quarta-feira, 6 de dezembro de 2017


08/12/2017

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IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA

Primeira Leitura: Gn 3,9-15.20
9 O Senhor Deus chamou Adão, dizendo: “Onde estás?” 10 E ele respondeu: “Ouvi tua voz no jardim, e fiquei com medo porque estava nu; e me escondi”. 11 Disse-lhe o Senhor Deus: “E quem te disse que estavas nu? Então comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer?” 12 Adão disse: “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. 13 Disse o Senhor Deus à mulher: “Por que fizeste isso?” E a mulher respondeu: “A serpente enganou-me e eu comi”. 14 Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o ventre e comerás pó todos os dias de tua vida! 15 Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. 20 E Adão chamou à sua mulher “Eva”, porque ela é a mãe de todos os viventes.


 Segunda Leitura: Ef 1,3-6.11-12
3 Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. 4 Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. 5 Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, 6 para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. 11 Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados 12 a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo.

Evangelho: Lc 1,26-38
                     
Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29 Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação.30 O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34 Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37 porque para Deus nada é impossível”. 38 Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.
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Não se deve admitir que uma tradição tão antiga na Igreja como a veneração da Virgem Maria durante o Advento permaneça na sombra e quase na ignorância. Se o "mês de maio" frequentemente corre o risco de nos oferecer uma piedade sentimental e anedótica sem base bíblica, a liturgia do Advento de nossa piedade mariana é uma trama sólida. Muitos cristãos ainda desconhecem essa presença da Mãe de Deus durante o Advento que eles vivem sua devoção à Virgem, independentemente do advento, como base disso.


Embora, para uma mãe, o nascimento de seu filho supõe uma festa, que marca sua alma para sempre, também é verdade que a preparação deste nascimento é um momento privilegiado em que a mãe desenvolve uma intimidade muito particular com seu filho. Embora o Natal seja para Maria a celebração mais importante de sua maternidade, o Advento, que prepara esta festa, é para ela um momento de escolha.


Neste dia (08/12) celebramos a festa da Imaculada Conceição de Maria. A partir do dia 8 de dezembro de 1854 Pio IX (1846-1878) proclamou como dogma a conceição imaculada de Maria, na Bula Ineffabilis Deus, onde ele afirmou: “... Virgem Maria por graça e privilégio de Deus todo-poderoso, em vista dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original no primeiro instante de sua concepção”.  E o Concílio Vaticano II recorda este dogma na Constituição dogmática Lumen Gentium capítulo VIII no. 53.59.


Seria um grave erro apresentar a Concepção Imaculada, acima de tudo, como um privilégio ou uma exceção, como uma condição totalmente diferente e isolada do resto da humanidade. De acordo com a Escritura, qualquer evento ocorrido no tempo é uma realização do plano divino da salvação, traçado pelo amor misericordioso e sábio do Pai "antes da criação do mundo" (cf. Ef 1,4). A concepção imaculada também é parte do designío salvífico de Deus, do "decreto único e idêntico" - diz, em termos mais jurídicos, a bula Ineffabilis Deus pelo qual Deus dispus a encarnação redentora.


A concepção imaculada é o início de um mundo novo animado pelo Espírito: é uma plenitude de amor, um excedente da realidade cristã, uma nostalgia do paraíso perdido e encontrado novamente. Nela, a Igreja encontra a sua utopia, sua imagem mais santa depois de Cristo, o seu ser e o seu dever de ser "esposa imaculada". O privilégio de Maria não a separa da humanidade nem da Igreja, porque a Imaculada possui uma função tipológica para a comunidade cristã e para cada um de seus membros.


A concepção imaculada é um privilégio não aristocrático, e sim popular e, de alguma forma, participativo. Certamente, mesmo dentro do esplendor do Espírito, Maria permanece ancorada na terra, na história, na concretização da condição humana. Se ela foi imune do pecado e da concupiscência que conduz ao mal, a Imaculada não está isenta dos sentimentos humanos mais intensos e vitais, dos limites e condicionamentos culturais, do sofrimento, do caminho do amadurecimento e da peregrinação na fé. A diferença de nós, pecadores, Maria, sob o influxo da graça, colocou seus impulsos e tendências ao serviço de um projeto sagrado. Maria estava sempre “cheia de graça” (Lc 1,28).


