sábado, 12 de maio de 2018

16/05/2018
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SER FATOR DA UNIDADE, DA ALEGRIA, DA SANTIFICAÇAO E DA VERDADE
Quarta-Feira da VII Semana da Páscoa


 


Primeira Leitura: At 20,28-38
Naqueles dias, Paulo disse aos anciãos da Igreja de Éfeso: 28“Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos colocou como guardas, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o sangue do seu próprio Filho. 29Eu sei, depois que eu for embora, aparecerão entre vós lobos ferozes, que não pouparão rebanho. 30Além disso, do vosso próprio meio aparecerão homens com doutrinas perversas que arrastarão discípulos atrás de si. 31Por isso, estai sempre atentos: lembrai-vos de que, durante três anos, dia e noite, com lágrimas, não parei de exortar a cada um em particular. 32Agora entrego-vos a Deus e à mensagem de sua graça, que tem poder para edificar e dar a herança a todos os que foram santificados. 33Não cobicei prata, ouro ou vestes de ninguém. 34Vós bem sabeis que estas minhas mãos providenciaram o que era necessário para mim e para os que estavam comigo. 35Em tudo vos mostrei que, trabalhando deste modo, se deve ajudar os fracos, recordando as palavras do Senhor Jesus, que disse: ‘Há mais alegria em dar do que em receber’”. 36Tendo dito isto, Paulo ajoelhou-se e rezou com todos eles. 37Todos, depois, prorromperam em grande pranto, e lançando-se ao pescoço de Paulo, o beijavam, 38aflitos, sobretudo por lhes haver ele dito que não tornariam a ver-lhe o rosto. E o acompanharam até o navio.


Evangelho: Jo 17,11b-19
Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos para o céu e rezou, dizendo: 11b “Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um assim como nós somos um. 12 Quando eu estava com eles, guardava-os em teu nome, o nome que me deste. Eu os guardei e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para se cumprir a Escritura. 13Agora, eu vou para junto de ti, e digo estas coisas, estando ainda no mundo, para que eles tenham em si a minha alegria plenamente realizada. 14Eu lhes dei a tua palavra, mas o mundo os rejeitou, porque não são do mundo, como eu não sou do mundo. 15Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. 16Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. 17Consagra-os na verdade; a tua palavra é verdade. 18Como tu me enviaste ao mundo, assim também eu os enviei ao mundo. 19Eu me consagro por eles, a fim de que eles também sejam consagrados na verdade”.
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O Encargo Pastoral É Sagrado, Pois Envolve a Santíssima Trindade


A Primeira Leitura de hoje é a segunda parte do discurso de despedida de São Paulo da comunidade de Éfeso (a primeira parte do discurso lemos no dia anterior). Nesta segunda parte São Paulo dedica seu discuro para tratar dos deveres pastorais dos sucessores do apóstolo Paulo frente a Igreja de Éfeso. São Paulo lembra-lhes principalmente o caráter sagrado deste encargo: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos colocou como guardas, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o sangue do seu próprio Filho”. Neste versículo São Paulo põe o encargo pastoral em relação à vida trinitária para enfatizar o caráter sagrado desta tarefa pastoral: o Espirito promove homens para a tarefa de guardiães na Igreja do Pai, a Igreja que é adquirida pelo sangue do Filho. Para São Paulo a Igreja é realmente o povo dos resgatados, libertados por um sangue muito mais eficaz do que o sangue do cordeiro pascal do Antigo Testamento. A Igreja é a herança particular que o Pai se reserva para manifestar a glória do seu nome pela ação santificadora do Espirito no sangue purificador do Filho.


Desta essência trinitária do encargo pastoral decorrem certas atitudes e responsabilidades que consistem, em primeiro lugar, na vigilância permanente a respeito de todos aqueles que são sob a responsabilidade dos pastores para que eles sejam protegidos dos que podem causar a desunião do rebanho com suas doutrinas perversas: “Eu sei, depois que eu for embora, aparecerão entre vós lobos ferozes, que não pouparão rebanho. Além disso, do vosso próprio meio aparecerão homens com doutrinas perversas que arrastarão discípulos atrás de si. Por isso, estai sempre atentos: lembrai-vos de que, durante três anos, dia e noite, com lágrimas, não parei de exortar a cada um em particular”.


Além da vigilância permanente, atitudes e responsabilidades no encargo pastoral consistem na confiança no poder da Palavra e na graça de Deus: “Agora entrego-vos a Deus e à mensagem de sua graça, que tem poder para edificar e dar a herança a todos os que foram santificados”. São Paulo pede aos sucessores para que assumam suas responsabilidades com firmeza sem jamais recuar diante do medo que ele já tinha falado na Primeira Leitura do dia anterior (Cf. At 20,20.27). São Paulo pede aos seus sucessores para adotar a mesma atitude: consciência de sua própria fraqueza, mas a certeza no poder da Palavra de Deus. É interessante observar que São Paulo não confia a Palavra de Deus aos pastores e sim confia os pastores ao poder da Palavra de Deus.


