas descrevem os motivos dessa incompreensão: os seguidores de Jesus tinham em sua cabeça um messianismo político, com vantagens materiais para eles mesmos, e discutiam sobre quem ia ocupar os postos de honra e quem ficaria do lado direito ou do lado esquerdo de Jesus. A cruz não entrava em seus planos. Eles queriam seguir a Jesus pelas próprias vantagens e não pela vida dedicada em prol da salvação de todos.


Os discípulos não entendem que este é o maior ato de amor e o maior sentido da vida. O resultado dessa incompreensão será contado no seguinte episódio em que haverá a disputa sobre a primazia no grupo (Lc 9,46-48).


Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia”. Jesus desperta realmente admiração por seus gestos milagreiros e pela profundidade de suas palavras. Deste tipo de Jesus gostamos também e não somente os primeiros discípulos de Jesus. Mas não entendemos, como os primeiros discípulos, o Jesus Servidor, o Jesus que lava os pés dos discípulos, o Jesus que se entregou à morte para salvar a humanidade, o Jesus que se aproxima do pecador para dialogar, o Jesus que faz refeição com os pobres e pecadores. Queremos apenas o consolo e o prêmio e não o sacrifício e a renúncia. Preferiríamos que Jesus não nos dissesse: “Quem quer me seguir renuncie a si mesmo, tome sua cruz de cada dia e me siga”.


Mas ser seguidor de Jesus pede radicalidade e não podemos crer num Jesus que O fazemos a nossa medida. Ser colaborador de Jesus na salvação do mundo exige seguir Seu mesmo caminho que passa através da cruz e da entrega. É sofrer com Jesus para salvar o mundo.


Vale a pena cada um fazer um exame sério de consciência sobre o texto do evangelho de hoje a partir da vocação e da função que cada um tem na Igreja ou em uma comunidade. Como sacerdote ou religioso/ religiosa, qual meu motivo para ser sacerdote ou para ser religioso/religiosa? Será que eu procuro a vocação religiosa e sacerdotal em função da segurança institucional e não como paixão pela vida de Cristo dedicada pela salvação de todos? Será que o pensamento de querer ser sacerdote ou religioso (a) carreirista tem como motor da minha ambição? Como leigo ou leiga, qual meu motivo verdadeiro para trabalhar na minha comunidade? Há alguma vantagem pessoal escondida atrás dessa atividade, ou por que eu quero ser outro Cristo na minha comunidade? Mas será que eu levo a sério o motivo de ser outro Cristo com todas as suas conseqüências na minha comunidade?


É preciso que não tenhamos medo de nos gastar pelas causas e pelos grandes ideais de Jesus, pois por este caminho é que haverá a vida glorificada, a vida ressuscitada. Como cristãos, não podemos viver e conviver inutilmente nem podemos, conseqüentemente, morrer inutilmente. A vida dedicada pelo bem de todos jamais morre. É estar com Cristo. E estar com Cristo significa não parar de existir. Este é o ideal do ser do cristão.


Creio que uma vida só pode chegar à sua plenitude, se a enchermos de uma série de certezas ou convicções profundas. No fundo tudo se reduz a uma questão de amor: amar e ser amado. Do contrário, somente há sempre o mesmo resultado: destruição, sofrimento, opressão, injustiça, deslealdade, traição, exploração e assim por diante. Uma vida significativa é feita de uma série de pequenos atos diários de decência e bondade, que quando somados no final, resultam, paradoxalmente, em algo grandioso. Pela prática de atos justos, aprendemos a ser justos; pela prática de atos de autocontrole, aprendemos a ter autocontrole; e pela prática de atos de coragem, chegaremos a ser corajosos. A nossa vida relativamente curta, neste mundo, é apenas faísca na tela da eternidade. Jesus viveu mais ou menos apenas 33 anos de vida. No entanto ele conseguiu influenciar o mundo inteiro. A vida passa, pois há um tempo para cada coisa. Você já imaginou que quanta coisa boa que você poderia fazer agora mesmo em favor da humanidade? Isto é seu tempo de milagres. E você pode, independentemente de sua idade, etnia, profissão e religião.


