quarta-feira, 23 de maio de 2018

25/05/2018
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MATRIMÔNIO NA SUA BELEZA E PROFUNDIDADE
Sexta-Feira da VII Semana Comum


Primeira Leitura: Tg 5,9-12
9 Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está às portas. 10 Irmãos, tomai por modelo de sofrimento e firmeza os profetas, que falaram em nome do Senhor. 11 Reparai que consideramos como bem-aventurados os que perseveraram. Ouvistes falar da perseverança de Jó e conheceis o êxito que o Senhor lhe deu — pois o Senhor é rico em misericórdia e compassivo. 12 Sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outra forma de juramento. Antes, que o vosso sim seja sim, e o vosso não, não. Então não estareis sujeitos a julgamento.


Evangelho: Mc 10,1-12   
Naquele tempo, 1 Jesus foi para o território da Judeia, do outro lado do Jordão. As multidões se reuniram de novo em torno de Jesus. E ele, como de costume, as ensinava. 2 Alguns fari­seus se aproximaram de Jesus. Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher. 3 Jesus perguntou: “O que Moisés vos ordenou?” 4 Os fari­seus responderam: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la”. 5 Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento. 6 No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. 7 Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. 8 Assim, já não são dois, mas uma só carne. 9 Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” 10 Em casa, os discípulos fizeram, novamente, perguntas sobre o mesmo assunto. 11 Jesus respondeu: “Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. 12 E se a mulher se divorciar de seu marido e casar com outro, cometerá adultério”.
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Somos Chamados a Ser Perseverantes No Bem Que Devemos Fazer


Depois de ter se dirigido aos mais ricos, que lemos na Primeira Leitura do dia anterior, agora são Tiago se dirige aos mais pobres que são vítimas dos ricos e que são chamados com afeto “irmãos”. São Tiago os convida à paciência e à constância pondo diante deles o exemplo de tantos profetas e crentes, especialmente Jó, o protótipo bíblico da paciência, que souberam suportar todas as provas da vida confiando-se em Deus: “Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está às portas”. Não se trata precisamente da resignação. A espera, a paciência, a perseverança são virtudes ativas que requerem valentia e dinamismo.


O motivo dessa paciência que são Tiago nos recomenda não é de ordem humana. É um motivo religioso que deveria nos mover a “não nos queixar”: “Eis que o juiz está às portas”. A vinda do Senhor está próxima, às portas. Deus está às portas. A injustiça e a desgraça não triunfarão. É preciso manter-se na paciência e na perseverança.


Seja próximo ou não o retorno de Cristo como Juiz no final dos tempos, todos nós vamos aplicar para nós mesmos a lição de perseverança e de fortaleza diante das dificuldades da vida, inclusive diante das injustiças das quais possamos ser vítimas.


Não devemos nos cansar de fazer o bem, não importa o que acontece ao nosso redor. Também não importa se alguém nos interpreta bem ou não. Fazer o bem sempre é a nossa missão como seguidores de Cristo. Nossa atitude deve ser a fidelidade a Deus quando as coisas vão bem e quando somos objeto de injustiças.


Este não é um convite para parar de lutar por uma vida mais justa para todos. Mas às vezes nós levamos as coisas pessoalmente e perdemos a paz. Deus nos vê, nos conhece, conhece nossas dificuldades. Deus não nos esquecerá jamais, como Ele não se esqueceu de Jó nas suas dificuldades.


O autor do Salmo Responsorial de hoje (Sl 102/103) nos convida solenemente para o louvor pela misericórdia de Deus e pelo seu amor infinito que levam Deus a nos perdoar e nos cobrir de bens. Além disso, somos convidados a fazer nosso louvor a Deus porque Deus se preocupa com os oprimidos, aos quais Ele defende e liberta: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores! Pois ele te perdoa toda a culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão. O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo. Não fica sempre repetindo as suas queixas, nem guarda eternamente o seu rancor. Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes”.


O salmista sugere que além de trabalharmos para que haja mais justiça no mundo, devamos conservar a paz interior e confiar em Deus, pois tudo de bom ou de ruim sai de nosso interior.


Viver Em Harmonia Com Deus Se Reflete Também Na Harmonia Matrimonial


O texto do evangelho deste dia nos apresenta a discussão sobre o matrimônio entre Jesus e os fariseus. O foco da discussão é o divórcio. A doutrina do evangelista Marcos é bem clara: o casamento não é somente um contrato entre o homem (marido) e a mulher (esposa), mas ele engaja a vontade de Deus. A vontade dos esposos (em contrair o matrimônio) não é suficiente para explicar o casamento e sua unidade, mas a vontade de Deus é parte integrante: “Desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!”.  Consequentemente, o divorcio não é apenas uma injustiça em relação ao cônjuge humano abandonado, mas também uma injustiça em relação ao próprio Deus que quer sempre a comunhão.