Por fim, a responsabilidade dos pastores sobre o rebanho consiste também no desinteresse material: “Não cobicei prata, ouro ou vestes de ninguém. Vós bem sabeis que estas minhas mãos providenciaram o que era necessário para mim e para os que estavam comigo. Em tudo vos mostrei que, trabalhando deste modo, se deve ajudar os fracos, recordando as palavras do Senhor Jesus, que disse: ‘Há mais alegria em dar do que em receber’”. São Paulo sempre se recusou a ser um peso para os seus ouvintes e a viver de seus ministério (Cf. At 16,11-15). A convicção de São Paulo é o fruto de sua fé na Palavra poderosa de Deus que o faz livre de qualquer preocupação sobre sua subsistência para dirigir toda sua atenção aos mais pobres.


Portanto, o ministério pastoral é um papel, uma tarefa confiada por Deus, recebida de Deus. Toda a Trindade é evocada para definir o ministério. A “comunidade” cujos presbíteros/pastores são responsáveis é, na terra, o reflexo de outra “Comunidade” (Trindade). As três Divinas Pessoas, distintas mas intimamente unidas, são o modelo da Igreja ou de cada comunidade cristã. todas família que se quer cristã, todo grupo de homens que se chama cristão, toda comunidade cristã, toda equipe de sacerdotes, de leigos, de religiosos devem contemplar seu modelo: Trindade, Tres que não são mais que Um.


O Salmo Responsorial de hoje (Sl 67/68) nos convida a irmos ao encontro do Senhor não apenas para oferecer tributos externos e sim a nós mesmos. O Senhor quer que sejamos dele e que glorifiquemos o Senhor com uma vida irrepreensível. E deixemos que a Glória do Senhor resplandeça sobre o rosto de Sua Igreja através das boas obras realizadas que são manifestações da permanência de Deus em nós e nós n´Ele. Por isso, rezemos com o Salmo: “Suscitai, ó Senhor Deus, suscitai vosso poder, confirmai este poder que por nós manifestastes, a partir de vosso templo, que está em Jerusalém, para vós venham os reis e vos ofertem seus presentes! Reinos da terra, celebrai o nosso Deus, cantai-lhe salmos! Ele viaja no seu carro sobre os céus dos céus eternos. Eis que eleva e faz ouvir a sua voz, voz poderosa. Dai glória a Deus e exaltai o seu poder por sobre as nuvens. Sobre Israel, eis sua glória e sua grande majestade! Em seu templo ele é admirável e a seu povo dá poder. Bendito seja o Senhor Deus, agora e sempre. Amém, amém!”.


Na Sua Oração Jesus Cristo Nos Consagra a Deus Pai Para Que Sejamos Unidos No Amor


O longo discurso de despedida de Jesus (Jo 13-17) termina com uma oração. Lemos neste dia a segunda parte desta oração. A segunda parte da oração de Jesus se centra em três pontos principais: Viver na verdade, viver na unidade e viver no mundo sem ser do mundo.


A Palavra de Deus é verdade. Jesus transmite esta palavra a seus discípulos para que sejam consagrados na verdade: “Consagra-os na verdade: a verdade é a tua Palavra. Assim como Tu Me enviaste ao mundo, Eu também os envio ao mundo. Eu consagro-Me por eles, a fim de que também eles sejam consagrados na verdade” (Jo 17,17-19). Na Bíblia a verdade é sinônimo de lealdade, fidelidade, firmeza, segurança. Para são João “verdade” significa a realidade divina que consiste no amor sem limite do Pai pela humanidade através do seu Filho unigênito (cf. Jo 3,16). Toda a atividade de Jesus é a atividade de amor e por isso, a atividade vivificante, a atividade que salva. Jesus é a Verdade (cf. Jo 14,6) porque nele reside a realidade divina.


Quando Cristo pede ao Pai que consagre seus discípulos na verdade, ele quer dizer com isto que sejam santificados no plano da realidade absoluta; que a vida dos discípulos seja governada no amor e por amor, pois o verdadeiro amor é a realidade divina (1Jo 4,8.16). Para são João os discípulos devem alcançar o mesmo nível da santidade de Deus, já que são colocados por Cristo no mesmo plano de Deus (veja também Mt 5,48); são filhos de adoção eleitos pelo Pai e dados por ele ao Filho. Esta consagração na verdade, este acesso à santidade do Pai deve proporcionar-lhes a plenitude da alegria, a mesma alegria de Cristo: “Agora vou para junto de Ti. Entretanto, continuo a dizer estas coisas neste mundo, para que eles possuam toda a minha alegria” (Jo 17,13). 


“Consagrar” tem o mesmo significado que “santificar”. A idéia cristã de santidade é chamada à transcendência e também separação. Santificar significa eleger e separar. Os que recebem a Verdade ficam santificados, isto é, separados e eleitos para cumprir no mundo e diante do mundo uma missão em nome de Deus. O cristão é um homem como todos os demais, mas é um consagrado de Deus.