Não se arrependa por você ter dado o melhor de si, mesmo que você sofra algum desentendimento ou alguma ofensa por ter feito uma coisa boa na sua vida. Agindo assim, sua vida se transformará. Se você não se impuser à vida, ela se imporá a você. Lembre-se de que os dias transformam-se em semanas, as semanas em meses e os meses em anos. Quando menos se espera, tudo chega ao fim, e você se vê sem nada além de um coração ressentido por uma vida vivida pela metade. Comece a ser a pessoa que você realmente é, fazendo o possível para enriquecer o mundo à sua volta. A bondade é simplesmente o aluguel que devemos pagar pelo espaço que ocupamos neste planeta.
P. Vitus Gustama,svd

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

29/09/2017

ARCANJOS: MIGUEL, GABRIEL E RAFAEL
29 de Setembro


1ª Leitura: Dn 7,9-10.13-14
9 Eu continuava olhando até que foram colocados uns tronos, e um Ancião de muitos dias aí tomou lugar. Sua veste era branca como neve e os cabelos da cabeça, como lã pura; seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono, como fogo em brasa. 10 Derramava-se aí um rio de fogo que nascia diante dele; serviam-no milhares de milhares, e milhões de milhões assistiam-no ao trono; foi instalado o tribunal e os livros foram abertos. 13 Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho de homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. 14 Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá.


Evangelho: Jo 1, 47-51
Naquele tempo, 47 Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48 Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49 Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. 50 Jesus disse: “Tu crês porque te disse: “Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” 51 E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.
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Neste dia celebramos a festa dos Arcanjos: Miguel, Gabriel e Rafael. Arcanjos significa anjos principais. Como que chefe dos anjos.


O nome de anjos não é um nome de natureza e sim de função: “mallak” (hebraico), “Ángelos” (grego), significa mensageiro. “Anjo (mensageiro) é designação de encargo, não de natureza. Se perguntares pela designação da natureza, é um espírito; se perguntares pelo encargo, é um anjo: é espirito por aquilo que é, enquanto é anjo, por aquilo que faz” (Santo Agostinho: En.in Psal. 103,1,15).


Na Bíblia se evita apresentar Deus atuando em forma direta na história, pois isto ameaçaria a transcendência de Deus. Por isso, aparece um anjo (=mensageiro) que na verdade é Deus mesmo que atua na história. E a história não é somente o que se vê e se toca. Há uma dimensão transcendente, oculta e invisível da história. A revelação é um desocultamento dessa realidade, que é o fundamento de nossa esperança. Os anjos (mensageiros) são os que nos recordam e os que nos fazem visível essa dimensão transcendente. Por isso, o mundo dos anjos não é outro mundo e sim a dimensão transcendente de nossa história. Crer nos anjos significa crer na presença transcendente de Deus na história. Atrás de cada pessoa e de cada sucesso libertador há sempre um anjo, isto é, há sempre uma realidade divina transcendente.


Os Arcanjos: Miguel, Gabriel e Rafael são símbolos dessa comunicação entre Deus e os homens, um Deus que em Jesus infunde força (Gabriel significa Deus é forte), cura (Rafael significa Deus cura) e se mostra totalmente diferente (Miguel significa quem como Deus?), como Pai de todos.


1. São Miguel:

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Na bíblia ele é mencionado somente no Livro de Daniel (Antigo Testamento), em Epístola de Judas (Jd 9) e em Apocalipse. No AT o nome encontra-se apenas em Dn 10,13.21;12,1 onde Miguel é chamado “um dos primeiros príncipes” e “o grande príncipe” representante e defensor de Israel na sua luta para defender sua fé em Deus. Miguel é concebido como um espírito celeste que vela pelos judeus. Em Ap 12,7 Miguel é o chefe dos Anjos na batalha contra o Dragão e seus anjos. Na liturgia cristã, Miguel é o protetor da Igreja e o Anjo que acompanha as almas dos mortos ao céu.


