sábado, 30 de dezembro de 2017

04/01/2018
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COM JESUS NA BUSCA DO ESSENCIAL
O4 de Janeiro


Primeira Leitura: 1Jo 3,7-10
7 Filhinhos, que ninguém vos desencaminhe. O que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. 8 Aquele que comete o pecado é do diabo, porque o diabo é pecador desde o princípio. Para isto é que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo. 9 Todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado, porque a semente de Deus fica nele; ele não pode pecar, pois nasceu de Deus. 10 Nisto se revela quem é filho de Deus e quem é filho do diabo: todo o que não pratica a justiça não é de Deus, nem aquele que não ama seu irmão.

Evangelho: Jo 1,35-42
Naquele tempo, 35 João estava de novo com dois de seus discípulos 36 e, vendo Jesus passar, disse: “Eis o Cordeiro de Deus!” 37 Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus. 38 Voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo, Jesus perguntou: “Que estais procurando?” Eles disseram: “Rabi (que quer dizer: Mestre), onde moras?” 39 Jesus respondeu: “Vinde ver”. Foram pois ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele. Era por volta das quatro da tarde. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus. 41 Ele foi logo encontrar seu irmão Simão e lhe disse: “Encontramos o Messias (que quer dizer: Cristo)”. 42 Então André conduziu Simão a Jesus. Jesus olhou bem para ele e disse: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer: Pedra).
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1. “Aquele Que Nasceu De Deus Não Comete Pecado”


Ontem ficamos felizes com a grande afirmação de que somos filhos de Deus. Hoje a Carta de João insiste nas consequências dessa filiação: aquele que está consciente de ser filho de Deus não deve pecar. Agora o autor da Carta contrapõe os filhos de Deus aos filhos de diabo. “Filhos de Deus” ... “Filhos de diabo”. Essa expressão nos estremece.


Aquele que comete o pecado é do diabo, porque o diabo é pecador desde o princípio”, escreveu o autor da Carta.  Os filhos de Deus e os filhos do diabo se opõem. O diabo divide e desune. O filho de Deus une e cria uma comunhão fraterna no amor mútuo. Este é o critério de sua identificação: ou filho de Deus ou faz parte do diabo.


"Aquele que comete pecado é do diabo", porque o pecado é a marca do maligno, desde o início. Enquanto que “a semente de Deus fica no filho de Deus; ele não pode pecar, pois nasceu de Deus”.


O pecado é totalmente incompatível com a fé e a comunhão com Jesus. Como o pecado pode reinar em nós se nascemos de Deus e a sua semente permanece em nós? Os nascidos de Deus hão de viver e praticar a justiça como Deus é justo, e como Jesus é o Justo. Enquanto que “todo o que não pratica a justiça não é de Deus, nem aquele que não ama seu irmão”.


Assim como se pode viver "em comunhão com Deus", também pode-se "viver com o diabo". Podemos unir-nos a Deus e podemos encadear-nos ao mal.


Mas não esqueçamos que isso não determina em primeiro lugar duas categorias de homens. De fato, a fronteira que separa os filhos de Deus dos filhos do diabo, passa por nossos próprios corações. Na vida cotidiana sabemos pela experiência que para alguns aspectos da minha vida, eu sou "de Deus".  Para os outros, eu sou "do diabo". A conversão permanente faz parte de ser filho de Deus.


2. Amor: Ensinamento Central de Jesus


A primeira leitura tirada da Primeira Carta de João repete o que João escreveu previamente, intentando dizer novamente que o central nos ensinamentos de Jesus Cristo é amor. É um amor revelado em ações e não simplesmente em palavras ou profissões de fé. Nossas ações e obras revelam se realmente somos filhos de Deus e santos ou se somos gerados pelo diabo (aquele que desune) e pelos pecadores. Não temos que nos deixar enganar pelas palavras ou por qualquer coisa que não atue de acordo com o amor de Deus: “Todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado, porque a semente de Deus fica nele; ele não pode pecar, pois nasceu de Deus. Nisto se revela quem é filho de Deus e quem é filho do diabo: todo o que não pratica a justiça não é de Deus, nem aquele que não ama seu irmão”.