Mas os discípulos de Jesus ou os cristãos têm que permanecer na unidade entre eles, como o Pai e o Filho são um: “Pai santo, guarda-os em teu Nome, o Nome que Me deste, para que eles sejam um, assim como Nós somos um” (Jo 17,11b). Este é um tema querido para são João. O tema sobre a unidade será desenvolvido nos próximos versículos (17,21-24). Certamente esta unidade que deve formar os discípulos entre si é a mesma unidade entre o Pai e Jesus. Ao permanecer nesta unidade os cristãos podem permanecer também na verdade, isto é, na realidade eterna absoluta. Santo Agostinho dizia: “Os que vivem em discórdia não louvam o Senhor. E, portanto, tampouco o Senhor os abençoa. Seus lábios desfiam louvores, mas seus corações o maldizem. Quem abandona a unidade se faz desertor da caridade” (Serm. 88,18,21). O Senhor nos quer fraternalmente unidos pelo amor que procede dele (cf. Jo 15,12). “Guarda-os em Teu Nome”. Aqui “nome” significa pessoa, seu ser, sua presença e seu agir.


“Eles não pertencem ao mundo, como Eu não pertenço ao mundo”. A palavra “mundo” aparece 11 vezes nos vv.11 a 19. Para o evangelista João, como para todo o NT, “mundo”, neste contexto, não se refere a este planeta onde habitamos e sim ao conjunto das três grandes ambições humanas: a ambição inerente à condição humana (concupiscência humana), a ambição dos olhos e a arrogância da fortuna, como afirma o próprio São João na sua primeira Carta: “Porque tudo o que há no mundo — a concupiscência humana, a cobiça dos olhos e a ostentação da riqueza — não vem do Pai, mas do mundo” (1Jo 2,16).  No entanto, os discípulos de Cristo, os cristãos não devem ser puritanos, no sentido de separar-se ou fugir do mundo e sim devem ser puros, no sentido de não deixar-se contaminar pelo ambiente hostil. O cristão deve trabalhar como o fermento: discreto, mas efetivo. É saber-se posicionar como cristão. A presença de um cristão no mundo deve ser uma presença interrogante e profética.


Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo”.  O cristão não é uma pessoa isolada do mundo ou que se afasta do mundo. Sua vocação peculiar e indispensável é estar inserta no mundo onde realizara sua missão profética. Ele é chamado a ser o sal da terra e a luz do mundo (cf. Mt 5,13.14). O mundo é o único cenário onde cada cristão ou cada ser humano decide sua salvação ou sua condenação. A comunidade cristã está no mundo não para se afastar dele e sim para dar testemunho de um caminho de salvação. Este testemunho deve ser verificado em sua opção pelo Deus da vida que se concretiza no serviço aos mais simples e excluídos da sociedade.


Para os presbíteros o que isto significa?  O Concilio Vaticanos II afirma: “Os presbíteros, tirados dentre os homens e constituídos a favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecerem dons e sacrifícios pelos pecados, convivem fraternalmente com os demais homens... Não poderiam ser ministros de Cristo se não fossem testemunhas e dispensadores de uma vida diferente da terrena, e nem poderiam servir aos homens se permanecessem alheios à sua vida e às suas situações” (Presbyterorum Ordinis no.3, sobre o Ministério e a Vida dos presbíteros).


Para os leigos: “Uma vez que é próprio do estado dos leigos viverem no meio do mundo e dos negócios seculares, eles próprios são chamados por Deus a exercerem aí o seu apostolado, à maneira de fermento, com entusiasmo e espírito cristão” (Apostolicam Actuositatem no.2, sobre o Apostolado dos Leigos, do Concilio Vaticano II).


Portanto, Jesus pede ao Pai por nós para que não sejamos perdidos neste mundo, sejamos unidos, tenhamos alegria, sejamos preservados do mal e santificados na verdade. O conteúdo dessa oração serve como guia de nossa vida diária. Negativamente podemos dizer que nós cristão não podemos ser causadores da desunião, da tristeza, do escândalo e da falsidade. Fortalecidos por estes dons do Pai podemos ser enviados para o mundo.


Hoje o Senhor nos reúne em torna do Altar para participarmos de sua Vida e de seu Espírito. Através de sua oração o Senhor nos quer fraternalmente unidos pelo amor que procede dele. O Senhor nos quer não somente fraternalmente unidos, mas Ele quer também que trabalhemos constantemente pela unidade, de tal forma que o amor, que procede dele e que habita em nosso coração, nos faça autênticos construtores de unidade e não de divisão. Ele nos ama e quer que sejamos um só rebanho sob um só Pastor, Jesus Cristo. Santificados pela Palavra de Deus somos enviados ao mundo para santificá-lo e não para destruí-lo.
P. Vitus Gustama,svd

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