Miguel sempre foi considerado como o Anjo que luta por nós. Ele derrota o Dragão. É corajoso lutador de Deus. Por isso, Miguel não é nenhum anjo bonitinho, e sim um Anjo de muita força. E esta força de Deus envia a cada pessoa para que não seja vencida pelos poderes deste mundo. Ao nosso lado está um anjo que luta por nós. Ele nos defende quando pessoas lutam contra nós na vivência dos valores. A Igreja católica sempre tem uma grande devoção ao Arcanjo São Miguel, especialmente para pedir-lhe que nos livre dos ataques dos inimigos (demônio/satanás) e dos espíritos infernais. E quando o invocarmos, ele vem nos defender com o grande poder que Deus lhe concedeu.


A veneração ao São Miguel é o maior remédio contra a rebeldia e a desobediência aos mandamentos de Deus, contra o ateísmo, contra o ceticismo e a infidelidade” (São Francisco de Sales). Precisamente, estes vícios são muito evidentes em nosso tempo atual. O ateísmo e a falta de fé ou ceticismo inflitraram todos os setores da sociedade humana. Com a ajuda de São Miguel nos manteremos fieis à nossa fé. Nossa missão é confessar nossa fé com valentia e gozo, fé que se traduz no amor fraterno, pois todos nós somos irmãos do Pai comum que está no céu. Que, como o Arcanjo Miguel que serve Deus sem cessar, possamos dizer: “Dai-me a única ambição para Vos servir e servir o próximo!”. Nós cristãos, a exemplo do Arcanjo Miguel, que sejamos força e suporte para os outros.


2. São Gabriel:

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Em hebraico “Gabri-El” significa “homem de Deus” ou “Deus é forte”, “Deus é meu protetor” ou Homem forte (geber) de Deus (El) ou herói, homem de Deus; força de Deus; o enviado de Deus.


“Gabriel” é nome próprio de um anjo, não arcanjo. Só na literatura posterior é chamado arcanjo. Gabriel sempre se apresenta como portador de notícias da graça de Deus.


No AT ele aparece pela primeira vez em Dn, explicando a Daniel a visão do carneiro e do bode (Dn 8,16-26), e o sentido dos setenta anos de Jr 25,11;29,10 (Dn 9,21-27). No NT Gabriel aparece a Zacarias, anunciando-lhe o nascimento de João Batista (Lc 1,11-20). Ele chama-se a si mesmo Gabriel, que está diante da face de Deus (cf. Tb 12,15). Ele é quem leva a Boa Nova a Maria na Anunciação do nascimento de nosso Salvador (Lc 1,26-38). A figura de Gabriel é a de embaixador de Deus. A mais alegre de todas as mensagens que Gabriel é encarregado por Deus para transmitir é a Encarnação do Filho de Deus. Na chegada da plenitude dos tempos é Gabriel quem comunica à Nossa Senhora, em nome de Deus, o Deus-conosco em Jesus Cristo. As palavras deste Arcanjo para Maria se torna nossa oração: “Ave Maria cheia de graça, o Senhor é contigo” que é completada com a aclamação de Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres e é bendito o fruto do teu ventre...”.


Como aconteceu com Daniel, Gabriel nos interpreta as nossas visões. Ele nos faz compreender o que já intuímos em nosso coração. Mas precisamos compreender também o que Deus deseja operar em nós. Gabriel nos faz compreender o que Deus realiza em nós.


Nossa tarefa ou missão de cada dia, a exemplo do Arcanjo Gabriel é torna-nos boa notícia para os outros e transmitir o que alegra e dignifica os outros.


3. São Rafael:
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Em hebraico “Repha-El” significa “Deus (El) que cura/sara (repha) ou Medicina (repha) de Deus (El).