Para João a linha divisória entre os que são de Deus e não o são é o amor fraterno, pois o amor vem ou nasce de Deus. O amor fraterno nos revela nossa pertence a Deus.


A partir de tudo isso ficamos nos perguntando: Será que realmente amamos nossos irmão e irmãs para mostrar que Deus em quem acreditamos é amor (cf. 1Jo 4,8.16)? Que tipo de Deus que revelamos para os outros através de nossas ações? 


3. João Batista: Apresentar o Cordeiro Que Tira o Pecado e Aceitar Desaparecer da cena


O texto do Evangelho deste dia é a continuação do texto do evangelho do dia anterior.


No evangelho deste dia João Batista é apresentado como uma figura estática. Está no mesmo lugar do dia anterior: “... estava lá de novo”. Isto significa que ele permanece no seu posto enquanto dura sua missão, o que indica a fidelidade, compromisso e responsabilidade até o fim. Só se retira quando começa a missão de Jesus no momento em que ele dirá: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).


A palavra “compromisso” é cada vez mais cara hoje em dia. O prazer, o hedonismo, o interesse individual e a liberdade sem freio fazem com que muitas pessoas vivem apenas na superficialidade. Elas se esquecem que a liberdade humana é sempre um cultivo e um crescimento interior. A liberdade implica o desenvolvimento pleno do fazer e do ser.


A verdadeira liberdade supõe a existência da responsabilidade. Responsabilizar-se é elevar a própria existência para uma dimensão superior. Ter responsabilidade significa ser coerente com os próprios atos, com os valores reconhecidos universalmente e, por extensão, ser solidários com outras pessoas, tendo em vista os mesmos valores.


Se João Batista se mostra como uma figura estática, Jesus é, pelo contrário, apresentado em movimento. Não se sabe de onde vem nem é dito para onde vai. Mas João Batista, que sabe da origem de Jesus, volta a olhá-lo e repete seu testemunho: “Eis o Cordeiro de Deus”.


João Batista “fixa o olhar em Jesus” e diz: “Eis o Cordeiro de Deus”. Saber olhar faz parte da fé. O olhar do coração ou o olhar da fé ultrapassa a realidade sensível em que penetra. O olhar superficial, ao contrário, jamais enxerga alguém, pois ele somente quer se olhar e quer ser olhado. Quem se olha somente para si, jamais percebe a presença do outro nem a de Deus. O olhar superficial reflete, na verdade, a nossa pobreza espiritual. João Batista que vê Jesus que vem não guarda para si como propriedade privada o que viu. Ele quer que os outros vejam o que ele vê. Ele indica aos outros o Messias e aceita desaparecer, pois João Batista é apenas uma “voz” que prepara o caminho do Messias (Jo 1,23). “Essa é a minha alegria e ela é completa. É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,29-30), afirma João Batista com toda a humildade e com a plena consciência.


Toda vez que participamos da Eucaristia ouvimos ou contemplamos a frase de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Quem comunga o Cordeiro de Deus deve estar consciente da missão de se identificar com o Cordeiro que se doa por amor para salvar os irmãos. Quando a missa era celebrada em latim ouvia-se esta frase, certamente, no fim da mesma: “Ite, missa est!”, “Ide, sois enviados!”. Enfatiza-se, assim, o compromisso de cada participante como enviado de Deus ao sair da igreja ou templo depois que comungou o Cordeiro de Deus. Em cada Eucaristia da qual participamos ouvindo a Palavra do Senhor, nós sempre recebemos alguma missão a ser cumprida. A pergunta é a seguinte: “O que é que a Palavra de Deus, proclamada em cada Eucaristia da qual eu participo, quer que eu cumpra?”. Cada Palavra de Deus proclamada sempre tem uma palavra para mim para que eu leve adiante.


4. Buscar o Essencial Com Jesus


O testemunho de João Batista provoca uma inversão no rumo da vida dos seus dois discípulos. Eles começam a seguir Jesus. “Seguir” Jesus é uma maneira bíblica de dizer “tornar-se discípulo”; e Jesus será chamado de Rabi, Mestre.