Maria Imaculada é sinal de Deus para nós. Um sinal é como um fulgor que antecipa a luz, como uma flor que antecipa a primavera, como uma premonição. O diálogo entre o anjo do Senhor com Maria é um sinal escolhido por Deus para nos assegurar que Deus não nos abandonará nunca, que não nos deixará a mercê das forças inimigas, que com Sua ajuda, o pequeno pode superar o grande e o débil pode superar o forte. É um sinal, e é um anúncio de vitória, que a salvação do homem está decidida, que a perfeição do homem é possível, que o paraíso não é utopia para quem se entrega a Deus como Maria.


As grandes promessas de Deus passam pela mulher chamada Maria. Por isso, ela faz possível a esperança. Quando o homem sofre crises de morte, aparece uma mulher em estado da graça, como anúncio e promessa.


O compromisso da vida cristã é deixar-se fecundar pelo Espírito de Deus, como Maria, escutando a Palavra de Deus que vem por meio de mensageiros, tendo em conta nossa situação e nossas forças, mas respondendo a Deus com confiança e interesse. O cristão deve deixar-se encarnar pela Palavra de Deus.


Através da cena da anunciação do Senhor a Maria o evangelista Lucas nos mostra um Deus revolucionário e libertador. A manifestação de Deus, nesta cena, não acontece no Templo, lugar considerado sagrado, como aconteceu com o anúncio do nascimento de João Batista (cf. Lc 1,5-25) e sim num lugar desconhecido: Nazaré. Deus é que faz um lugar importante. Nazaré é um lugar jamais mencionado no AT. Esse Deus não se manifestou a um sacerdote no templo durante o culto, como aconteceu com Zacarias, e sim no cotidiano a uma pessoa simples, pequena, a uma mulher: Maria. Na opção de Deus Maria se torna uma privilegiada.


A Virgem Maria, da perspectiva do evangelista Lucas é uma mulher que aceita a proposta revolucionária de que Deus possa nascer de seu ventre virgem, de seu corpo jovem, de seu coração feminino. A mulher, naqueles tempos, não tinha acesso à Palavra escrita da Tora ou dos profetas. Na época tinha um dito: “É melhor queimar a Bíblia do que entregá-la nas mãos de uma mulher”. Agora Maria, uma mulher, tem em seu ventre materno a própria Palavra de Deus feita carne: o Emanuel, Deus-Conosco, Jesus Cristo.


A mulher, que não podia conversar com outro homem que não fosse seu marido, agora dialoga com sua consciência e toma decisão de ser a Mãe do Senhor. A mulher que vivia dependente de uma estrutura familiar rígida, agora escolhe e opta por ficar grávida milagrosamente. A mulher que tinha um acesso restringido ao culto, agora dialoga diretamente, cara a cara, com Deus. A mulher que devia cuidar de sua imagem de moralidade, sua virgindade até o matrimonio, agora decide enfrentar a sociedade de seu tempo e o mais importante: quem decide é ela.


Por isso, não podemos imaginar que Maria seja uma mulher passiva, imóvel e submissa. Ela é corajosa, valente e revolucionária:Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!”. Ela se compromete a partir de sua própria liberdade e libertação com a libertação de Deus. Ela é revolucionária com o Deus revolucionário. Quem tem sua força em Deus, quem acredita incondicionalmente em Deus tem força suficiente até mais do que suficiente para encarar tudo na vida e renová-lo com Deus porque ele sabe que a palavra final é a Palavra de Deus e não a do homem. Quem é devoto de Maria deve ser uma pessoa valente, corajosa e revolucionária como Maria. Para Deus e com Deus tudo é possível.


A partir da cena da anunciação nãoque buscar Deus no ar, nas idéias, nos sonhos. Maria o encontra no seu ventre, no seu coração. O Deus que está no coração de Maria transforma seu corpo em instrumento para fazer Deus visível aos homens, em instrumento da graça para a humanidade. Sua maternidade aproxima Deus ao ser humano para compartilhar a experiência de salvação. Para cada um de nós Maria quer mostrar que é possível ser instrumento para fazer visível Deus aos outros. Para cada cristão trata-se de uma missão a ser cumprida neste mundo: fazer Deus visível através de nossa vida e de nosso modo de viver. “Vós sois a carta de Cristo”, relembra-nos São Paulo.