Segundo o livro de Tobias (Tb 12,15) Rafael é um dos sete anjos ou arcanjos que estão diante do Senhor. Ele desempenha papel importante na história de Tobias. Rafael é o companheiro de viagem (Tb 5-6), aquele que cura (Tb 6; 11,1-15), aquele que expulsa demônios (Tb 6,15-17;8,1-13). É um dos sete anjos que oferecem as orações do povo de Deus e são admitidos na presença do Senhor (Tb 12,15). Peçamos a ele que cure nossas doenças e males que fazem ninhos em nosso coração.


Rafael não é somente o Anjo que cura as feridas nossas ou aquele que expulsa os demônios ou o companheiro, mas também é o Anjo que possibilita as relações sadias. Através de Rafael Tobias torna-se capaz de amar sua mulher sem ser morto por ela. Ele aprende a amar seu pai sem ser determinado por ele.


Tudo isso quer nos dizer que Deus está sempre ao nosso lado. Ele é providente para quem se abre a ele. Deus nunca abandona os seus nesta terra (Mt 28,20) desde que sejamos fiéis a Ele eternamente. E somos chamados a ser “anjos” para os outros, isto é, ser mensageiros de Deus que leva somente coisas boas (evangelizar).


Que nossas palavras de cada dia curem a vida de tantas pessoas que necessitam nossa ajuda. Que nossas palavras tenham força para que as pessoas se aproximem de Deus e dos irmãos, seus próximos. O Arcanjo Rafael interceda por nós!


No evangelho lido neste dia Jesus descreve Natanael como modelo de israelita: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fraude” (Jo 1,47). Natanael representa precisamente Israel eleito que conservou a fidelidade a Deus. E Jesus renova a eleição.


Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas de baixo da figueira”, disse Jesus a Natanael. A menção da figueira alude ao Livro do profeta Oseías 9,10: “Encontrei Israel como cachos de uvas no deserto; vi os vossos pais como os primeiros frutos da figueira”.


Natanael reage com entusiasmo e diz a Jesus: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. Natanael chama Jesus de “Rabi”, isto é, Mestre fiel à tradição e “Rei”, interpretado como rei de Israel, o Ungido, o prometido sucessor de Davi (Sl 2,26s; 2Sam 7,14; Sl 89,4s.27) que restaurará a grandeza do povo.


Diante da reação de Natanael Jesus disse aos discípulos: “Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1,51). A obra do Messias não se limita à eleição de Israel (figueira). Jesus faz a primeira declaração sobre si mesmo e alude à visão de Jacó em Betel (Gn 28,11-27) fazendo uma promessa (“vereis”): a comunicação permanente com Deus em Jesus (“o céu aberto”). A promessa se realizará na cruz na qual a glória ou o amor brilhará (cf. Jo 19,34).


Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”, disse Jesus (Jo 1,51).


A existência dos Arcanjos ou simplesmente dos anjos e sua proximidade e companhia na nossa vida cotidiana nos faz pedirmos com a Igreja o auxilio dos Arcanjos: “Ó Deus, que organizais de modo admirável o serviço dos anjos e dos homens, fazei que sejamos protegidos na terra por aqueles que vos servem no céu”. Que assim seja! (Oração do dia/Coleta).


P. Vitus Gustama,svd

terça-feira, 26 de setembro de 2017

28/09/2017
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O HOMEM QUE INTERROGA SOBRE JESUS INTERROGA A PRÓPRIA VIDA
Quinta-Feira da XXV Semana Comum


Primeira Leitura: Ageu 1,1-8
1 No segundo ano do reinado de Dario, no sexto mês, no primeiro dia, foi dirigida a palavra do Senhor, mediante o profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Salatiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Josedec, sumo sacerdote: 2 “Isto diz o Senhor dos exércitos: Este povo diz: Ainda não chegou o momento de edificar a casa do Senhor”. 3 A palavra do Senhor foi assim dirigida, por intermédio do profeta Ageu: 4 “Acaso para vós é tempo de morardes em casas revestidas de lambris, enquanto esta casa está em ruínas? 5 Isto diz, agora, o Senhor dos exércitos: Considerai com todo o coração, a conjuntura que estais passando: 6 tendes semeado muito, e colhido pouco; tende-vos alimentado, e não vos sentis satisfeitos, bebeis e não vos embriagais; estais vestidos e não vos aqueceis; quem trabalha por salário, guarda-o em saco roto. 7 Isto diz o Senhor dos exércitos: Considerai, com todo o coração, a difícil conjuntura que estais passando: 8 mas subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa; ela me será aceitável, nela me glorificarei, diz o Senhor.