Ao perceber que os dois estão O seguindo, Jesus os interroga: “O que estais buscando?”. “O que esperais de mim?”. São as primeiras palavras de Jesus no quarto Evangelho. É uma pergunta ao mesmo tempo existencial e essencial. Esta pergunta é dirigida a pessoas que estão em busca, que andam inquietas, que se interrogam sobre o essencial nesta vida tanto para os religiosos como para os leigos, tanto para os jovens como para os adultos. Afinal, o que você está procurando nesta vida? Que sentido tem sua vida? Para onde a vida vai levá-lo? O homem, enquanto estiver vivo, permanecerá um perguntador. Ninguém pode dar sentido à própria vida a não ser interrogando-se sobre o seu estar no mundo e ser interrogado pelos outros sobre o modo de viver, pois o homem não somente vive, mas convive. Nossa vida está cercada por outras vidas. Viver significa completar-se, desenvolver-se e crescer por meio de “algo outro”. Mas paradoxalmente na hora de buscar respostas para suas perguntas, o homem acaba encontrando novas perguntas. Nascer é vir ao mundo, ver o mundo; é manifestar-se e abrir-se. Cada porta aberta somos acompanhados por uma serie de perguntas e o desejo de ter respostas, embora, no fim, acabemos encontrando novas perguntas.


Diante da pergunta de Jesus “O que estais procurando”, em vez de responder, os dois discípulos lançaram uma pergunta: “Mestre, onde moras?”. Onde vives, Rabi? Qual é o segredo de Tua vida? De onde vens? O que é para Ti viver, Mestre?


“Vinde e o vereis” é a resposta de Jesus para a pergunta dos dois discípulos de João. Fazei vós mesmos a experiência da minha vida. Não busqueis outra informação. Vinde conviver comigo para saber quem sou e o que estou fazendo e querendo alcançar e vós descobrireis que comigo vossas vidas serão transformadas. O importante não é buscar algo e sim buscar Alguém que dá sentido para nossa vida e para nossas lutas de cada dia apesar de tudo.


 O que estais buscando?”. No fundo, todos nós estamos sempre em busca de algo mais e por isso sempre insatisfeitos. Consciente ou conscientemente somos todos garimpeiros à procura do diamante da felicidade, andarilhos à procura da pérola preciosa, pela qual estamos dispostos a “vender”, com alegria, tudo o que possuímos (cf. Mt 13,44.46). Jesus conhece nossos desejos mais profundos e sabe muito melhor das nossas necessidades fundamentais mais do que nós mesmos sabemos. Quando nos interpela com a pergunta essencial, “o que estais procurando?”, é para obrigar-nos a expressá-lo. Jesus quer que seus seguidores explicitem, diante dele, os motivos da sua busca e do seu seguimento. Esta explicitação é necessária porque as motivações nossas podem ser equivocadas, precipitadas, imaturas ou ilusórias.


A busca pela vida mais significativa e satisfatória é um dos temas mais antigos do homem e de qualquer religião. Ela continua válida para qualquer tempo e tempo e para qualquer pessoa que vive profundamente seu ser. No fundo percebemos que nossa vida não está sedenta de fama, de conforto, de propriedades ou de poder. Estes supostos valores criarão muitos problemas assim que os alcançarmos. Nossa vida tem fome do significado da vida: o que é vida ou a vida? Por que e para que estamos vivos. Que sentido tem minha vida? O que é essencialmente estou procurando nesta vida? Para onde a vida vai me levar, enfim? O que nos frustra e rouba a alegria de viver é a ausência do significado de nossa vida ou de nossa presença neste mundo. Percebemos, pela experiência, que não passamos a ser felizes perseguindo ou caçando a felicidade. Nós nos tornamos felizes vivendo e partilhando uma vida que signifique alguma coisa. As pessoas mais felizes geralmente são pessoas que se esforçam para ser generosas, prestativas, prontas para ajudar os outros na sua necessidade. A melhor maneira de ser feliz e de conservar a felicidade é partilhá-la. Quem ama, partilha. Creio que os homens que vivem para os outros, chegarão um dia a reconstruir o que os egoístas destruíram (Martin Luther King). 


Se neste momento Jesus lhe perguntar: “O que estais procurando nesta vida e por quê?”, qual será sua resposta?
P. Vitus Gustama,svd

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