Além disso, na cena de anunciação Maria se considera a Serva do Senhor: Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38.48). Serva é aquela que está totalmente à disposição do seu senhor. Maria se submete totalmente à sabedoria divina. Ela segue o ritmo de Deus, segundo seu projeto de amor. Por isso, Maria é a mulher crente, a melhor discípula de Jesus, a primeira cristã. O “sim” de Maria à Palavra de Deus expressa seu total compromisso, sua absoluta confiança no amor e no poder de Deus e pendura toda sua vida na Palavra de Deus, porque ela acredita que Deus nunca falha. Maria está totalmente vazia de si mesma e de toda sombra de egoísmo, para deixar Deus encher totalmente seu coração, o quesentido à sua vida. É uma que se traduz em doação completa de si mesma ao Pai (Lc 1,38). Por estar totalmente cheia de Deus, ela se torna um bem para a humanidade. Para sermos instrumentos de Deus para a humanidade é preciso que estejamos vazios de nós mesmos para que a graça de Deus possa nos inundar por inteiro.


Maria é a primeira cristã por causa do seu sim a Deus para que possa nascer para a humanidade Jesus Cristo, nosso Salvador. Não era nenhuma princesa nem nenhuma patroa na sociedade do seu tempo. Era uma mulher simples do povo, uma moça pobre. Mas Deus se compadece dos humildes e dos simples. Para Deus tudo é simples, e para o simples tudo é divino. A simplicidade atrai a bênção de Deus e a simpatia humana. O simples, o humilde é o terreno fértil onde a graça de Deus encontra seu lugar e através do qual Deus fala para o mundo.


De certa forma, podemos dizer que com o sim de Maria à vontade de Deus a Igreja começou. A Virgem Maria, no momento de sua eleição radical e no momento de seu sim a Deus foi início e imagem da Igreja. Quando ela aceitou o anúncio do anjo, da parte de Deus, pode-se dizer que começou a Igreja: a humanidade, nela representada, começou a dizer sim à salvação que Deus lhe ofereceu. Nela e através dela a humanidade foi abençoada. Podemos olhar, por isso, para Maria como modelo de e motivo de esperança e de alegria.


Além disso, é bom recordarmos que não se deve admitir que uma tradição tão antiga na Igreja como a veneração da Virgem Maria durante o Advento permaneça na sombra e quase na ignorância. Se o "mês de maio" frequentemente corre o risco de nos oferecer uma piedade sentimental e anedótica sem base bíblica, a liturgia do Advento de nossa piedade mariana é uma trama sólida. Muitos cristãos ainda desconhecem essa presença da Mãe de Deus durante o Advento que eles vivem sua devoção à Virgem, independentemente do advento, como base disso.


Embora, para uma mãe, o nascimento de seu filho supõe uma festa, que marca sua alma para sempre, também é verdade que a preparação deste nascimento é um momento privilegiado em que a mãe desenvolve uma intimidade muito particular com seu filho. Embora o Natal seja para Maria a celebração mais importante de sua maternidade, o Advento, que prepara esta festa, é para ela um momento de escolha.


A festa que celebramos hoje é como para que todos nós estejamos cheios de alegria e esperança. Não só a festa de uma mulher, Maria de Nazaré, concebida por seus pais e sem qualquer mancha de pecado, porque ela seria a mãe do Messias. É a festa de todos nós que sentimos de alguma forma representados por ela. A Virgem, neste momento inicial em que Deus a encheu de graça, é o início da Igreja, isto é, o começo absoluto da comunidade de crentes em Cristo e os que são salvos por sua Páscoa. Em Maria a humanidade inteira fica abençoada. Podemos todos olhar para Maria como modelo de fé e motivo de esperança e de alegria. Temos em Maria uma boa Mestra para este Advento e para o próximo Natal. Maria, Mãe do Senhor é Aquela que vive melhor em si mesma o Advento, o Natal e a manifestação de Jesus como o Salvador do mundo.


Que nossa Eucaristia hoje seja, por todas estas razões, uma entranhável ação de graças a Deus, porque Ele tomou a iniciativa gratuitamente com seu plano de salvação, porque já começou a realizá-lo na Virgem Maria, e porque Ele nos dá a Espero de que também para nós o seu amor nos está próximo e ele quer nos preencher com as suas bênçãos.
 
P. Vitus Gustama,svd

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