Evangelho: Lc 9, 7-9
Naquele tempo, 7 o tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou perplexo, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos. 8 Outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. 9 Então Hero­des disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus.
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É Preciso Reconstruir a Casa Do Senhor que Somos nós


Acaso para vós é tempo de morardes em casas revestidas de lambris, enquanto esta casa está em ruínas? .... Isto diz o Senhor dos exércitos: Considerai, com todo o coração, a difícil conjuntura que estais passando: mas subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa; ela me será aceitável, nela me glorificarei, diz o Senhor”. São Palavras do profeta Ageu.


Não se sabe muita coisa sobre o profeta Ageu a não ser através de seu livro e de duas citações sobre ele no livro de Esdras (Esdras 5,1; 6,14). O livro de Ageu, décimo dos profetas menores, é breve e quase monotemático. O profeta Ageu expressa a necessidade urgente de reconstruir o Templo de Deus em Jerusalém depois que foi publicado o edito do rei Ciro de Pérsia em 538 a.C permitindo a volta dos israelitas da Babilônia para Jerusalém.


A data exata do ministério profético de Ageu foi de agosto a dezembro de 520 a.C. ele conhecia muito bem as condições de seu país tais como eram em 520 a.C e que se serviu delas em sua profecia.


Os temas principais do livro de Ageu são: a reconstrução do Templo de Jerusalém, a restauração da dinastia davídica e o surgimento da era escatológica. Ageu interpreta os sinais do tempo a fim de estimular o povo a tarefa da reconstrução. Para ele é necessário reonavar o interesse pela religião, pois o povo começou a perder o ânimo para reconstruir o Templo de Jerusalém. Somente assim, segundo ele, serão multiplicadas as bênçãos de Deus.


Ageu foi profeta no período da volta do desterro junto a outros personagens importantes como Zorobabel, Esdras etc.


Após uma primeira tentativa de reconstrução do Templo em 537 a.C (Esdras 3,7-12), os repatriados começaram a perder o entusiasmo e abandonaram o trabalho da reconstrução do Templo. As principais causas do abandono foram a pobreza dos meios e a hostilidade dos samaritanos. Eles começaram a cuidar da própria casa e do próprio campo. Cada um por si.


Nesta situação, o profeta Ageu levanta sua voz para animar os israelitas. O profeta pede que todos colaborem na tarefa da reconstrução do Templo, pois ela serve como ponto de referencia para todas as demais dimensões da reconstrução nacional. Talvez possamos traduzir tudo o que o profeta Ageu pede através das palavras de Jesus: “Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6,33).


O profeta Ageu diz a seus contemporâneos que o Templo, símbolo dos valores religiosos, deve ter prioridade nesta tarefa da nova instalação em Judá depois da volta do desterro. Ageu quer que não se repita a história da infidelidade, descuidando da vida de fé. Quando os mandamentos do Senhor forem abandonados, os valores mundanos começarão a destruir a vida dos homens e eles ficarão longe de si (exílio espiritual).


Os valores éticos e religiosos são, também hoje, sintomáticos para saber como entendemos a história e o futuro da sociedade. Onde a corrupção e a avareza reinarem, haverá o abandono da educação, da saúde, da segurança, dos mais necessitados como as crianças e os idosos. Não esqueçamos o alerta de São Paulo a Timóteo: “Os que querem se enriquecer caem emtentação e cilada, e em muitos desejos insensatos e perniciosos, que mergulham os homens na ruína e na perdição. Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1Tm 6,9-10).