“É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher?”. É a pergunta de alguns fariseus a Jesus com o intuito de apanhá-lo. Jesus seria acusado de traidor às exigências da Lei, se respondesse “não”, e poderia estar em contradição com sua pregação e com suas obras de caridade caso respondesse “sim”. O resultado seria o mesmo: desacreditar Jesus.


Jesus percebeu a maldade dos fariseus, mas não reagiu de maneira violenta. Jesus não discutiu. Ao contrário, Jesus se argumentou ao retroceder até as origens: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento. No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!”


Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento”. Como conseqüência de um coração duro e insensível é a desobediência contínua às diretivas divinas. Um coração duro e insensível provoca a desordem nas relações humanas. 


O que Deus uniu, o homem não separe!”. Ater-se somente à lei e às regras é esquecer o impulso da vida. Jesus quer que o ser humano se aproxime da ambição de Deus: o amor é mais exigente do que qualquer lei.


“Desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne”. Para conhecer a grande intuição de Deus é preciso retroceder aos começos, às origens, ao princípio, quando, por ternura, Deus tirou da terra o homem e a mulher e soprou neles Seu hálito para que eles correspondessem ao Seu amor. Para Deus, amar foi em primeiro lugar falar nossa linguagem. Para Deus amar é manter a única palavra que nós podemos entender. Todos entendem a linguagem de amor. Amor é a única palavra que Deus quer manter para o homem e a mulher e quer, ao mesmo tempo, que o homem e a mulher permaneçam no amor. Quando há amor, tudo tem jeito. Regressar às nossas origens para descobrir a regra ou o princípio de nossa vida é voltar a descobrir que necessitamos falar a linguagem do Outro: de Deus. E a linguagem que Deus usa é amor.


Para Deus amar também significa fazer-se vulnerável. Ele não permaneceu no céu de Sua indiferença. Deus “se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Regressar às nossas origens para voltar a descobrirmos a regra ou o princípio de nossa vida é fazer-nos vulneráveis. Quem ama, aceita desejar, esperar, pedir e sofrer.


Para Deus, amar foi também crer e esperar. Deus nos deixou livres e não se arrependeu pela liberdade que nos foi dada. Regressar às nossas origens para descobrir a regra ou o princípio de nossa vida é voltar a aprendermos a viver na esperança. O amor é fecundo, suscita e ressuscita, perdoa e reconcilia. O amor espera com o outro na esperança, pois Deus nos espera no amor e por amor.


Não separe o homem o que Deus uniu”, diz Jesus. Romper um vínculo selado por Deus é ir contra Deus. Deus chama à comunhão. Toda ruptura de comunhão significa estar contra o Deus-Comunhão. Os discípulos, os cristãos devem buscar sempre uma vida que reflete esta comunhão com Cristo e com o Pai, e por este mistério de comunhão é inconcebível falar de desunião, de divórcios, de divisão entre os cristãos. Todos os cristãos devem ser testemunhas de comunhão e não de ruptura.


O matrimônio é sacramento por ser imagem mais perfeita do que Deus é e do que é a vida segundo Deus. Na relação entre um homem e uma mulher descobrimos e experimentamos que Deus é encontro, dom, participação e amor. O casal humano é chamado por Deus a tornar-se o primeiro lugar de encarnação deste movimento de amor. O amor humano, sob todas as suas formas, não nasceu dos acasos da evolução biológica. É dom de Deus (cf. 1Jo 4,19). Quando os homens recusarem este dom, impedirão Deus de imprimir neles a sua imagem.


As pessoas se casam para formar uma família onde cada membro é preparado para entrar na sociedade maior. A família é o ambiente em que cada um aprende a dar e a receber o amor, a sacrificar pelo outro, a ser solidário com o outro, a carregar juntos o fardo que se encontra na caminhada, a perdoar mutuamente pelas ofensas que muitas vezes são frutos não da maldade, mas das limitações naquele momento em que elas ocorreram. A linguagem da fé de cada cristão se aprende no lar. A fé e a ética cristã se aprendem no lar que vão marcar a vida de cada membro para o resto da vida. Nenhum de nós adquiriu por si só os conhecimentos básicos para a vida senão através da família. No inicio da vida cada um recebe da família, a vida e as verdades básicas para viver uma vida sadia pessoal, social e comunitariamente.


Que em cada Eucaristia ou em cada celebração litúrgica seja fortalecido o amor dos casais presentes, o amor que eles consagraram um para o outro no dia de seu casamento. O casamento indissolúvel é um grito para todas as pessoas ao redor que existe o amor. É o mesmo que dizer: Deus existe, pois ele é Amor (1Jo 4,8.16).
P. Vitus Gustama,svd

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