Mesmo que o aparente e o material nos atrairem, mas nos sentimos carentes pelo espiritual, pois “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4). Não se trata somente de levantar materialmente as paredes de um edifício ou de um templo ou de uma igreja e sim de renovar a atitude de fidelidade aos mandamentos salvificos de Deus e os costumes coerentes a eles; de não deixar-se levar somente pelos interesses materialistas e sim de cuidar dos valores humanos e religiosos, segundo o projeto de Deus. A prosperidade econômica é importante, mas não é o principal na vida de uma pessoa ou de uma comunidade. Onde houver a fraternidade, haverá partilha, e excluirá qualquer tipo de fome, “Assim reinará a igualdade, como está escrito: o que colheu muito, não teve sobra; e o que pouco colheu, não teve falta” (2Cor 8,15; Ex 16,18). Não descuidemos dos valores humanos e religiosos, porque são básciso para nossa felicidade e nossa salvação. Se não, edificaremos nossa vida sobre a areia. E então nossa vida estará destinada à ruina (cf. Mt 7,24-27).


A Palavra De Nos Interpela Permanentemente


O modo de viver de Jesus, os valores que ele vive e prega, a igual maneira de ele tratar as pessoas, sua preocupação com a vida do povo em geral e de cada pessoa em particular, sua independência perante a lei religiosa, sua compaixão pelo povo abandonado pelas autoridades chamam muito atenção de todos, especialmente das autoridades. Por se preocupar com a vida do povo, a presença de Jesus se torna uma censura viva para as autoridades que só pensam em sua própria vida e em seu próprio poder. Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia, uma das autoridades, ficou perturbado com  a fama de Jesus.


Curiosamente, a pergunta de Herodes sobre Jesus surge entre o relato da missão dos Doze e o da multiplicação dos pães. Herodes se pergunta: “Eu degolei João. Quem é, pois, este, de quem ouço tais coisas? E procurava ocasião de vê-lo”.


A pergunta de Herodes tem outra profundidade, efetivamente, coincide com a pergunta de todos os que se sentem interpelados pela pessoa e pelo modo de viver de Jesus e pelo testemunho dos discípulos. Herodes Antipas estava cheio de curiosidades porque no meio do povo se falava muito de Jesus, se contava mil coisas sobre Ele, dos seus lábios saiam palavras com poder e autoridade, se contavam fatos extraordinários como os milagres realizados por Ele. Herodes que estava no poder queria ver esse individuo tão “exótico” numa Galiléia tão provinciana. Seu pai, Herodes, o Grande, tinha a curiosidade de conhecer Jesus - menino, rei recém-nascido, mas com o intuito de eliminá-lo (cf. Mt 2,1-23). Uma das maneiras de falar de Deus e com Deus é a “voz de nossa consciência”. Herodes não tinha sua consciência tranqüila: uma voz do fundo de si mesmo lhe recordava seu pecado, sua maldade. Por isso, fica inquieto.


A sabedoria popular diz que há curiosidades maldosas, tais como as de Herodes,... quando permitem abusar de um poder ou de um interesse que elas atribuíram injustamente; quando alimentam o escândalo que elas mesmas exploram ou inventaram. Herodes queria ver Jesus para colocá-lo em sua Corte.


Mas se há curiosidades maldosas, precisamos estar conscientes de que a curiosidade também é o primeiro passo para o encontro e para a fé. O assombro, a surpresa, a provocação são o pórtico que nos introduz no descobrimento dos labirintos da casa e que nos inicia no mistério de uma morada.


A curiosidade é boa, pois ela desperta à vida. Uma criança vive na permanente curiosidade, e pergunta constantemente, pois ela quer saber mais e mais. Para ela o mundo está cheio de surpresas. O sentido da vida consiste em interrogar, em ser interrogado e em se interrogar. Curiosidade é sinônimo de descobrimento; é tensão até um objeto entrevisto ou desejado.


Ao lado da curiosidade há dúvida. A dúvida é o estado de equilíbrio entre afirmação e negação. Quem tem dúvida fica impedido de afirmar ou de negar por falta de dados nas mãos. A dúvida nos empurra para procurar fundamentos para podermos afirmar ou negar ou para podermos ter certeza daquilo que nos faz duvidosos. A incredulidade é, ao contrário, uma ausência da crença. 


Herodes sentiu curiosidade de querer ver Jesus. Mas com qual finalidade de ele querer ver Jesus? Para armar alguma cilada? Para ouvir da própria boca de Jesus de tudo que o povo fala e comenta? Para pedir de Jesus algum milagre ou alguma ajuda para o povo? Para desacreditá-Lo diante do povo? O texto não fala e por isso, não sabemos. Ele só terá oportunidade de ver Jesus na sua Paixão. Mas Jesus se manterá calado diante de Herodes, pois Herodes agirá de má-fé. Diante do silêncio de Jesus Herodes morrerá, um dia, sem saber quem é Jesus.


Será que nós, chamados de cristãos, ainda sentimos curiosidade por Jesus? Será que já descobrimos esse Jesus na sua profundidade? Será que conhecemos realmente esse Jesus? Será que somente confessamos em Jesus nas definições sem alma e reconhecê-lo nos dogmas frios e secos? Será que paramos de ter curiosidade sobre a pessoa e o modo de viver de Jesus a fim de purificar nossa vida já que somos chamados de cristãos? Podemos ter certeza de que a Palavra de Deus, os ensinamentos de Jesus nos interpelam todas vez que os lermos e meditarmos ou ouvirmos pregação ou retiro a respeito de Jesus.


Dentro deste contexto, podemos dizer que a fé é curiosidade permanente, isto é, assombro que compromete a arriscar-se na aventura, num encontro entrevisto e, em conseqüência, desejado. A fé é curiosidade, de forma que a dúvida lhe é indispensável. Por isso, somente na coragem de fazer uma aventura cheia de riscos é que chegaremos à resposta desejada para afirmar ou negar nossa dúvida. A incerteza e a incompreensão pertencem ao terreno de nossa fé como o oco que espera ser preenchido, como a espera que aguarda o encontro, como a fome que se alimenta com o que pode satisfazê-la.


A pergunta continua fica no ar para cada cristão: “Será que você ainda tem curiosidade de Jesus? Que curiosidade você tem de Jesus?”. Tenho medo de que quando a curiosidade sobre Jesus morrer, morrerá também nossa fé. O evangelho que não mais nos incomoda deixa de ser evangelho. A Palavra de Deus que não nos interroga deixa de ser a Palavra de Deus.


“Quem é esse home, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus.


Somente são os que se aproximarem de Jesus com simplicidade e com um coração puro conseguirão entender gradualmente a identidade de Jesus que tem uma missão salvadora. São muitos as pessoas: jovens e adultos que também em nossa geração desejam ver Jesus. Fisicamente Jesus não está neste mundo. Somos nós o prolongamento de Cristo, pois livremente escolhemos ser cristãos. Temos, então, a missão de dar testemunho, com nossa vida e palavra de que Jesus é a resposta plena de Deus para todas as nossas buscas. Se no mundo não se vê mais Jesus Cristo é porque não se vê mais na vida de cada cristão. Talvez as seguintes palavras de São Paulo possam nos despertar para que voltemos a viver os ensinamentos de Cristo na nossa vida e nos nossos negócios: “Vós sois uma carta de Cristo... escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, em vossos corações” (2Cor 3,3). “Somos para Deus o perfume de Cristo entre os que se salvam e entre os que se perdem” (2Cor 2,15).


P. Vitus Gustama,svd

20/03/2024-Quartaf Da V Semana Da Quaresma

PERMANECER NA PALAVRA DE JESUS QUE LIBERTA PARA SER SALVO DEFINITIVAMENTE Quarta-Feira da V Semana da Quaresma Primeira Leitura: Dn 3,...